quinta-feira, 18 de setembro de 2008

OS DUAS CARAS DO BRASIL



Definitivamente não consigo entender por qual motivo alguns de nossos jornalistas são tão duas caras.

Esta manhã escuto alguém entrevistar o Luiz Carlos Mendonça de Barros. Ele estava defendendo a "estatização" do prejuízo pela quebradeira do Lehman Bros, e das empresas imobiliárias americanas.

Bem, a opinião de Mendonça é muito importante, realmente. E valiosa. Convém ler sua biografia à frente do BNDS pra saber porquê. Hoje ele acha bonita a estatização à americana. No passado, com exceção do PROER, não achou nada bonito tirar empresas brasileiras gigantescas da lama. Achou melhor vendê-las a preços baixos para seus amigos no exterior.

Bem, esses tais jornalistas que apoiam essa estatização do prejuízo pelo governo estadunidense são exatamente os mesmos que não defendem nenhum tipo de estatização aqui. Ou pelo menos, não defendem em quase nenhum caso.


Naturalmente há exceções porque ninguém é de ferro. E as exceções são algumas de suas empresas "queridinhas".

Coisa de compadres, se é que me entendem...


Ora, quem entende de macroeconomia sabe que o governo americano tá certo. Se não socializar o prejuízo, haverá muito mais prejuízo para todos.

Isso é sabido desde que o dinheiro foi inventado.

(pena que não se lembrem de socializar os lucros, também)

Mas minha birra não é com os americanos. É com os brasileiros que pensam que moram em Manhattan (Renato Machado, Mirian Leitão, et caterva), mas não moram. Querem porque querem transformar o Brasil nos EUA, sem os ônus de serem americanos. Quando vem a "responsa", correm de medo debaixo da saia de quem os pode proteger.

Ora, não é livre mercado? Se é livre mercado, que deixe quebrar. Ou só é livre para quando os outros estão indo buraco abaixo?

"Risco inerente ao negócio" diriam os juristas. Caros jornalistas. Risco inerente ao negócio. Leiam as entrelinhas...

Agora, se o governo deve intervir pra impedir uma Vale de ser surrupiada, porque não pode? Porque era mal administrada? Ah, tá... então a Vale tinha que vender. A Petrobrás tinha que vender.

Convém lembrar que quase virou Petrobrax nas mãos de FHC que queria até mudar o nome para ser atrativa mundialmente. Inacreditável como alguém pode ser tão vendido (literalmente).

Mas as empresas Lehman Bros, Fannie Mae e Freddie Mac tem que estatizar. Senão há "risco sistêmico"

Decidam-se caros colegas. Ou vão para um lado, ou para o outro. Não sejam tão vassalos que pega mal e tem gente que repara...





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2 comentários:

  1. Muito bom o texto. Não sei se vocẽ costuma frequentar o blog Entrelinhas. É de um jornalista político aqui de São Paulo. o nome dele é Luiz Antonio Magalhães. Neste blog tem um texto muito bom de um comentário dele à uma fala da ministra Dilma Rousseff, que diz que o liberalismo nunca existiu. E é a mais pura verdade. Quando a coisa aperta pra valer, o Estado entre com sua mão de ferro e intervém, e tem que intervir mesmo. Mas então não me vem com liberalismo fajuto. O que existe é o Neo-liberalismo.

    Abraços.

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  2. Corretíssimo, Bruno! Coberto de razão!

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