terça-feira, 18 de novembro de 2008
PALAVRAS SOBRE A CÚPULA*
* tradução livre do original em Political Affairs
"Bush pareceu feliz em ter Lula sentado ao seu lado direito no jantar da sexta. E do outro lado, Hu Jintao, quem ele respeita pelo enorme marcado em seu país, a capacidade de produzir bens de consumo a custos baixos e o volume das reservas em dólares e títulos.
Medvedev, quem ele ofende com o tratado de alocação de radares estratégicos e mísseis perto de Moscou, estava sentado meio distante do anfitrião da Casa Branca (...).
Sarkozy, meio desapontado com a presente arquitetura da ordem financeira, estava longe dele, olhando desgostoso.
O presidente espanhol Zapatero, uma vítima do resentimento pessoal de Bush no conclave de Washington, eu quase nao consegui ver nas imagens do jantar.
Esses eram os assentos no jantar. Qualquer um pensaria que no dia seguinte haveria profundos debates.
No sábado de manhã, haveria uma análise sobre a crise e as ações a serem tomadas. Mas antes, a "foto de família", como disse Bush (...)
O fato é que a declaração final do encontro foi planejada previamente por conselheiros econômicos, muito alinhados com as idéias neoliberais, enquanto Bush em seus discursos clamava por mais poder e mais recursos para o Banco Mundial e outras instituições sobre o estrito controle dos Estados Unidos e aliados próximos.
Esse país ofereceu 700 bilhões de dólares pra bancos e multinacionais. A Europa ofereceu o mesmo ou ainda mais, O Japão ofereceu 100 bilhões. No caso da República Popular da China, que desenvolve crescentes e convenientes relações com a América Latina, eles esperam outra contribuição de 100 bilhões de suas reservas. (...)
Bush estava realmente eufórico na medida em que falava. Ele usava frases demagógicas que espelhavam aquela que seria a declaração final.
Ele disse: "A primeira decisão que eu tive que tomar era vir ao encontro. E obviamente eu decidí que deviamos ter o G20 ao invés do G8 ou G13. Mas uma vez que você toma a decisão de ter o G20 então a questão fundamental é, com essas nações de 6 continentes diferentes, representando diferentes estágios de desevolvimento econômico, se seria possível chegar a acordos, e não somente acordos, mas sim, acordos substantivos. E eu estou feliz em dizer que a resposta a esta questão é, absolutamente sim.
Os EUA tomaram medidas extraordinárias. Aqueles que seguem a minha carreira sabem que eu sou uma pessoa do livre mercado. Até que fosse dito que se você não toma as medidas necessárias, então era provável que nosso país entrasse numa depressão maior que a Grande Depressão"
" Todos nós entendemos a necessidade de trabalhar em medidas pró-crescimento"
"A transparência é muito importante para que os investidores e reguladores sejam capazes de saber a verdade" (...)
Somente uma frase de quatro palavras no longo documento falava da necessidade de "enfrentar as mudanças climáticas"
As declarações refletem as demandas dos países se encontrarem novamente em abril de 2009, no Reino Unido, Japão ou qualquer outro país que tenha os requisitos necessários (ninguém sabe quais) para examinar a situação das finanças mundiais, sonhando que a crise ciclica com suas consequências dramáticas, nunca aconteça de novo.
Agora é a hora dos teóricos de esquerda e de direta oferecerem sua apaixonada ou desapaixonada visão sobre o documento.
Do meu ponto de vista, os privilégios do império sequer foram tocados. Tendo a paciência necessária de lê-lo completamente, se pode ver que simplesmente é um crente apelo para a ética da nação mais poderosa do mundo, tanto militar quanto tecnologicamente. Em tempos de globalização econômica, é como implorar para o Lobo Mau não comer a Chapéuzinho Vermelho."
Fidel Castro Ruz
16 de novembro de 2008
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