quinta-feira, 27 de novembro de 2008

CONCESSÕES DE TV: PORQUE NÃO VAI DAR EM NADA


O Renan me pergunta por qual razão não acredito que essa "olhada" sobre as concessões às TVs redunde em alguma coisa concreta.


Minha descrença vem pelo simples fato de que é um lobby poderosíssimo a ser enfrentado. Para que uma concessão seja suspensa ou cassada, depende da vontade dos congressistas. Alguém realmente imagina que teríamos votos suficientes para cassar a concessão da Globo, por exemplo? Por mais que o Executivo quisesse, não conseguiria arregimentar apoio para isso nem com reza braba!

Ademais, a mídia age sempre em bloco. Os poderosos são unidos, os pobres não são. Se um deles estivesse em perigo, todos sairiam em seu auxílio. O Estado seria chamado de nazista, no mínimo! E com isso, receio que o povo pobre concordaria. E concordaria porque ele pensa em seu íntimo que o jornalismo até pode manipular, mas com as novelas tá tudo bem, afinal, é seu único "prazer" na vida. Ele também não vê problema no Vídeo Show nem no Programa Silvio Santos, nem no Faustão ou no Gugu.

Na cabeça do cidadão comum (e nisso entra a classe-média e o pobre), televisão, em geral, está OK. 99% por cento das pessoas do planeta (infelizmente não se trata de um exclusividade brasileira)não encaram a mídia como algo completamente parcial ou manipulador. As pessoas de modo geral, acham que isso se dá pontualmente, em casos isolados. Elas não acham que a mídia toda está comprometida. O brasileiro comum não vê a coisa desse modo.

E também sendo mais direto, olhemos nossa "letrada" e "inteligente" classe-média que lê e acredita na Veja. Ela ficaria escandalizada com uma coisa dessas. Pegaria seus utensílios de cozinha e sairia nas ruas fazendo "panelaço"..

Para quem bovinamente acompanha o JN, compra as revistas da Editora Abril e assina a Folha de S. Paulo, o Brasil já não presta hoje, imagine colocando em xeque todos aqueles que falam exatamente o que essa gente preconceituosa pensa.

Ora, quantas vezes eu já ouvi na rua que em verdade, "não somos racistas" como apregoou Ali Kamel? Naturalmente não se tratava de um negro pobre falando. Se tratava de pessoas de uma classe-média branca, hipócrita e manipulada.

E se por um lado essa classe-média não influencia mais de maneira definitiva o voto dos pobres, por outro, ainda exerce poder sobre o padrão de vida que ele gostaria de ter.

É um ciclo vicioso. O fato é que de maneira abrangente, a grande maioria das pessoas não se incomoda com a qualidade da mídia. Não vê suas atitudes através da "teoria da conspiração".

Ademais, como já mencionei em outras situações, não temos aqui o mesmo perfil de população que tem a Venezuela, por exemplo. Realmente não creio que tivessemos apoio popular para uma investida contra essa gente poderosissima.

Isso não quer dizer que eu não concorde com as audiências na Câmara. Claro, é sempre um começo. Concordo e apoio. Apenas sou descrente nesse sentido. Mas se me pedirem, eu assino em baixo!

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