segunda-feira, 1 de junho de 2009

EL SALVADOR

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Interessante nota sobre a visita de Lula a El Salvador para a ocasião da posse do novo Presidente do País. Uma breve olhada nos anais da política internacional dos anos 80 mostra esse país como um dos que mais sofreram na mão dos Estados Unidos, notadamente durante a era Reagan. Era lá que eram treinados os contra-revolucionários e os mercenários pagos pelo governo de Washington para derrubar o líder Nicaraguense Daniel Ortega. Coisa que aliás, conseguiram. Mas hoje Ortega é novamente Presidente.

A partir da base americana em sua embaixada em San Salvador, para comandar o massacre estadunidense em TODOS os países pobres do continente, não se exitava em lançar mão de assassinatos de líderes camponeses, padres católicos, mulheres e crianças. Tudo claro, sob a conivência dos líderes salvadorenhos da época, que entregavam de bom grado todas as riquezas de seu país às grandes multinacionais ianques e recebiam em troca polpudas gratificações.

As maiores empresas favorecidas naquele tempo eram as indústrias de alimentos e sucos, com a United Fruit capitaneando. Praticamente TODAS as terras agriculturáveis dos países da região pertenciam às mesmas empreas norte-americanas, e eram protegidas pelos exércitos nacionais, sob a tutela do Tio Sam.

O povo, naturalmente, quando sobrevivia aos assassinatos no meio da noite, morria na miséria ou de doenças tropicais básicas.

Bons dizeres a respeito podem ser obtidos pela leitura do livro Piratas e Imperadores, de Noam Chomsky. Ele dá uma boa demonstração (recheado de provas da própria imprensa alienada) de como os EUA foram "gentís" com a região.

Vejamos a matéria da BBC Brasil:

" O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assiste nesta segunda-feira à cerimônia de posse de Maurício Funes na capital de El Salvador, San Salvador, onde chegou na noite de domingo. Funes, um jornalista de 49 anos que ingressou há dois anos no ex-grupo guerrilheiro convertido em partido político Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), será o primeiro líder de esquerda a assumir o poder em El Salvador.

O principal nome por trás da campanha do salvadorenho foi o marqueteiro João Santana, que trabalhou na campanha de reeleição de Lula. A campanha de Funes contou com o envolvimento de cerca de 20 profissionais brasileiros e utilizou símbolos como a estrela vermelha semelhante à do Partido dos Trabalhadores (PT). O salvadorenho esteve no Brasil mais de uma vez durante a disputa presidencial e assim que conquistou a presidência salvadorenha embarcou para Brasília, onde se encontrou com presidente Lula e apontou o brasileiro como sendo a sua principal referência política.

No ano passado, Lula esteve em El Salvador, em uma visita oficial, e deu uma entrevista coletiva ao lado de Funes, que então era apenas um candidato, causando mal estar entre representantes do governo do direitista Elías Antonio Saca González, segundo a imprensa salvadorenha. Primeira-dama paulistana A nova primeira-dama de El Salvador, a advogada paulistana Vanda Pignato, que será a titular da Secretária de Inclusão Social - cargo determinado para as esposas de presidentes pela Constituição salvadorenha - ingressou no PT no período de formação da legenda, nos anos 80, e exerceu o posto de representante do partido na América Central, desde que se mudou para El Salvador, em 1992.
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Durante a disputa presidencial, Rodrigo Ávila, o candidato do partido governista Aliança Republicana Nacionalista (mais conhecido pela sigla Arena), acusou a Funes de estar ligado ao venezuelano Hugo Chávez e de que sua vitória representaria a adoção de um modelo de governo semelhante ao da Venezuela. "Eles fizeram uma aposta, mas foi uma aposta equivocada. Ao tentar associar Funes a Chávez, ele respondeu procurando se associar a Lula, e venceu a disputa'', comenta o jornalista salvadorenho Carlos Dáda, editor do portal de notícias eletrônico El Faro.

Salvadorenhos ouvidos pela BBC Brasil nas ruas da capital do país se disseram satisfeitos com a associação entre o novo presidente e o líder brasileiro. O arquiteto José Luís Cruz, de 28 anos, conta não ter votado em Funes, por julgar que ele "não era o melhor para a minha carreira", mas diz que o novo líder "me parece alguém muito racional e me deixa relaxado o fato de ele buscar inspiração em Lula da Silva, que é uma pessoa de esquerda moderada, não de esquerda extrema''. "Não sou contra o capitalismo ou contra o socialismo. A eleição de Funes pode ser um meio termo entre os dois sistemas", acrescenta. "Me tranquiliza que Funes busque o presidente brasileiro como um aliado, que tenha Lula como modelo, mas me preocupa quando ele busca se aproximar de Chávez e de Cuba, porque são modelos que já demonstraram que não oferecem nada'', disse o consultor de informática Vinícius Valencia, de 36 anos.
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Desde os anos 80, diferentes governos americanos vinham destinando fundos aos governos direitistas que dominaram o país centro-americano por duas décadas e até mesmo aos grupos paramilitares que atuavam no país travando uma guerra subterrânea contra a guerrilha esquerdista. Como prova da importância que destinavam à região, os Estados Unidos construíram na época em San Salvador uma gigantesca embaixada - uma das maiores representações diplomáticas do país em todo o mundo. Os americanos temiam que o país seguisse o rumo de Cuba, que instaurou um regime socialista em 1959, ou da Nicarágua, onde os guerrilheiros de esquerda da Frente Sandisita de Libertação Nacional conquistaram o poder em 1979. Um exemplo de que os americanos parecem tentar recuperar o terreno perdido é o de que o país irá prestigiar a posse do novo líder salvadorenho munido de uma delegação de alto nível, encabeçada pela secretária de Estado Hillary Clinton, que chegou a San Salvador no domingo. A delegação conta ainda com Thomas Shannon, que ainda exerce o posto de secretário-assistente para Assuntos do Hemisfério Ocidental, mas que recentemente foi indicado para ser o novo embaixador americano em Brasília, e de Dan Restrepo, diretor de Assuntos do Hemisfério Ocidental do Conselho de Segurança Nacional. "É um sinal de que eles estão dando importância à eleição de Funes. No passado, teriam enviado apenas nomes secundários. Eu não duvidaria de que os americanos estão, inclusive, agindo de comum acordo com o Brasil, porque tanto um quanto outro querem anular a influência que Chávez pode vir a ter em El Salvador'', afirma Carlos Dáda.

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