CURITIBA DOS 21 ASSASSINATOS: FAROESTE URBANO

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21 assassinatos no final de semana em Curitiba.

Já há algum tempo o mundo perdeu a noção de civilidade. O linguista Eric Hobsbawn em seu livro A Era dos Extremos explica que hoje, apesar de não parecer, somos tão ou mais carniceiros do que eramos 500 anos atrás. Antes o humano parecia selvagem porque empalava alguém em praça pública e as guerras pareciam ser mais crudentas.

Mas isso é só impressão. Hoje pode não ser tão comum o empalamento, mas é comum o latrocínio, o extermínio, o genocídio. É comum a guerrilha urbana que divide o mundo em dois. Os bandidos e o povo comum. Parecemos mais civilizados mas na verdade, somos apenas mais hipócritas. Ou mais cegos.

Ao ler a página policial de um dos jornais mais vistos da região de Curitiba, notamos como faz falta a existência do Estado. Os liberais preconizam que tudo se resolve pela mão invisível do mercado. Nós sustentamos que nada se resolve porque o tal mercado só tem olhos para aquilo que lhe interessa. Em outras palavras, só tem olhos para o que lhe dá lucro. E óbvio, educação e segurança não dão lucro no momento em que são prestados de graça pelo Estado. Assim, ele se ausenta de suas tarefas básicas para deixar o caminho aberto para os abutres.

A capital do Paraná é um dos maiores exemplos disso no Brasil. De cidade modelo passou em pouco mais de uma década, a ser conhecida como lugar perigoso, de favelas impenetráveis pela polícia, e de cracolândias promissoras. Uma polícia mal paga e desvalorizada abre espaço não só para os assassinos e ladrões, mas também para os corruptores do poder público. Aquele bacanão que mora no prédio de luxo, dirige carro de 200 mil reais e arromba, com a cumplicidade dos donos do poder, os cofres públicos. Esvazia a verba que iria pra escola, para a segurança e para o hospital.

E o político safado que com tudo concorda, não liga a com b. Ele pouco se incomoda se o povo agoniza na fila do hospital, ou se as escolas públicas viram celeiros de bandidos. O político safado vai privatizando hospitais, fechando escolas de capacitação de professores, subindo as tarifas públicas e dificultando a todo custo, que a parcela mais pobre da população seja de uma vez por todas, acholhida no meio social. O político safado, normalmente eleito pelo voto, vive na televisão contando lorota. A mídia é seu habitat natural, é onde ele procria, onde ele se dissemina. Naturalmente ele devolve o favor logo em seguida, com gordas verbas publicitárias e benefícios para os amigos dos amigos.

É o preço que pagamos pelo voto inconsciente, por acreditarmos demais na imprensa que só denuncia os que são inimigos. Dos amigos, só se for inevitável e mesmo assim, darão um viés de crime pouco lesivo.

Deitado em berço esplêndido, nosso querido eleitor de Curitiba (e das outras Curitibas espalhadas pelo Brasil) vai sendo enganado a cada dia que passa. Mas ele não consegue ver que está sendo fantasticamente ludibriado até o dia em que não há mais nada a fazer, senão chorar.

Enquanto isso, os donos do poder vão fazendo seus leilões de espaços públicos. A cidade vira um canteiro de obras, prédios imensos tomam o lugar de onde antes havia uma comunidade, uma vida, uma vizinhança de pessoas que se conheciam.

Alguns anos atrás, num desses jornaizinhos de bairro, ví estampada a seguinte manchete "Bairro Alto tem seu primeiro sinaleiro". Era uma matéria comemorativa. Pobre do cidadão que festeja um semáforo como se fosse sinal de progresso.

Ao povo é necessário a compreensão de que não é vantajoso um Estado ausente do mesmo jeito que não é vantajoso a Petrobrás subir os combustíveis só para dar lucro aos acionistas*. Como já dizia a banda Skank, se o país não pode ser pra cada um, pode estar certo que não vai ser pra nenhum.

*Mirian Leitão e os entreguistas do Bom Dia Brasil são exemplo da imprensa bandidona, que espalham todo santo dia o trololó de que o mercado é o senhor de tudo. Ela já defendeu vorazmente que o governo parasse com essa besteira de gasolina subsidiada, porque o acionista da Petrobrás precisa ter lucro. Dane-se o resto do povo se o feijão  vai custar mais caro por causa do transporte que também encareceu. O importante é favorecer quem lhe paga o salário e dá ordens.

Clique aqui para ver o que o povo acha das marchas contra a corrupção.

Clique aqui para saber se o tucano Richa vai explicar suas conversas com Cachoeira.

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Clique aqui para ver como o neotucano de Curitiba mostra a maneira de queimar dinheiro público. 

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