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Nem tudo está perdido para você, eleitor, que adora morar numa ilha da fantasia.
Sabe aquelas situações incômodas de ouvir o povo reclamando do congestionamento? Pois bem, através da mais brilhante engenharia semântica disponível no mercado, o cidadão curitibano terá o prazer de vivenciar um lugar absolutamente livre dessas verdades inconvenientes.
Pois como é sabido, diversas são as rádios que dão o boletim de tráfego. Boa parte desses boletins são expedidos por órgãos públicos municipais com a competência de alertar o cidadão para não entrar em roubada. O problema é que, ouvindo o rádio, você fica com a impressão (verdadeira) de que tudo está sempre congestionado. Notadamente em Curitiba, as cercanias da Lesma Verde, ela própria, e diversas ruas e avenidas que são canos de escoamento do fluxo da cidade.
E qual foi a solução encontrada pelos tais órgãos pra você não ficar com a pulga atrás da orelha?
Obras viáveis? Retirada de semáforos e a implantação de trincheiras? Alargamento de ruas? Diminuição de calçadas com dez metros de largura sobre as quais não passa gente suficiente para encher um elevador?
Não, claro que não!
A solução foi, nos boletins, dizer que o trânsito está "normal para o momento". Sim, normal para o momento. E o momento em questão é o quê? É congestionado, mas você não precisa saber disso. Quando ouve a palavrinha "normal", é bem capaz e possível que você entenda que o trânsito está fluente.
Mas esperar isso de órgãos públicos em época de eleição não me surpreende. Até as multas têm diminuído nesse período na capital do Estado. O que me chateia é ter que ouvir da boca de jornalistas que se dizem informados e formadores de opinião. E não foi uma, não foram duas vezes. Ninguém questiona a notícia que está dando, nem o que é o tal "normal para o momento".
Viva Curitiba!
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