quinta-feira, 13 de novembro de 2008
OLAVO E A IGLA
Eu fico imaginando o que leva certas pessoas a pensar em certas bobagens.
O "filósofo*" Olavo de Carvalho assim escreveu em seu blog:
"Quando um candidato se acumplicia à fraude montada contra ele próprio, seu destino eleitoral está selado. José Serra e Geraldo Alckmin acreditaram que podiam vencer Lula nas eleições após tê-lo ajudado a esconder suas ligações com os terroristas e narcotraficantes do Foro de São Paulo. Bobagem. Perderam feio. John McCain acreditou que podia derrotar Barack Obama nas urnas após tê-lo ajudado a ocultar praticamente toda a sua biografia – a mais prodigiosa carreira de fraudes e mentiras que já se viu na política americana (...)"
Nem vou entrar no mérito, sobre de onde ele tirou os tais narcoterroristas, mas a fonte deve ser a mesma que usou para falar que o passado de Obama é vergonhoso, uma "farsa". Um sitezinho chamado WorldNetDaily foi a inspiração para Carvalho, que certamente, só acredita naquilo que lhe convém. Neste site, relatando "o que você não sabe sobre Obama", encontramos as "fraudes e mentiras" piamente assimiladas por Olavo.
Elas são coisas do tipo, ter conversado com um muçulmano não sei quantos anos atrás, ter trocado idéias com um comunista, ter recebido conselhos de um palestino e ter recebido doações de campanha de fulano, cicrano e beltrano.
Bem, no meu modo de ver, eu acho que Obama devia até se orgulhar de ser tão plural. Mas naturalmente não podemos exigir pensamentos democráticos de pessoas com a verve e o pensamento de Olavo.
Seria bobagem e desperdício de tempo.
Estou fazendo um esforço pra imaginar como é a vida dentro de um cérebro como o desse senhor. Será que ele vai dormir no bunker, com medo de um ataque comunista, como fizeram tantos de seus correlatos desintelectualizados dos anos 50 e 60?
Não deve ser horrível ser assim, tão limitado?
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* Acho fantástico o verbete "filósofo" estampado em páginas de jornais e assimilados, hoje em dia. Quando eu era moleque, tinha comigo que filósofo era um grande pensador, um cara acima da média. Se alguém me chamasse de filósofo, eu ficaria super feliz porque pensava que aquela pessoa me considerava muito inteligente, hours concours.
Mas hoje vejo que não é assim. Filósofo é só o cara que fez faculdade de Filosofia. Tanto pode ser um cidadão excepcional como pode ser um matador de aula de primeira, que passava todo o tempo no boteco da esquina jogando truco ou batendo uma sinuquinha. Pode ser o cara que colava em todas as provas e escolheu esse curso porque não conseguiu passar em medicina numa faculdade concorrida, ou pode ser um pensador nato.
É tipo chamar algumas mocinhas que aparecem na televisão de "modelos". Falam isso porque fica chato usar a outra palavra, aquela que realmente espelha a profissão das garotas.
Na faculdade, tive uma ótima professora de Filosofia. Vou levar comigo por muitas décadas as boas idéias iluminadas da Dra. Iglair.
Acho que ela nunca se prestaria à humilhação de escrever tanta bobagem em jornais ou na internet, em troca de um punhado de reais. A "Igla" é uma filósofa como eu imaginava na infância.
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Hors concours, do francês "fora de competição.
ResponderExcluirNão tenho nenhuma crítica ou consideração a fazer sobre o conteúdo do blog, que acho muito interessante. Porém, acho importante questionar o autor: desde quando fazer medicina em uma faculdade concorrida é sinônimo de inteligência? Diria que tal ação é muito mais condizente à pseudo-elite brasileira com sua sanha por galgar os escalões da vida a qualquer custo.
Pessoas inteligentes são inteligentes não importa qual curso fazem, ou fizeram, ou o modo como fizeram tais cursos. Aposto que um físico ou engenheiro mediano são muito mais inteligente, na média, que os médicos mercenários do Brasil.