sexta-feira, 15 de julho de 2011

A CIDADE DE MENTIRA

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Se você é um cidadão comum, que trabalha em algum lugar, e tem compromisso com horário, responda a seguinte pergunta. O que você prefere. um sedã nacional, zero quilômetro e razoavelmente confortável mas que demore 50% a mais do tempo para te levar ao serviço, ou um mesmo sedã nacional, um pouco mais velho, também razoavelmente confortável, mas que faça o mesmo percurso no tempo necessário?

A resposta da maioria das pessoas seria o óbvio. A maioria prefere mesmo, o carro praticamente igual em termos de conforto e segurança, alguns anos mais velho, mas que cumprisse sua função a contento. Ou seja, que levasse ao trabalho economizando tempo e claro, dinheiro, já que um está invariavelmente ligado ao outro.

Agora adapte a mesma lógica ao transporte coletivo. Existe uma mítica na administração pública moderna, especialmente em algumas cidades do país, que é a do "comprar, comprar, comprar". O administrador quer seduzir seu povo do mesmo modo que os portugueses seduziam os indígenas na época do "descobrimento". Entregando espelhinhos reluzentes, que de valor efetivo, tinham muito pouca coisa.

Ora, claro que é importante para uma cidade poder contar com ônibus novos em sua frota. Mas será que tratar isso como se fosse a revolução industrial não é chamar o pagador de impostos de idiota?

Ou será mesmo que o transporte coletivo de Curitiba está assim tão bom, é assim tão de vanguarda que pode se dar ao luxo de meramente comprar ônibus novos ao invés de quem sabe, aumentar as linhas ou propor soluções efetivas de mobilidade?

Porque não é nada disso que se vê na prática. Curitiba é um lugar que se jacta de ser a vanguarda no transporte público de pessoas já há algumas décadas, quando na verdade, não passa de mais um mito. Hoje, depender de coletivos públicos para a locomoção na capital do Paraná é tão ruim quanto a mesma necessidade na maioria dos outros lugares.

O ponto é que o povo está começando a se dar conta que essa história não passa de um trololó para conseguir reeleições, uma atrás da outra. A história do metrô por exemplo, data de muito tempo, mas iniciou sua ladainha midiática na gestão (?) de Cássio Taniguchi, no século passado. A administração jogava na imprensa projetos futuristas que, mesmo sabendo que jamais seriam realizados, eram tratados como a panacéia. Curiosamente sempre perto das eleições centenas de obras eram realizadas, a cidade virava um inferno, sempre na intenção de passar a impressão que daquela vez, o negócio ia decolar.

E não decolava, por óbvio. Como nunca decolou. Curitiba não tem recursos nem possibilidades reais de construir um metrô, conforme a propaganda oficial insiste em nos fazer crer.

Haveria sim, diversas outras opções a serem levadas ao cabo. Opções realistas e seguramente, mais baratas. Porém, a administração permanece imbecilizando o cidadão e impedindo a discussão honesta sobre o que realmente o cidadão precisa.

O povo se transformou no provedor de um balcão de negócios operado fantasticamente, balcão este que o obriga permanentemente a usar seus impostos para comprar, comprar, comprar, enquanto a qualidade de vida cai em ritmo alucinado. 

Será mesmo que estamos assim tão bem que não precisamos discutir seriamente nenhum problema da cidade?

Ou será que estamos sendo enganados e vivemos numa cidade que se transformou em uma obra de ficção?

Clique aqui para ver que tem gente que gostaria de implantar o pedágio urbano em Curitiba.
Clique aqui para ver o pastelão insosso de Azevedo, o poodle da Veja e dos ricos.
Clique aqui para ver a Folha censurando blog.
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