quinta-feira, 26 de julho de 2012

PACIÊNCIA SEM FIM

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Este indigitado escriba vem tentando entender, sem muito sucesso, até onde vai a paciência do cidadão curitibano com aquilo que vê e passa todo santo dia em sua cidade.

É algo de brutal. Obras que não terminam nunca, prioridades estranhas (retirar um asfalto bom pra colocar outro no lugar), horários de realização que só complicam a vida do povo (podar árvores em pleno horário de pico), fazem crer que o poder público não se interesse verdadeiramente em cumprir seu papel social. Se interessa em, primeiro, passar uma imagem para o eleitor. Segundo, colocar muita grana no bolso das empreiteiras.

Não necessariamente nessa ordem.

Porque veja, caro leitor. Não é muito estranho que as obras em Curitiba não terminem jamais? A Lesma Verde é algo que se estende há oito anos. Não está nem na metade. O perímetro urbano da cidade toda está inteiro esburacado, quase levando a imaginar que é algo proposital. É meramente abrir um buraco para alguém tampar. Semáforos pipocam loucamente por Curitiba, congestionando cada dia mais um já combalido tráfego, fazendo com que em números proporcionais, a Capital do Estado tenha conseguido o recorde incrível de ser mais lenta do que São Paulo.

Nos bairros, obras que arrancam fora a zona de estacionamento para, alegadamente, dar fluxo ao tráfego e priorizar um suposto pedestre que não existirá, vez que estão matando todos os comércios das ruas. Se o cara não pode parar de carro, não entra na loja. Se não entra na loja, não tem emprego, Se não tem emprego, não tem pedestre porque não tem ninguém pra comprar nem pra vender. E não se engane imaginando que é possível ir e vir de ônibus nos bairros. Isso é uma ficção. Um dia foi possível, quando Curitiba era modelo de um monte de coisas. Hoje experimente não ter um carro para você ver se conseguirá estar adequadamente atendido em termos de mobilidade.

A foto acima é de uma das intermináveis obras no eixo central da cidade. Uma daquelas obras que ninguém conseguiu verdadeiramente entender para quê serve. Parecia tudo bem, mas de repente escavaram tudo, jogaram manilhas nas ruas e interditaram o trânsito. Agora, atravessar uma única quadra leva 15 minutos de automóvel. Não teria problema se não fosse uma região de passagem, que leva rigorosamente de um lugar para outro com muito fluxo de pessoas. Em outras palavras, se você quiser sair do prédio onde trabalha, ou se quiser entrar nele, terá que se contentar com as peripécias empreiterísticas da Prefeitura.

O Prefeito que é candidato à reeleição declarou em uma entrevista que era uma mera coincidência, tantas obras em período eleitoral. Claro que é. Nós todos nascemos ontem e vivemos no mundo de Alice.

E sobre obras em período eleitoral, convém lembrar de uma coisa*. Tem horas que o eleitor pensa assim: "no período eleitoral ou fora dele, ao menos estão fazendo". E ele acha que a cidade bem ou mal, está se favorecendo. Veja, prezado ingênuo. A matemática não é bem essa. As vezes obras em período eleitoral não tem a intenção de deixar algum benefício para a cidade. Tem a intenção tão somente de dar "trabalho" e gerar receita a alguns financiadores de campanha. Essas coisas de caixa 2, nascem aí.

* E sim, que fique claro, este escriba NÃO ESTÁ dizendo que é o caso das obras de Curitiba. Não tem como saber disso estando aqui, no mundinho real, na povolândia. Mas é o caso de MUITAS cidades e muitas obras Brasil afora.

Clique aqui para ler sobre o Datafolha de Curitiba.
Clique aqui para ver Rafina Bastos falando sobre a telefonia privatarizada de FHC.
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Clique aqui para saber como pode inovar a cidade que parou no tempo.
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