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Quando Lula assumiu há doze anos, o que se esperava dele era um corte muito bem marcado em diversos dos padrões que sempre nortearam a condução política no Brasil. Um corte em diversos, mas não em todos. Lula que é um grande articulador, coisa reconhecida inclusive pela oposição, soube fazer isso magistralmente e em razão disso, o país deu um salto.
Quem não gosta dele ou do PT, sempre vai dizer que o país só melhorou porque a conjuntura internacional estava propícia, e porque FHC plantou as bases para tanto. Não passam de uns ignorantes políticos, pois não é pelo fato de reconhecer o mérito de alguém, que se está necessariamente tirando o mérito próprio.
Lula sabe, como político competente que é, que não se deve desmontar um castelo já pronto, pra construir outro no lugar. Por isso, corretamente, não acabou com o Plano Real. Aliás, é essa justamente uma das bandeiras mais utilizadas pela escumalha para argumentar que São Fernando Henrique era que estava certo, pois ele criou o Real.
Vírgula, já que basta entrar no site do Banco Central pra ver que o Real foi criado em 1993 no governo Itamar. E FHC naquela época, não era nem o Ministro da Fazenda.
Mas como sabemos, não adianta argumentar nem mostrar números. O brasileiro não é conhecido mundialmente pela esperteza política ou pelo bom senso. Se fosse, não toleraria um Aécio como candidato da oposição, com tanta gente boa, competente e capaz disposta e ir para o sacrifício. São coisas da política brasileira, que é e sempre foi, rasteira e mesquinha. Desse mato não sai coelho diferente do que já saiu.
Acontece que de 12 anos pra cá, muita coisa mudou no Brasil e no planeta Terra. A crise econômica iniciada pelos "loiros de olhos azuis" em 2008, se agravou e o que se viu foi uma clara falta de vontade dos governantes europeus e dos Estados Unidos em tomar o caminho pragmático, o caminho certo. Era hora de terem dito "vão-se os anéis, ficam os dedos". Mas não, preferiram optar por continuar exercendo a cartilha da irresponsabilidade financeira, preservando os conglomerados que deram causa à crise, e jogando a conta pras populações pagarem. De repente, uma Europa a menos consumindo, faz bastante diferença para quem exporta commodities como o Brasil. Uma Europa a menos investindo além-mar, já que não tem dinheiro nem pra pagar as próprias contas, faz diferença para um país em crescimento como Brasil.
De repente também, o planeta ficou dependente das importações de combustíveis de produção, commodities e alimentos que só a China estava requisitando, já que os outros estavam quebrados. O Sistema Solar inteiro dependendo das encomendas da China não sairia barato. Era claro que o mundo todo pagaria o preço de deixar nas costas dos filhos do Grande Timoneiro, a responsabilidade por tudo.
O Brasil não é uma ilha. Sofreu as consequências que qualquer país sofreria. Ainda que aqui, tenham sido muito menores. Claro que essa afirmação não pode vir de alguém da oposição, posto que de bom senso, já deu pra perceber que não vivem. Dilma terminou claudicante seu primeiro mandato, porque esperavam dela, um milagre que não se esperaria de um FHC, por exemplo.
Coisas do nosso eleitorado iletrado, já que assistir ao JN e ler a Veja é bem mais fácil do que se debruçar sobre teorias econômicas aplicadas ou mesmo, diversos canais informativos alternativos, que pululam na internet, ávidos de alguém que os leia.
Nesta toada do início do segundo mandato, a própria esquerda militante, parece perdida. Não entenderam que Dilma foi obrigada a montar um grupo ministerial político, e não técnico, como ela fez em sua primeira volta.
Nos jornalões da escumalha, dizem que ela está brigando com Lula, tirando seus "olheiros" do Planalto.
Quem entende um 0,1% de política sabe que não só isso não é verdade, como o caminho é justamente ao contrário. Dilma está montando um ministério lulista, governista, sedento por cargos, por holofotes, manchetes e chances políticas futuras na pele de candidaturas a governador, senador, prefeito. Isso garante apoio no Congresso para a agenda petista. Os anos dilmísticos deram boa demonstração de como é difícil governar sem um Congresso amigo.
A esquerda militante está perplexa feito barata tonta, questionando porque Katia Abreu na Agricultura, nem reparando que Patrus Ananias está no desenvolvimento agrário. Rigorosamente como tem de ser. O desenvolvimento agrário é quem tem que cuidar dos pequenos agricultores, do MST e afins. A Agricultura é quem tem que cuidar do agronegócio. Ou alguém acha que a Europa, a Rússia ou quem quer que seja vai comprar grãos dos agricultores familiares? Óbvio que não. Eles comprarão dos grandes produtores, os que oferecem bons preços e todos os adereços que só o bom e velho capitalismo é capaz de oferecer.
Já a escumalha da direita delirante, está justamente, delirando com tais escolhas, porque para todos os efeitos, isso é uma demonstração de "contradição" de Dilma. A mesma coisa vamos ouvir por séculos ainda, sobre as novas regras previdenciárias de acesso ao Seguro Desemprego e quetais. Rigorosamente nenhum direito foi garfeado. Ao contrário, ao cortar o acesso fácil ao Seguro Desemprego por exemplo, logo no primeiro trabalho, se estimula justamente que o indivíduo faça um esforço para manter-se empregado. Fosse verdade que ela quer penalizar o trabalhador, teria diminuído a multa para a dispensa injustificada, o que facilitaria os patrões a mandarem gente embora. Isso, como se viu, naturalmente não ocorreu.
Lula já identificou que em seu primeiro mandato e menos no segundo, a imprensa o odiava e nele colava todo tipo de bandalheira. Porém, não deixava de dar as notícias boas como o crescimento econômico, o emprego, as conquistas internacionais e do Obama dizendo que ele era o cara. Já no mandato de Dilma, os jornalões da camarilha, capitaneados por Veja, Folha e JN resolveram simplesmente omitir as notícias. Passou-se a ter a impressão de que nada bom ocorria no país e que estávamos parados. Na contramão, só falavam mal. Só mostravam a corrupção e não o combate a ela. Como a imprensa tradicional é a única fonte de informação de boa parte do eleitorado brasileiro, redundou a clara idéia de que Lula tinha sido um grande presidente. Dilma ao contrário, nunca mostrou a quê veio.
Isso, aliado ao fato de que Dilma tem a sensibilidade e a destreza política de um elefante numa loja de cristais, só poderia resultar no que resultou.
O PT começa seu quarto mandato à frente da República, abalado, totalmente acuado e nas cordas Leva pau todo dia e mesmo assim, distribui zilhões de reais pro imprensalão. Na minha cabeça já dava pra notar há 10 anos que o caminho não devia ser esse.
Dilma cometeu o mesmo erro que Marina nesta seara. O de achar que porque se está "fazendo alguma coisa", o povo automaticamente verá. Não, isso não acontece numa pátria dependente da televisão. As pessoas só verão alguma coisa, se a telinha mostrar. E por telinha, entenda-se Globo, já que ALGUNS outros canais, ainda que muito timidamente, mostram os progressos brasileiros. Marina em seu périplo auto beatificado, achou que a carregariam nos braços, primeiro pra criar seu natimorto partido, já que ela mesma não foi capaz de se esforçar mais pra colher as assinaturas. Depois, pra ser eleita Mandatária. Ela realmente achou que ter chegado tão longe era realmente mérito seu, e não de uma mídia que precisava cavar desesperadamente um segundo turno pra nele, colocar o tucano da vez.
Mas o mundo é duro. Não tolera as ingenuidades. Nem da Marina, nem da Dilma.
O momento agora era da blogsfera da esquerda se aglutinar novamente mostrando as contradições da direita. Fazendo o papel que a mídia tradicional jamais fará porque pouco se lixa para o Brasil ou para o combate à corrupção. O momento era de, com sabedoria, boas palavras e bastante conhecimento de causa, convencer a população que o caminho escolhido foi o melhor. Ou ao menos, o não tão pior.
Não se deve tentar convencer o tradicional eleitor tucano que ele está errado. Do mesmo modo que o petista de carteirinha não vai mudar de opinião, o tucano também não vai. É preciso mostrar para aquela população excedente, à deriva, desinformada, que ela está melhor representada agora, do que estaria com Aécio. Esse é o eleitor flutuante, que por causa do que ouviu, saiu da base de Lula para ir para a do tucanato. Mas ela volta, se assim for instada.
É preciso entender que política é a arte do possível, e parar de devanear. Não existe mais União Soviética há 23 anos. Os EUA já acabaram com o embargo contra Cuba. O mundo mudou bastante. Não há mais espaço pra, baseados na velha lógica marxista, querer ver o mundo diferente. Marx não estava errado em seus escritos, mas eles são o relato de uma sociedade de 1850 quando só havia exploradores e explorados. Hoje não é mais bem assim. Apesar ainda haver injustiça social, não há que se negar que o capitalismo também trouxe progressos, quando foi bem aplicado.
Saber reconhecer os erros e acertos de todos os sistemas econômicos é uma vantagem e não uma "traição à causa".
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Dilma é muito bem-intencionada, o que a torna um tanto quanto inocente. Os antigos já diziam: "O bonzinho acaba virando coitadinho.". Se o Governo cortasse a verba publicitária que tem destinada aos grandes veículos, como Globo, Abril, Estadão e Folha, eles iriam à falência, pois o Governo Federal é o maior anunciante do País. Se a publicidade da CEF, BB, PETROBRAS e CORREIO fosse retirada daqueles veículos, e investida nos próprios órgãos e em atividades sociais, duas aconteceriam: 1) os grandes veículos teriam uma enorme queda, e, ou criariam vergonha e deixariam de cuspir na mão que os alimenta, reconhecendo os méritos do Governo, ou quebrariam; 2) as reformas sociais, obras de infraestrutura e oferta de emprego, funcionariam como uma propaganda positiva e real do Governo.
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