sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

GIULIANI NA SEGURANÇA DO RIO

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O que é um governo populista? Segundo a mídia incansavelmente psdbista, populista é o cara que ajuda os pobres, porque só quer ganhar os votos deles. Mas se ele ajuda os ricos, que igualmente votariam nele, isso não é populismo, é investimento.

Afinal, você sabe, só rico gera empregos, só rico faz a roda do capitalismo funcionar.

Curiosamente a esmagadora maioria dos empregos do país saem das pequenas e micro empresas, além daqueles gerados nas casas de família.

Mas argumentar com a mídia é tolice. Coisa para quem não tem nada melhor para fazer.

Ontem a mídia entrou numa sinuca. Sérgio Cabral, o Governador do Rio deu uma tacada de mestre. Disse que quer Rudolph Giuliani como consultor de segurança do Rio de Janeiro.

A tacada de mestre é a seguinte. Giuliani nada mais é do que um imbecil que estava na hora certa no lugar certo. Criou o polêmico "tolerância zero" em NY para acabar com o crime. Coisa que naturalmente, não aconteceu. Apenas empurrou a criminalidade para os guetos, deixando a parte chique, Manhattan, livre para os turistas. Trocando em miúdos, deu uma bela maquiada em Nova York.

Só que Giuliani é o queridinho da mídia brasileira. Como qualquer outro falastrão de direita que venha dos Estados Unidos. A imprensa brasileira lhes estende o tapete vermelho sem fazer qualquer pergunta.

Se eu disser que esta tal consultoria de Giuliani não vai servir para nada exceto lhe render muitas dezenas de milhares de dólares, não estarei exagerando. Primeiro porque o Prefeito em NY tem poderes sobre a polícia, coisa que no Brasil, não é permitido.  Em nosso país estas atribuições são do Secretário de Segurança e do Governador (Cabral é Governador, claro), e Giuliani tinha autonomia administrativa, coisa que no Brasil, não se tem pela própria força da lei e pela hierarquia da governança. Segundo, porque a criminalidade que Giuliani ajudou a terminar em NY era substancialmente diferente daquela encontrada no Rio.

Se Cabral quiser apenas maquiar a cidade para a Copa e para as Olimpíadas, ok. Estará no caminho certo. Mas se ele quiser resolver realmente o problema da bandidagem no Rio, sua atitude é pífia.

Giuliani implantou "prêmios" para os policiais que mais prendiam. Não foram poucos os casos de prisão por vadiagem só pra incrementar a ficha de certos homens da lei. Em nossa legislação, a "vadiagem está em desuso, de maneira acertada, aliás. Receio que se premiarmos os policiais por cada prisão que fizerem, teremos sérios problemas. Um negócio bom que Giuliani fez, foi criar um mapa da criminalidade e para as zonas de maior risco, deslocar os policiais. Mas convenhamos, isso não é tão efetivo. O que acontecerá aqui será o mesmíssimo que aconteceu lá. Quando os bandidos percebem que o lugar tá cheio de polícia, mudam o lugar de atuação. E por acaso você realmente acha que a polícia estará presente nos bairros mais pobres quando o peso da criminalidade (que aliás, já está quase toda lá) deslocar seus tentáculos?

E tem o aspecto de que Nova York padecia com os pequenos assaltos, os furtos e a prostituição. Não é o caso do Rio. Lá isso tudo existe, como em qualquer parte do mundo, mas o que pega mesmo é o tráfico pesado de drogas. Drogas estas que abastecem as zonas chiques da cidade, os apartamentos dos condominios dos senhores que volta e meia estão na praia vestindo branco, e pedindo o "fim da violência". Querem apenas o fim da violência, mas não o fim do tráfico. Do contrário, como fazer para fumar um baseadinho no final da tarde? Como cheirar uma carreirinha de cocaína nos eventos sociais?

Pra essa gente, o problema da criminalidade é a existência do bandido, e não a do crime. A classe média carioca (e a brasileira, de maneira geral) não chega a achar um absurdo que seu filho taque fogo em um índio que dorme em um banco da praça. Isso não passa de uma brincadeira. O problema do Rio é o ladrão pé de chinelo. É um negro carregando um AR15. Mas se o tráfico fosse feito por gente branca com roupas da Armani, não seria algo tão ruim assim. Seria uma criminalidade civilizada. Capa de revista.

Mas o classe média não estabelece o nexo causal disso tudo. Não vê que quem incentiva o crime no Rio é ele mesmo e quanto a isso, não há discussão. Mas não perca seu tempo tentando convencer um grisalho surfista que o baseado dele é que dá sustentação ao crime. Ele não admite abrir mão de seus "privilégios".

e Giuliani surfará nestas águas turvas, ganhando muito dinheiro pra isso, se aceitar a peleja. Eu se fosse ele, não aceitaria. Vai se comprometer. A mídia internacional não vai ser tão boazinha com ele quando perceber que ele foi um zero à esquerda no Rio de Janeiro. Suas palestras vão cair de preço. Afinal, fazer uma maquiagem no Rio e uma em Nova York são coisas totalmente diferentes. E a diferença começa pelo povo de cada lugar. Aqui o crime já está nos guetos e o mapa do crime já foi feito.

Cabral foi populista de extrema competência com sua tacada. Vai ganhar votos  sem levar cacete da mídia. Se ele tivesse chamado um consultor de segurança de Moscou que viveu os mesmos problemas, a imprensa chamaria de operação de guerra, de coisa "pesada". Mas como é Giuliani, como veio dos EUA, é relax... tá tudo bem!

Clique aqui para ver do que a classe-média brasileira tem medo.
Clique aqui para ver que Giuliani e FHC andam juntos.
Clique aqui para ver que Gorbachov também é convidado para falar tonterías.
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