No começo da disputa eleitoral mais aprofundada (a disputa mesmo, começou desde o dia seguinte da reeleição de Lula), havia uma certa apreensão de muitos setores da esquerda. Tinham medo que primeiro, a oposição ao Presidente fosse tão acirrada e tão virulenta, que transformaria o segundo mandato num caos. Depois, que essa oposição conseguisse seus intentos. Pouca gente via como concreta a possibilidade de Lula fazer seu sucessor.
O tempo passou e as teses foram se modificando. Lula foi se mostrando ainda mais hábil na condução política do que tinha sido no primeiro período. Muita gente reclamou das alianças mas hoje ninguém pode contestar que fazê-las foi a melhor opção. Se tivesse optado por dar murros em ponta de faca, teria transformado o país numa praça de guerra e aí sim, a própria esquerda radical, auxiliada pela direita, diriam "tá vendo? Olha o imbecil que vocês elegeram".
O povo, mesmo o mais simples e sem conhecimento político formal, começou a notar que as realizações eram possíveis. Havia terminado a era quando reinava a ladainha de primeiro crescer o bolo pra depois dividir. Lula, fazendo alianças, deixando algumas coisas pra trás e priorizando outras, conseguiu mostrar que sim, o bolo pode ser dividido já no começo. As fatias iriam se multiplicando na medida em que o fermento trabalhasse.
Acabou sobrando pouco espaço pra quem dissesse o contrário. A direita perdeu o rumo e ficou alijada de suas bandeiras. A esquerda radical dos falastrões como Heloisa Helena também foi sendo largada para o escanteio. Novamente aquele povo mais humilde soube separar o que era projeto coletivo de projeto pessoal. Heloisa Helena tinha um projeto pessoal que ficava acima do interesse do país. Isso ficava muito bem demonstrado em seu discurso hipócrita.
A verdade nua e crua é que ela nunca apoiou a eleição de Lula. Esse escriba ouviu isso dito por ela mesma, em 2001. Por isso, quando ele venceu as eleições, ela se apressou em deixar o partido. Mas saiu atirando, servindo de bucha de canhão pra direita mais raivosa e não poucas vezes, se aliando ao PFL no legislativo para barrar projetos do Governo. Ela em razão disso, acabou sendo punida com um quase esquecimento. HH não é mais levada a sério por ninguém. Queimou seu capital político.
O paradigma do voto em 2010 é outro, muito diferente daquele de 2002. Serra perdeu o discurso porque gastou seus 8 anos de espera, em tratativas selvagens e golpistas. Ele sempre quis o tapetão. Sempre foi impaciente. Nunca esperou (como Lula) uma semente germinar e crescer. Talvez em 1964 quando ele fazia parte da UNE, não fosse um cara ruim. Mas o tempo passa e as pessoas mudam. Serra fez alianças ideológicas muito perversas com a extrema direita nacional. Isso o tornou indesejável e insuportável.
É diferente de fazer uma aliança de governabilidade. Serra vendeu a alma à camarilha. Agora não pode reclamar quando o demo vem cobrar o preço. O demo veio e exigiu a candidatura a vice. Exigiu mesmo que isso custasse a própria viabilidade do projeto de poder. E custou. Como já dito tantas vezes, o maior culpado da derrota fragorosa que a direita sofrerá nessas eleições é o próprio Serra, com sua sede de poder e seu temperamento devastador. Se fosse um político competente como gosta de dizer que é, teria apoio real de suas bases. Mas ele passou por cima de todas elas a socos e pontapés. Como poderia esperar solidariedade agora? Aécio e Roseana deram-lhe o troco bem merecido.
Tudo isso pra dizer que não existe mais surpresa para o pleito. Dentro das regras democráticas é impossível Serra vencer. E é justamente essa a preocupação. A democracia no Brasil sempre foi (ao meu ver) frágil. Como aliás, é no mundo todo. Mesmo os Estados Unidos sucumbiram a Bush e seu Ato Patriótico. Ditadura fascínora travestida de democracia. E pior, aceita pelo povo alienado.
A direita nacional levará uma surra porque se distanciou do povo. Não que ela estivesse com ele antes, mas mesmo na época dos militares, se mostrava alguma preocupação em manter o apoio popular e era sabido que para isso, algumas coisas precisavam ser feitas. Não adiantava só dizer, era preciso mostrar, nem que fosse um pouco. Fernando Henrique e sua ânsia de submissão jogou no lixo o projeto de poder eterno das elites brasileiras. O Governo do Estado de São Paulo faz a mesma coisa. As praças governadas por tucanos ou demos se perdem no devaneio da compra da imprensa como se esta fosse a única razão de sua existência. Esquecem que obras precisam ser feitas. São imperadores de um reinado de faz-de-conta. Uma coisa pra inglês ver.
É o motivo último da derrota de um estilo de governar. Lula é inigualável porque sabe falar a língua do povo e com ele, fazer interação. Não existe mais a historinha de que é necessário ser "doutor" pra ser um administrador competente. Não existe faculdade de política porque ela se aprende na vida. Os bancos escolares são apenas subsidiários. Importantes pra quem quer ser médico, engenheiro ou advogado. Insuficientes para quem quer fazer algo pelo país em que vive.
Dilma terá umas dificuldades pela frente. Primeiro que não será possível se comparar a Lula. E até por isso, ele sabe que não poderá deixá-la sozinha ao menos nos primeiros tempos. Ela tem uma tarefa difícil que é em primeiro lugar, honrar, aos olhos do povo, a chance que lhe está sendo dada. Ela precisará aprender a interagir porque não tem a experiência popular que Lula teve. Ela não é uma pessoa das multidões então não será raro vermos Dilma gaguejando em alguma entrevista. Ela não tem o traquejo que o sindicalista tem e precisará ter muito cuidado pra não deixar o fantasma da popularidade lhe apunhalar. Lula hoje pode dizer o que quiser. Pode falar que um carro vermelho é preto que todo mundo aceitará. Mas isso tudo foi construído a duras penas. Dilma ainda não pode se dar a esse luxo. Ela sabe disso.
Sabe também que terminada a guerra, que a oposição já se deu conta que perdeu, começará o outro embate, ainda mais visceral. Começará o mandato no dia 2 de janeiro. Dilma não terá aquele um ano de vantagem que a imprensa e a oposição deram pra Lula, enquanto ainda estabeleciam sua estratégia de ação. Dilma será bombardeada desde o dia seguinte à posse porque não será engolida com facilidade a história de que os donos do país precisarão esperar por mais 8 anos pra retomar o controle.
Dilma precisará, até mais do que Lula, do apoio popular. Capital político é uma coisa que desaparece da noite para o dia. Dilma terá um PMDB nos calcanhares. E o PMDB é um partido que pode ser perigoso. Ele só é fiel enquanto for bem recompensado. Ela precisa reascender as bases partidárias um pouco esquecidas a partir da vitória do PT. A militância é importante, e precisa ser uma militância consciente do novo estágio em que entrará o país.
Nesse contexto, somos todos importantes. A ingenuidade de uma esquerda meio primária que era a base do PT de uma década atrás, precisa ser substituída pela consciência de que o país hoje em dia, já está em outro patamar. Já não somos mais o patinho feio do ocidente. Somos um ator que pode tranquilamente estar entre as 3 maiores economias do mundo em menos de 10 anos. Isso sem prejuízo de alcançarmos a quinta colocação já em meia década. E não é pouca coisa. Ser um país rico passa obrigatoriamente pela distribuição de renda. A matemática da economia é inescapável. Um país só é rico na medida em que seu povo consome. E o povo só consome se tem possibilidades para tal.
A militância precisará estar atualizada e renovar os seus pleitos, como de fato, tem feito em sua maioria até agora. Ela precisa ver que mesmo sob uma ótica socialista, não é possível reeditar o comunismo soviético pretendido por Lênin. Socialismo e capitalismo são ambos sistemas econômicos e isso não pode ser esquecido. Queiram ou não os mais radicais, mesmo na União Soviética existia dinheiro. Não é acabando com o capital que o mundo passará a ser justo. O que é necessário é apenas humanizá-lo, aperfeiçoá-lo.
A blogsfera representa um papel primordial. A disseminação da informação e do conhecimento real passam necessariamente por uma rede bem estruturada de atores sociais. O planeta hoje tem outra cara porque está interligado. A própria barreira dos idiomas está vindo abaixo.
O que Dilma precisa é que não seja desmontada em 2 de janeiro essa rede fabulosa de consciência e mobilização existente na internet atual. A blogsfera e o email foram as grandes armas da vitória sobre a imprensa vassala do Brasil. O governo atuava em um lado, fazendo as bases sociais e as obras. O povo que ía se inserindo no mundo moderno passava a dar sustentação a Lula. As mentiras foram se desfazendo e a imprensa falada ou escrita passou a ser pautada pelo conteúdo da internet. Não são mais tão raros os casos de sites que têm mais audiência do que algumas redes de televisão.
O que a blogsfera e as pessoas comuns precisam verificar é que Dilma não está vencendo uma eleição com uma diferença tão grande de votos porque conta com um povo passivo, que apenas "aceitou" os programas sociais do Governo. Dilma está vencendo porque passou a existir um cidadão que efetivamente percebeu que o país poderia mudar pra melhor. E encampou essa luta. Em outras palavras, o brasileiro passou a ser um sujeito ativo da evolução do país. Não é mais o velho barrigudo que fica sentado na frente da TV esperando a decisão do Congresso Nacional. Ele não pretende regredir e este é o ponto fulcral.
Ele notou que ter um computadorzinho ligado na internet passou a ser questão de cidadania porque viu que através daquela máquina, cinco anos atrás tão cara, ele agora tem acesso ao conhecimento real. Acesso à notícia direto da fonte, acesso à opinião dos amigos e de seus iguais. Ele pode se mobilizar. A internet hoje tem o mesmo papel que os jornaizinhos distribuídos na porta das fábricas em 1917 na Rússia. Era um fator conscientizador.
E Dilma precisará desses "jornaizinhos" porque a luta que ela vai travar será muito mais difícil que a própria luta de Lula. Hoje a oposição está muito mais raivosa porque foi excluída do pleito e está perdendo até o poder regional. Não se pode imaginar que aceitarão assim, de bom grado e pacificamente.
A verdade nua e crua é que ela nunca apoiou a eleição de Lula. Esse escriba ouviu isso dito por ela mesma, em 2001. Por isso, quando ele venceu as eleições, ela se apressou em deixar o partido. Mas saiu atirando, servindo de bucha de canhão pra direita mais raivosa e não poucas vezes, se aliando ao PFL no legislativo para barrar projetos do Governo. Ela em razão disso, acabou sendo punida com um quase esquecimento. HH não é mais levada a sério por ninguém. Queimou seu capital político.
O paradigma do voto em 2010 é outro, muito diferente daquele de 2002. Serra perdeu o discurso porque gastou seus 8 anos de espera, em tratativas selvagens e golpistas. Ele sempre quis o tapetão. Sempre foi impaciente. Nunca esperou (como Lula) uma semente germinar e crescer. Talvez em 1964 quando ele fazia parte da UNE, não fosse um cara ruim. Mas o tempo passa e as pessoas mudam. Serra fez alianças ideológicas muito perversas com a extrema direita nacional. Isso o tornou indesejável e insuportável.
É diferente de fazer uma aliança de governabilidade. Serra vendeu a alma à camarilha. Agora não pode reclamar quando o demo vem cobrar o preço. O demo veio e exigiu a candidatura a vice. Exigiu mesmo que isso custasse a própria viabilidade do projeto de poder. E custou. Como já dito tantas vezes, o maior culpado da derrota fragorosa que a direita sofrerá nessas eleições é o próprio Serra, com sua sede de poder e seu temperamento devastador. Se fosse um político competente como gosta de dizer que é, teria apoio real de suas bases. Mas ele passou por cima de todas elas a socos e pontapés. Como poderia esperar solidariedade agora? Aécio e Roseana deram-lhe o troco bem merecido.
Tudo isso pra dizer que não existe mais surpresa para o pleito. Dentro das regras democráticas é impossível Serra vencer. E é justamente essa a preocupação. A democracia no Brasil sempre foi (ao meu ver) frágil. Como aliás, é no mundo todo. Mesmo os Estados Unidos sucumbiram a Bush e seu Ato Patriótico. Ditadura fascínora travestida de democracia. E pior, aceita pelo povo alienado.
A direita nacional levará uma surra porque se distanciou do povo. Não que ela estivesse com ele antes, mas mesmo na época dos militares, se mostrava alguma preocupação em manter o apoio popular e era sabido que para isso, algumas coisas precisavam ser feitas. Não adiantava só dizer, era preciso mostrar, nem que fosse um pouco. Fernando Henrique e sua ânsia de submissão jogou no lixo o projeto de poder eterno das elites brasileiras. O Governo do Estado de São Paulo faz a mesma coisa. As praças governadas por tucanos ou demos se perdem no devaneio da compra da imprensa como se esta fosse a única razão de sua existência. Esquecem que obras precisam ser feitas. São imperadores de um reinado de faz-de-conta. Uma coisa pra inglês ver.
É o motivo último da derrota de um estilo de governar. Lula é inigualável porque sabe falar a língua do povo e com ele, fazer interação. Não existe mais a historinha de que é necessário ser "doutor" pra ser um administrador competente. Não existe faculdade de política porque ela se aprende na vida. Os bancos escolares são apenas subsidiários. Importantes pra quem quer ser médico, engenheiro ou advogado. Insuficientes para quem quer fazer algo pelo país em que vive.
Dilma terá umas dificuldades pela frente. Primeiro que não será possível se comparar a Lula. E até por isso, ele sabe que não poderá deixá-la sozinha ao menos nos primeiros tempos. Ela tem uma tarefa difícil que é em primeiro lugar, honrar, aos olhos do povo, a chance que lhe está sendo dada. Ela precisará aprender a interagir porque não tem a experiência popular que Lula teve. Ela não é uma pessoa das multidões então não será raro vermos Dilma gaguejando em alguma entrevista. Ela não tem o traquejo que o sindicalista tem e precisará ter muito cuidado pra não deixar o fantasma da popularidade lhe apunhalar. Lula hoje pode dizer o que quiser. Pode falar que um carro vermelho é preto que todo mundo aceitará. Mas isso tudo foi construído a duras penas. Dilma ainda não pode se dar a esse luxo. Ela sabe disso.
Sabe também que terminada a guerra, que a oposição já se deu conta que perdeu, começará o outro embate, ainda mais visceral. Começará o mandato no dia 2 de janeiro. Dilma não terá aquele um ano de vantagem que a imprensa e a oposição deram pra Lula, enquanto ainda estabeleciam sua estratégia de ação. Dilma será bombardeada desde o dia seguinte à posse porque não será engolida com facilidade a história de que os donos do país precisarão esperar por mais 8 anos pra retomar o controle.
Dilma precisará, até mais do que Lula, do apoio popular. Capital político é uma coisa que desaparece da noite para o dia. Dilma terá um PMDB nos calcanhares. E o PMDB é um partido que pode ser perigoso. Ele só é fiel enquanto for bem recompensado. Ela precisa reascender as bases partidárias um pouco esquecidas a partir da vitória do PT. A militância é importante, e precisa ser uma militância consciente do novo estágio em que entrará o país.
Nesse contexto, somos todos importantes. A ingenuidade de uma esquerda meio primária que era a base do PT de uma década atrás, precisa ser substituída pela consciência de que o país hoje em dia, já está em outro patamar. Já não somos mais o patinho feio do ocidente. Somos um ator que pode tranquilamente estar entre as 3 maiores economias do mundo em menos de 10 anos. Isso sem prejuízo de alcançarmos a quinta colocação já em meia década. E não é pouca coisa. Ser um país rico passa obrigatoriamente pela distribuição de renda. A matemática da economia é inescapável. Um país só é rico na medida em que seu povo consome. E o povo só consome se tem possibilidades para tal.
A militância precisará estar atualizada e renovar os seus pleitos, como de fato, tem feito em sua maioria até agora. Ela precisa ver que mesmo sob uma ótica socialista, não é possível reeditar o comunismo soviético pretendido por Lênin. Socialismo e capitalismo são ambos sistemas econômicos e isso não pode ser esquecido. Queiram ou não os mais radicais, mesmo na União Soviética existia dinheiro. Não é acabando com o capital que o mundo passará a ser justo. O que é necessário é apenas humanizá-lo, aperfeiçoá-lo.
A blogsfera representa um papel primordial. A disseminação da informação e do conhecimento real passam necessariamente por uma rede bem estruturada de atores sociais. O planeta hoje tem outra cara porque está interligado. A própria barreira dos idiomas está vindo abaixo.
O que Dilma precisa é que não seja desmontada em 2 de janeiro essa rede fabulosa de consciência e mobilização existente na internet atual. A blogsfera e o email foram as grandes armas da vitória sobre a imprensa vassala do Brasil. O governo atuava em um lado, fazendo as bases sociais e as obras. O povo que ía se inserindo no mundo moderno passava a dar sustentação a Lula. As mentiras foram se desfazendo e a imprensa falada ou escrita passou a ser pautada pelo conteúdo da internet. Não são mais tão raros os casos de sites que têm mais audiência do que algumas redes de televisão.
O que a blogsfera e as pessoas comuns precisam verificar é que Dilma não está vencendo uma eleição com uma diferença tão grande de votos porque conta com um povo passivo, que apenas "aceitou" os programas sociais do Governo. Dilma está vencendo porque passou a existir um cidadão que efetivamente percebeu que o país poderia mudar pra melhor. E encampou essa luta. Em outras palavras, o brasileiro passou a ser um sujeito ativo da evolução do país. Não é mais o velho barrigudo que fica sentado na frente da TV esperando a decisão do Congresso Nacional. Ele não pretende regredir e este é o ponto fulcral.
Ele notou que ter um computadorzinho ligado na internet passou a ser questão de cidadania porque viu que através daquela máquina, cinco anos atrás tão cara, ele agora tem acesso ao conhecimento real. Acesso à notícia direto da fonte, acesso à opinião dos amigos e de seus iguais. Ele pode se mobilizar. A internet hoje tem o mesmo papel que os jornaizinhos distribuídos na porta das fábricas em 1917 na Rússia. Era um fator conscientizador.
E Dilma precisará desses "jornaizinhos" porque a luta que ela vai travar será muito mais difícil que a própria luta de Lula. Hoje a oposição está muito mais raivosa porque foi excluída do pleito e está perdendo até o poder regional. Não se pode imaginar que aceitarão assim, de bom grado e pacificamente.
Clique aqui para ouvir que Serra não suportou ser contestado por Marcia Peltier
Clique aqui para ver Serra detonando outra jornalista.
Clique aqui para ver o Goebels tendo espasmos de ódio.
Clique aqui para ver a Veja se entregando e falando que quer dar o golpe.
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Excelente texto.
ResponderExcluirParabéns pela profundidade e abrangência. Suscita vários tópicos, e sobre alguns deles eu gostaria de registrar minha opinião. O que vou fazer em posts separados, para não misturar as coisas.
1. Sobre a "esquerda radical".
ResponderExcluir1.1 Eu também me incluo entre os que se incomodam com o leque de alianças do governo. Creio que a consulta popular, através dos instrumentos previstos constitucionalmente (plebiscito, referendo, iniciativa popular de lei) teria respaldado o governo tão bem ou até melhor do que o conchavo com forças ambíguas como o PMDB.
1.2 Excluo da minha análise da extrema esquerda o PSTU, o PCO e outros partidos sem registro no TSE. Estes são partidos que não têm a perspectiva eleitoral no horizonte. As candidaturas que eles lançam são sempre para denunciar as mazelas existentes e conclamar a revolução popular. É um caminho, mas não me parece adequado às condições materiais objetivas dos dias vigentes.
1.3 Ao PSOL e o PCB é inadiável admitir os avanços sociais do governo Lula, a verdadeira marca de distinção do governo do PT para o do PSDB. A partir daí, do reconhecimento de que o país hoje é diferente do que foi sob FHC, essa esquerda pode formular sua hipótese no aprofundamento destes avanços de forma mais célere, "queimando etapas", e insistindo nas bandeiras de igualdade, principalmente a distribuição de renda. Não distribuição por igual da pobreza, como ironizava Bob Fields, mas da riqueza que hoje o Brasil produz.
2. Sobre a direita.
ResponderExcluir2.1. Republiquei no blog do qual faço parte, (Anti-PIG) o texto do Emir Sader "Vida, (falta de) paixão e morte dos tucanos". Concordo integralmente. Restará ao PSDB poucos currais eleitorais que estarão isolados um do outro em termos territoriais, todos eles irradiados pela ideologia emanada do palácio dos bandeirantes.
2.2. Ao DEM/PFL/PDS/ARENA o destino será mais cruel: a vala comum dos esquecidos pela história.
2.3. Restará como direita no Brasil o PIG e Aécio Neves, que sairá do PSDB para povoar alguma legenda nanica com seus correligionários, fazendo oposição moderada ao Governo Dilma. O PIG pelo contrário espumará enfurecido contra a corrupção, a insegurança, a decadência na moral e nos costumes, além de toda sorte de acusações levianas contra a honra dos governantes, temas habituais nos antigos jornais marrons, como o Notícias Populares.
2.4 Espero que o governo Dilma seja enérgico contra o vilipêndio das concessões públicas para interesses privados. Algo na linha da Ley de Medios argentina.
3. Tópicos afins.
ResponderExcluir3.1 Que frase brilhante. Para ler, guardar e citar, quando o contexto permitir: "Lula é inigualável porque sabe falar a língua do povo e com ele, fazer interação. Não existe mais a historinha de que é necessário ser "doutor" pra ser um administrador competente. Não existe faculdade de política porque ela se aprende na vida. Os bancos escolares são apenas subsidiários. Importantes pra quem quer ser médico, engenheiro ou advogado. Insuficientes para quem quer fazer algo pelo país em que vive."
3.2 Tenho medo que o Poder Judiciário se transforme na cidadela do golpe. O perfil conservador de seus membros, ainda oriundos das classes mais abastadas é um perigo. O Judiciário tem que perder um pouco da sua aura superior e travar contato mais próximo com o povo ao qual serve.
3.3 Nem tanto ao mar, nem tanto a terra. Não acredito que basta "humanizar" o capitalismo, assim como não acho que a União Soviética seja o paradigma a ser seguido. A tarefa, de dimensões épicas, é construir um novo modelo, onde o ser humano seja a razão da política, da economia, do progresso. Senti isso em algumas inserções no horário político, na fala da Dilma. A razão disso tudo é propiciar a busca da felicidade a todos. Não adianta bater todos os recordes de produção e fazer o país crescer trocentos por cento, de justificar vários abusos em nome do "progresso" se a coletividade não viver feliz. Esse é o gigantesco legado que o Brasil se responsabiliza em deixar ao mundo. Vencer no modelo capitalista, produzir riqueza, distribuir renda, elevar a auto estima da população e caminhar na direção da igualdade, da equidade e da justiça social plena. Fácil, não?
Excelentes acréscimos. Irretocáveis!
ResponderExcluir4. A blogosfera e a militância digital.
ResponderExcluir4.1 Estamos aprendendo como usar essa ferramenta. A informação não está mais monopolizada na mão de meia dúzia de famílias. Tem sido duro lutar contra o poder midiático estabelecido, mas é inexorável sua queda.
4.2 Muito feliz a analogia dos blogs com os jornaizinhos distribuídos nas portas das fábricas. Um avanço que tem que ser prioritário nesse governo é o PNBL. Não podemos correr o risco de sermos cerceados financeiramente daqui algum tempo. A democratização dos meios de comunicação, tema que me interessa a mais de 20 anos, antes de conhecer a internet é o princípio que norteia essa revolução, com muito mais consciência de classe e do seu papel histórico do que os movimentos dos anos 80/90, primeiro influenciados e depois direcionados pela grande mídia.
4.3 Por fim, uma observação sobre a visita de Benício del Toro ao Brasil. Outro dia você escreveu que é tarefa das mais penosas ler a veja, e que o faz por dever de ofício. Também me encarreguei dessa penitência para ler na edição digital do periódico um festival de impropérios contra o ator, Oliver Stone, Danny Glover, Sean Penn, que por fim é contra todos que não se afinam com o manual ideológico neofascista da Editora Abril. O título da "reporcagem" é: "Conheça os perfeitos idiotas hollywoodianos". Sobre Beníco del Toro, a revista afirma que seu ativismo é do "Manual do perfeito idiota latino-americano", do Álvaro Vargas Llosa, capitulante filho de um escritor desse continente.
Todo mundo já percebeu, há bastante tempo, que é sempre a inominável que 'descobre' todos os podres da república. Numa só capa, ela investiga, denuncia, julga, apresenta as provas e condena. Então pra que precisamos da Polícia, do Ministério Público e do Judiciário? A inominável é muito mais célere, eficaz e, principalmente, econômica. Sendo assim, sugiro iniciarmos uma campanha:
ResponderExcluir- Abaixo o Judiciário, viva a veja!
No twiter, poderia ser: #downJudiciarioUpVeja
parabéns , como sempre lucidez e verdade na carne!!!
ResponderExcluirPrecisamos aprender estratégia com a direita raivosa:
não podemos nos dispersar.
Trasmitir e retransmiti o mesmo texto em todos os blogs progressistas, como se fosse uma rede pool única e deixar a vaidade de lado.
parabéns , como sempre lucidez e verdade na carne!!!
ResponderExcluirPrecisamos aprender estratégia com a direita raivosa:
não podemos nos dispersar.
Trasmitir e retransmiti o mesmo texto em todos os blogs progressistas, como se fosse uma rede pool única e deixar a vaidade de lado.
Excelente texto.
ResponderExcluirExcelente texto! A grande parte ignorante da classe média deveria ter consciência dos impactos do governo mais inteligente dos últimos tempos.
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