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Era uma vez, uma nação rica e prodigiosa perdida nos confins do sul do mundo, sem eira e nem beira. Esta nação, que tinha tudo para ser o máximo, se contentava em ser chamada de quinta categoria. Para o rei da época, melhor era ser de quinta, do que de oitava.
Naqueles tempos, o rei dizia que era normal que quando alguém do corpo diplomático dessa nação quisesse entrar no império, mesmo que fosse (e quase sempre era) pra pedir um empréstimo, tivesse que tirar os sapatos.
O rei não se dava ao respeito e bajulava o imperador. O imperador, óbvio, sequer sabia que ele existia. De quando em quando o rei menosprezado, no afã de ter alguma demonstração de carinho, doava graciosamente as jóias da coroa para o imperador, que pouco se lixava.
O rei da época ofereceu tantos presentes, que dilapidou o tesouro de sua pátria. Os súditos ficaram passados e resolveram colocá-lo para correr.
De imediato empossaram um novo rei. Afinal, rei morto, rei posto. Esse novo pensava diferente Sabia que a nação tinha potencial, riquezas naturais e um povo trabalhador, ordeiro e inteligente. Sabia no entanto, que teria que mexer com a forma como o próprio cidadão se via. O novo rei falava o tempo todo que os súditos deveriam parar de ter síndrome de vira-latas.
O novo rei investiu em seu país e muito rapidamente colheu frutos. Hoje o reino vive a fantástica situação do virtual pleno emprego. Enquanto isso, comandado por déspotas cada vez mais gananciosos e carniceiros, o império declinou.
Agora, os comerciantes do império pedem pelo amor de Deus para que o reino lhes estenda a mão.Pede encarecidamente para os cidadãos do reino viajarem até o império para lá gastar seus dobrões. Mesmo assim, o imperador não se deu conta de que não está mais podendo, como antes. Ainda mantém restrições burocráticas aos cidadãos do reino.
Infelizmente nem todos do reino se aperceberam que esse chamado, este canto da sereia, não passa de um grande engodo. O império agora precisa de nosso povo, de nosso dinheiro. Por isso nos estende o tapete vermelho. Lá as luzes são fascinantes, os brinquedinhos excitantes e os prédios são altos. Isso ainda nos encanta.
Mas na primeira oportunidade, nos estenderão as costas.
Logo todos verão isso.
Mas na primeira oportunidade, nos estenderão as costas.
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Gostei da historinha.
ResponderExcluirPor acaso, o primeiro rei, aquele que se vergava, ira conhecido por Dom Fernando, o Farol?
era...
ResponderExcluirO império sabe (ou parte dele sabe...)que estamos melhores, que temos mais auto-estima (com exceção das elites entreguistas), que agora muitos mais tem dinheiro pra gastar, que não são a "escória" da América Latina. Eles querem esse dinheiro lá, eles querem que compremos mais brinquedinhos lá, direto na fonte......
ResponderExcluirPrezado Blogueiro.
ResponderExcluirSe me permite uma observação: não era um rei e sim um sapo que pensou que era um príncipe e que disse para esquecer tudo o que escrevera um dia. Mas será sempre lembrado pelas muitas coisas que fez de ruim e muito pouco elogiado pelas poucas coisas que fez de bom. E aquele outro que o substituiu sim era um rei, apesar de que no seu coração sempre permaneceu um humilde nordestino. Este será sempre lembrado e amado pelo seu povo como um bom governante.