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Há uma discussão muito severa nos meios jornalísticos, sobre o quanto os jornalistas realmente entendem o que estão dizendo. É a similaridade com o analfabetismo funcional. O cara sabe ler, mas não entende o significado das palavras. Como as faculdades de jornalismo estão abarrotadas de jovens que pretendem seguir nessa carreira pelo suposto "glamour" que nela existe, imaginam que é só chegar, sentar na frente do computador e sair tagarelando.
Por isso a mídia tem a qualidade que tem. O jornalista escreve, mas não sabe o que está falando.
Assim vemos pérolas como "fulano é pródigo nisso", querendo dizer que uma pessoa é boa no que faz. Sendo que a palavra pródigo induz justamente ao contrário. Prodígio seria o certo. Vemos pipocar palavrinhas como "caos muito grande", como se "caos" pudesse ser pequeno. O caos já é superlativo. Na outra linha, tem também o significado literal da palavra, versus o significado que ela toma com o passar do tempo.
"Despencar", por exemplo. Despencar significa tão somente cair do pé, em alusão a uma fruta que se desprende da penca e cai. Mas com o passar do tempo, "despencar" passou a ter uma conotação diferente. Passou a induzir a uma queda muito grande, ou severa. Assim, quando se fala que a bolsa despencou 0,3 pontos, não está errado. Mas passa para a audiência que essa queda é muito grande, quando é na verdade, comum.
Ou seja, o jornalista precisa verificar se ele está sendo realmente compreendido quando diz alguma coisa.
Alguns sabem disso e manipulam propositalmente as palavras para induzir ao resultado que ele pretende. A grande maioria não tem esse domínio maquiavélico. Apenas vai repetindo as palavrinhas porque as considera bonitas e sonoras.
Hoje no site da Veja reparamos no escorregão dos jornalistas do folhetim da Gestapo. A manchete é irretocável. "Lula comanda CONTRAGOLPE a escândalo".
Ora, se é contragolpe, é porque houve um golpe, não é? Um golpe pode ser um mero ataque sem maiores consequências como um tapa de luvas ou uma agressão verbal. Pode ser uma coisa leve. Mas no meio político, golpe pode ser, como de fato é, um tapetão. A tomada do poder à força. Ao arrepio da lei.
Por isso em 1964 os militares insistiram em tratar a derrubada do poder eleito pelo povo como "revolução". Era um golpe, mas revolução ficava menos sujo. Revolucionar tem o peso bom das palavras, que é mudar para melhor. Golpe significa coisa rasteira.
Veja sem perceber, coloca na palavra contragolpe justamente o sentido literal do que houve. A imprensa e o tucanato tentam dar o golpe. E Lula faz o contragolpe.
Os jornalistas não se tocaram quando escreveram pois afinal, seria pedir demais que além de tudo, fossem inteligentes. Com isso ganhamos nós, que vemos de forma inegável, o pensamento da revistinha brasileira.
Clique aqui para ver Azeredo chamando o eleitor de estúpido.
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Sensacional!
ResponderExcluirPrimeiro por ter notado o detalhe do "contragolpe".
Segundo, por ter estômago de avestruz e conseguir ler os esgotos do PIG.
Por mais que eu tente, não consigo fazer isso...