quinta-feira, 30 de junho de 2011

CURITIBA: DESEMPREGO À VISTA

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Minha nona já dizia: "Por fora bela viola, por dentro, pão bolorento".

Ela não podia estar mais certa e o ditado serve direitinho para a administração da cidade de Curitiba nos últimos anos. Notadamente neste último ano.

Pra quem não é daqui, convém dar uma breve explicação. A antiga BR 116, no trecho urbano que cruza a capital do Paraná, foi cedido pelo Governo Federal para a Prefeitura, para que ela fizesse o que bem entendesse. Transformasse o pedaço em uma avenida e a urbanizasse.

Havia um trânsito consideravelmente pesado no lugar, mas era algo que de forma ou de outra, fluia. Assim, a pista que era composta de um corredor duplo para ir, e outro para voltar, cumpria sofrivelmente seu papel. Havia gargalos de quando em quando representados pelos semáforos inexplicáveis espetados ao longo do trecho.

Tomou posse o então Prefeito (hoje Governador) Beto Richa. Muita propaganda (como convém a um tucano) e muito trololó depois, e começaram a construir a chamada Linha Verde. Os cartazes entusiasmavam o cidadão. Coisa de arquiteto. Dez pistas, pracinhas, grama verde. Tudo lindo parecendo um catálogo de construtora pra te vender um apartamento. Só faltavam os carros voadores.

Zilhões de dólares depois e o tráfego do lugar está 5 vezes pior. O número de pistas, de duas pra cada lado, aumentou para umas 5. Muita grama bonita, muitos postes charmosos e claro, óbvio, muitos radares escondidos pra flagar o troxa do pagador de impostos. E o melhor de tudo veio então. Todo o tráfego se afunila em determinadas regiões e além disso, é contido por quaquilhões de semáforos. Centenas deles a piscar o dia todo e a atravancar o fluxo de veículos.

Seria somente outra obra inútil feita exclusivamente para ser bonita se por detrás, não estivesse escondido o pior de tudo. A antiga BR continuava sendo a artéria de escoamento do trânsito de veículos leves e pesados da capital. O congestionamento ficou insuportável e a Prefeitura insistiu na burrice. Nada de viadutos e trincheiras para desafogar o trânsito. Somente mais semáforos.

Assim, veio a miraculosa solução. Vamos proibir o trânsito de caminhões pesados no lugar durante o dia. Claro, vamos varrer a sujeira para debaixo do tapete, como convém a uma administração que vive só de fantasia. Ocorre que ao longo da tal Linha Verde, estão estabelecidas dezenas de transportadoras, atacadões, postos de combustíveis, depósitos, borracharias e lojas de acessórios que vivem quase que exclusivamente do trânsito desses veículos. Afinal, aquilo está alí há décadas.

Típico desse náipe de administração. Ninguém planeja a viabilidade, só planeja o orçamento e quem sabe, o tamanho da comissão pela obra fabulosa. O povo? Que se dane.

E agora, o que vão fazer com as dezenas de milhares de pessoas que se estabeleceram alí? Vão todos fechar seus negócios? E o trânsito de caminhões, vai deixar de existir ou simplesmente vai ser transferido para outro lugar com condições ainda menores de dar fluência ao tráfego?

Será que a Prefeitura não vê que o que congestiona não são os caminhões e sim o excesso de semáforos? Ora, se uma pista não tem interrupção, por mais severo que seja o fluxo, ele é contínuo. Mas óbvio, isso não entra na cabeça estranha dos planejadores da capital.

Mais um ponto contra para uma cidade que um dia foi referencial de progresso. Hoje é de atraso.

Clique aqui para ver sobre o bronzeamento artificial de Álvaro Dias.
Clique aqui para ver como a Folha distorce a questão do desemprego.
Clique aqui para ver que Schwarzenegger zomba do Brasil.
Clique aqui para ver o ótimo recorte de idiotices de Bolsonaro, feito por Douglas Yamagata.
Clique aqui para ver Dilma esculachando a Folha.
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Um comentário:

Geopolêmica disse...

Existem planos de valorização milionária dos imóveis na antiga "BR" e em suas cercanias. Para isto, é necessário primeiramente incentivar o fechamento das empresas atualmente ali sediadas estrangulá-las até seus atuais donos venderem os imóveis ali localizados por preços "módicos" e aí então "entram" as construtoras e incorporadoras para dar "novo rumo" para aquele espaço, quem sabe transformá-lo em área residencial e vender cada unidade a peso de ouro? E quando foi que desde Jaime Lerner as coisas não funcionaram assim em Curitiba?