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A Folha, para quem não sabe ou não lembra, é aquele jornal que emprestava carros para os torturadores da ditadura brasileira, transportarem suas vítimas, sem serem notados pela população em geral.
Como naquele tempo as entregas dos periódicos eram feitas com veículos rabecões, ninguém achava estranho ter um carro daquele tipo parado na frente da casa do vizinho. Estranho seria ter um carro do DOPS.
Então, a Folha, o Globo e o Estadão, se engajaram barbaramente na defesa do regime que tanto lhes fazia bem. Claro que hoje, muito raramente reconhecem isso. Mas quem se lembra (ou procurou no Google), o editorial do jornal dos Marinho elogiando o golpe, chamado de revolução, sabe que falamos a verdade.
Assim, é importante verificar o que mesmo uma pessoa do povo, gente comum, mas com pensamento de direita, me disse dias atrás. A imprensa é um setor privado que visa lucro. Portanto, fará só o que importa para aqueles que lhes pagam. E nunca foi diferente.
Essa ladainha de rabo preso com o leitor é conversa pra boi dormir. Trololó, como estamos carecas de saber.
Aí a Folha anuncia uma palestra sobre jornalismo opinativo. Ora, e o jornalismo hoje em dia não é opinativo? A diferença é que ele não reconhece isso. Diz que é isento. Mete o pau em que tá do outro lado, mas esconde convenientemente os podres dos que estão de seu lado. Especialmente na política.
Alguns anos atrás, conversei com um jornalista cubano. Eu e outros jornalistas estavamos presentes. Um de nossos representantes da "inteligentsia" escrita soltou a seguinte pérola: "Como é ser jornalista num país onde você não pode falar mal do Presidente?". O jovem retrucou. "Olha, é difícil. Mas pelo menos, só não podemos falar mal dele. Aqui vocês não falam mal dos políticos que são atrelados aos seus patrões e nem falam mal dos anunciantes que estejam fazendo trambicagem, senão eles tiram a verba de publicidade.".
O cubano não poderia estar mais certo.
Que ande logo essa história da carochinha de jornalismo opinativo da Folha. E que estampe, pela decência e pela credibilidade, na chamada da matéria uma etiqueta preta com os dizerem em branco "O que você vai ler, é como nós achamos que as coisas deveriam ser. O bem do cidadão não está entre nossas prioridades".
Vamos sonhando que um dia isso acontece.
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