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Impossível passar indiferente pela entrevista dada pela Marta Suplicy ao Estadão, republicada pela Folha, e repingada por todo mundo.
Em primeiro lugar, porque ela é mesmo um prato cheio contra o PT. E com isso, os jornais que em algum momento são concorrentes, abrem mão dessa briga por um "bem maior", qual seja, desancar Lula, Dilma e todo o partido.
Tenho comigo que é uma lástima haver uma imprensa que tome esse tipo de atitude. Gente séria é séria sempre. Não é o caso do nosso imprensalão, naturalmente, que opta por candidaturas de maneira descarada, jogando fora o aspecto da isenção que deveria haver entre os jornalistas.
Mas ter uma imprensa pastelão é, e pelo jeito, sempre será a nossa sina. O brasileiro bem que merece uma mídia como a nossa, já que nunca fez questão de botar essa gente pra correr.
Marta que se sente desprestigiada faz tempo, dentro do PT, resolveu botar a boca no mundo. Quem leu a entrevista, talvez até tenha achado que não seja mentira tudo o que ela falou. E pode realmente ser verdade. Mas não é esse o ponto principal.
Que o PT se tornou ao longo dos anos uma cópia avermelhada (desbotada, na verdade) dos partidos da direita brasileira, é fato. Inclusive em corrupção, acho que ele não perde muito.
Ganha apenas no quesito social, o que é fato incontestável. Ganha também na intenção de não vender barato o Brasil, como queriam e ainda querem, os tucanos.
E isso significou ao longo dos últimos 12 anos, bastante crescimento e emprego. Com uma economia melhorada, o povo dá bem menos bola pra outras coisas, ao contrário do que ainda insiste em acreditar nossa nata jornalística, que pensa que também entende de gente, além de entender de todo o resto de nossa galáxia.
Só que não.
Bem, como Marta cansou de ser jogada para escanteio, resolveu sair atirando. E concordo com o deputado petista que disse que ela está criando um fato, pra poder se mandar do partido. Ela quer disputar a prefeitura de São Paulo de novo, e pelo andar da carroça, não será pelo PT, já que hoje ela não apita nada.
Aliás, tem gente falando que ela quer mesmo, disputar a Presidência em 2018 e já está marcando terreno. Se ela tem essa pretensão, acho que está louca. É muito evidente que ela não tem densidade eleitoral pra querer tanto.
Aliás, tem gente falando que ela quer mesmo, disputar a Presidência em 2018 e já está marcando terreno. Se ela tem essa pretensão, acho que está louca. É muito evidente que ela não tem densidade eleitoral pra querer tanto.
Decerto que ela tem direito a fazer isso. Mas a forma utilizada, mostra que não foi só o PT que virou o cocho. Ela também virou. Ou será que ela realmente acha que além dos coxinhas de SP o povo acredita que só o PT é corrupto e os bem intencionados da sigla saíram "por não aguentar mais" tantos desmandos, como ela mesma disse?
Não Marta. Ingenuidade a sua, se você pensa assim.
Numa breve enquete que fiz com os porteiros do prédio do meu escritório, junto com a zeladoria e os atendentes dos restaurantes do lado, fiquei sabendo o óbvio. O povo sabe que ela quer uma boquinha em outra sigla porque no PT, conseguiu arranjar briga com todo mundo.
Naturalmente estou falando das pessoas que leram, ou souberam da entrevista. Até porque, tirando os mesmos coxinhas de SP, os blogueiros e alguns outros fanáticos por política, a entrevista dela não teve nenhum grande significado extramuros.
Marta é a nova Marina. O PT já produziu outras Marinas. Elas se chamam Heloísa Helena e Cristovam Buarque. Esses, pra mostrar os queridinhos da mídia. Também produziu Marinas à esquerda como Luciana Genro e outros deputados do PSOL. O PT produziu Eduardo Campos também, que não era de suas fileiras, mas bebeu fartamente da popularidade de Lula.
Produzirá num futuro breve, se ele tiver "ânimo" pra se expressar, o Eduardo Suplicy, que nunca foi PT de verdade. Estava apenas filiado. Aliás, Eduardo e Marta, antes um casal, sempre transitaram mais confortavelmente dentro da elite paulistana do que no chão de fábrica do Estado.
Não que isso por sí, influenciasse o trabalho deles. Eu diria que influenciou bem mais o de Eduardo do que o da Marta, já que ele nunca saiu em defesa do partido, em seus piores momentos. Ao contrário, preferia ficar em cima do muro, cantando canções no púlpito do Senado. E claro, não se trata de ter que defender quem tá errado, só porque é do mesmo partido. Não. Inclusive nas questões nas quais o PT tinha razão e estava sendo escorraçado pela imprensa, ele optava por ficar quieto, se preservando das porradas que viriam contra quem ousasse desafiar o poder supremo da mídia nacional.
E como Senador, teve uma atuação à beira da inexpressividade, especialmente considerando o tempo que ficou por lá. Teve projetos bons, mas nada de fabuloso ou que tenha tido utilidade prática.
Marta por sua vez, fez uma gestão admirável na Prefeitura de SP. Foi derrubada por sua arrogância e incapacidade de politicamente, devorar quem a devorava. Ela foi dragada por ações impopulares que não precisavam ter sido tomadas e que foram ótimas para os prefeitos que a sucederam. O aumento de impostos e IPTU por exemplo, que colaram nela o apelido de "Martaxa", serviram o caixa do governo municipal e fizeram bem a todos que vieram depois dela. Porém, só ela levou a culpa. Esse erro, o Haddad também comete. Vai pagar o preço.
Mas Marta não é Marina. Ela é mais safo. Mas se engana que ela será tolerada pela imprensa que um dia a detonou. Ela será apenas usada como aríete, como todos os citados foram, até agora. Na hora H, o imprensalão puxa o tapete e reserva o lugar no segundo turno pra alguém do PSDB.
Além de tudo, Marta se esquece de uma coisa importante. Se quiser disputar a prefeitura de SP em 2016, concorrerá com um prefeito que também é admirado na periferia. E ela vai ter que falar mal dele e bem dela mesma. A oposição tucana claro, vai fazer questão de lembrar os podres que ela teve na administração dela e os incautos, sendo verdade ou não, acreditarão.
O trabalho de Haddad será mais fácil. Basta mostrar que ela está com dor de cotovelo. E se não fez antes, por quê fará agora?
A saída de Marta do PT, é um marco na política brasileira e sem dúvida, aponta para uma decadência do partido. É verdade o que ela disse, que se o partido não mudar, ele morre. Está aí a grande chance de o PT, se quiser sobreviver, se depurar.
Ao contrário, ele seguirá o caminho idêntico ao do PSDB, que teve a chance de ser o mais fantástico e renovador partido da República, a partir da gestão de FHC. Jogou no lixo a chance com mais coisas ruins do que boas em seu governo (exceto manter e ampliar o Real, que não foi criação sua) e por ter políticos em seu meio, (evidentemente), desceu ladeira abaixo. Foi se aliar ao pior da nação, que sempre foi o PFL.
Penso que o caminho dela será difícil e o que ela pretende, não conseguirá. Até porque, ela demorou tempo demais. O PT já sabe, antes mesmo de ela dizer, que precisa se reinventar, senão não fará o sucessor de Dilma. Nessa reinvenção, um dos pontos principais é não usar nomes batidos que possam ser alvos fáceis da imprensa. A construção de Dilma por Lula foi perfeita. Ele sabia que contra ela, por não ser política, nada apareceria. Já se usasse quaisquer dos nomes tarimbados do PT, seria destruído, porque se teve uma coisa de competente na oposição aliada à imprensa brasileira, foi a capacidade de destruir todo mundo que cercava Lula. O PT sabe que não adianta pegar os medalhões porque eles têm passado. E como no Brasil quase tudo mundo é culpado de alguma coisa, fica complicado.
Sendo assim, Marta não seria reaproveitada dentro do PT e também, não teria futuro fora dele. Ela se queimou sozinha ao longo dos anos e este tempo fora de cargos executivos, só serviu pra fazer com que ela levasse bordoada da imprensa (lembram do "relaxa e goza"?) sem ter como retrucar com alguma obra relevante.
Se o PT morreu como ela diz. Ela foi junto.
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