Você sabe que o mundo é dos espertos. E na política o que voa mais alto, rasteja.
Flávio Arns, senador pelo PT do Paraná já há algum tempo queria deixar a sigla. Mas por causa da fidelidade partidária e o medo de perder o mandato, ficou na dele. Só que esta semana fez uma ceninha básica no Congresso pro causa do arquivamento das denúncias contra Sarney. Disse que o partido jogou a ética no lixo.
Justiça seja feita, o PT não é santo, e por causa disso, muita coisa rola. Um dia ouvi um filiado falando para outro, que acabava de entrar na legenda, mas estava meio chateado com certas coisas. O filiado disse, tentando colocar panos quentes, "Não mude "de" partido, mude "o" partido". Por esta indignação, onde o cara já queria sair da sigla antes mesmo de entrar, dá pra ter uma base que certos políticos não são lá o que gostam de fazer parecer na mídia.
De toda forma, nosso assunto era o Senador Arns. É "deste" tipo de político que estamos falando.
Ele, com seu rompante de ética desta semana, falou que vai recorrer ao TSE pra poder deixar o partido sem perder o mandato.
Ele sabe bem o que fala porque não seria a primeira vez que sai de uma sigla. Pra quem não se lembra, Arns era oriundo do PSDB. De verdade, nunca deixou de ser tucano, apenas tinha pintado as penas de vermelho. Não foram poucas as vezes que votou contra as diretrizes do partido. Se não me engano, fez que nem o Gabeira. Foram pra onde o vento soprava. Mas depois se arrependeram e quiseram picar a mula. Gabeira foi mais rapidinho e conseguiu até ser eleito vedete da Veja e da Globo. Arns comeu bola. Perdeu o bonde.
Mas ele está louco pra voltar pra casa, esta é a verdade. Só que ia ficar meio estranho sair do PT e voltar pro tucanato, até porque tem que saber se os bicudos o querem de volta. Questões eleitorais, naturalmente, pois o amor e o comprometimento de idéias continuam os mesmos. Possivelmente tentará ir pro PDT.
A "vergonha" de Arns talvez tenha outras justificativas além do arquivamento das denúncias contra Sarney. O banho de ética que ele resolveu tomar agora, de uma hora pra outra, deve ter algo a ver com o fato de ele estar preocupado porque teria que disputar à faca a vaguinha para as proximas eleições. Aqui já estão com meio pé na vaga pela candidatura do PT ao Senado, Gleisi Hoffman, ex-candidata que quase levou, há quatro anos e o próprio marido dela, o Ministro Paulo Bernardo (hipótese menos provável).
Ou seja, Arns precisa de um partido pelo qual possa concorrer. Se bem que se eu fosse ele, tentava ser deputado. A briga pelo Senado no Paraná vai estar bem feia.
O PDT por exemplo, não tem ninguém para a disputa porque o único nome realmente forte da sigla, é o Osmar Dias, que já é Senador e que está com um pé no Palácio do Governo, pois tem chances concretas de ser apoiado pelo próprio Lula ao governo do Estado.
Outra legenda de aluguel por estas parangens, é o PSB. Partido do ex-deputado Carli Filho, que bêbado, atropelou e decapitou dois jovens em um acidente de carro em maio. Se não tiver outra escolha, Arns poderia bater na porta deles, também. Eles o aceitariam, claro.
Mas tem que combinar com o TSE, que se continuar com o ímpeto moralizador que tem tido ultimamente, negará o provimento de Arns e sustentará que se ele sair da sigla, perderá o mandato.
Ou seja, o "envergonhado" Arns tá num mato sem cachorro! Nessas horas, nada como um bom teatrinho pra ver se engambela alguém.
Clique aqui para ler no Terra a lenga-lenga do envergonhado Senador petista.
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