terça-feira, 1 de março de 2011

CURITIBA: O CALÇADÃO NA CANDIDO DE ABREU



Houve uma época quando em Curitiba, valia muito a pena deixar o carro em casa e ir de coletivo. Esse tempo passou há muito.

Todos os que moram em Curitiba já se habituaram aos milagres que essa cidade proporciona no campo da mobilidade urbana. Fabulosamente os "pensadores" da cidade conseguem fazer obras incríveis, que ceifam centenas de vagas de veiculos por dia, "sem afetar" em nada a vida do cidadão comum. Ao menos, assim dizem os administradores públicos.

É um milagre mesmo, que matemática alguma explica. Ora, como se consegue estreitar, obra após obra, o tráfego de veículos na cidade sem dar uma alternativa decente ao curitibano? Porque também, quem mora em Curitiba, já percebeu que proporcionalmente não aumentou o número de ônibus circulando o que portanto, significa, que o transporte público está falido há tempos.

Não há ônibus novos e o tal metrô? Esqueça, ele não existirá tão cedo por essas paragens. Isso é só uma peça de ficção bem aproveitada por marqueteiros.

Se você tem horário para chegar no trabalho, como qualquer mortal, já percebeu que os bons tempos se foram e deixaram muita saudade. Se não quiser usar seu carro, terá que esperar por longos pacotes de minutos nos terminais de ônibus esturricados de gente, até que, lá pelas 10 da manhã, comecem a vir ônibus mais vazios. Houve um tempo em Curitiba, que nos terminais eram feitas filas para embarcar no coletivo. Isso também deixou saudade. Hoje, que vença o melhor. Em outras palavras, ou você acotovela senhoras aposentadas e outras com crianças de colo, ou não chegará na hora certa em seu emprego.

Tudo isso faz da Curitiba de 2011 uma pálida lembrança daquela de 30 anos atrás.

E você vai dizer, "mas óbvio, tudo mudou em 30 anos".

Verdade. Tudo mudou. Então por qual motivo a propaganda oficial continua sendo a mesma? Continua dizendo que vivemos no paraíso terrestre e que isso aqui é primeiro mundo?

Curitiba continua sim, com os mesmos planejadores de 30 anos atrás, mas numa cidade que nem remotamente é a mesma. Agora, com a boa e fácil grana do PAC a Prefeitura resolveu fazer um calçadão na Cândido de Abreu, uma das mais movimentadas da cidade mas que por algum desígnio do destino, consegue não ter um tráfego tão lento. Não conseguia! Óbvio que isso durará muito pouco. Com o estreitamento da rua o curitibano verá o que já vê em tantos lugares. Chega um momento em que o trânsito simplesmente afunila e que se dane o horário e a paciência do motorista.

O calçadão no meio da avenida tirará algumas boas pistas de veículos, e a Prefeitura não explica para onde irá desviar esse trânsito. Ora, ela não coloca ônibus suficientes (e desobriga as empresas do setor a investirem), mas também não quer que você vá de carro. O que quer a Prefeitura?

Para onde vai todo o trânsito que não caberá mais na Candido de Abreu? Fará filas quilométricas nas vias que nela desembocam. Isso tudo para ter um quilômetro de calcadão possivelmente inútil, porém, lindo, iluminado e florido.

Um cartão postal, como os que estamos acostumados a ver da cidade. Por fora, bela viola. Por dentro, pão bolorento.

Como a Visconde de Guarapuava, com um criativo e organizado canteiro em seu centro, fazendo com que um motorista comum, as 18h30, demore 7 minutos para atravessar um único quarteirão.

Ninguém nega que Curitiba seja uma cidade bonita, limpa e cheirosa. 

O que poucas pessoas enxergam é que por baixo a cidade está escondendo coisas estranhas demais e essas coisas já começaram a trazer consequências.

Ou alguém já engoliu a Linha Verde? A obra faraônica que consumiu muito, muito dinheiro do contribuinte curitibano, mas que não serve absolutamente para nada. Só pra piorar um trânsito que já era ruim. Dois viadutos ou trincheiras alí, no lugar de DEZ pistas, teriam resolvido o problema do tráfego. Parece que Curitiba só quer ser bonita, não precisa ser funcional.

Pior, como se não desse para ser bonita e funcional ao mesmo tempo.

Se os administradores da cidade adoram se jactar de construírem uma cidade de primeiro mundo, por que não tiram idéias verdadeiramente inovadoras no que diz respeito a trânsito, de outros lugares como França, Alemanha ou até mesmo Estados Unidos?

Contudo, é perda de tempo falar e esbravejar. A propaganda aqui é potente.

Viva Curtiba!



Clique aqui para ler mais sobre a cidade de primeiro mundo
Clique aqui para ver a cidade que usará burca, no Paraná.
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4 comentários:

Anônimo disse...

Não é só a falta de ônibus, mas também a falta de taxis. Sim a frota de taxis é a mesma há 30 anos e a URBS (órgão que regulamenta a urbanização) não vê necessidade de ampliação.

Ricky disse...

tirando a parte de que um dia o transporte coletivo já foi bom, tah falando de Fortaleza!!! e o pior, minha cidade nem bonita é :/

Anônimo disse...

Não é sobre o assunto em pauta, mas ainda sobre Curitiba. Minha esposa e eu moramos em Ponta Grossa e fomos hoje 07/03/2011 à Curitiba fazer compras, ávidos para gastar muito. Para nossa surpresa, encontramos o comércio fechado. Algumas poucas lojas abertas. Os shoppings Curitiba e o Estação fechados. Nem fomos no Mueller. Voltamos muito decepcionados para Ponta Grossa. Ao chegar aqui, TODO O COMÉRCIO ESTAVA FUNCIONANDO. Fazer compras em Curitiba? Nunca mais.

Flávio Irala disse...

Eu morei quase trinta anos em São Paulo. Após seis anos em Londrina, estou há dois em Curitiba. Comparado com o da capital paulistana, o trânsito de Curitiba ainda está suportável, mas vem piorando a cada dia. Há o aumento do volume de veículos, é certo, mas o grande vilão parece ser sim as decisões equivocadas da Administração municipal. É o caso das ruas estreitadas, como você mencionou; da pequena frota de táxis; dos ônibus lotados, que inviabilizam a opção do transporte coletivo; das limpezas de ruas em horários de pico etc. Além disso, tem as calçadas do centro, que são um capítulo à parte. São as piores dentre as de muitas cidades onde morei: mal cuidadas, irregulares, péssimas para caminhar nelas. Meus tornozelos que o digam. Abraços.