GRECA NA PREFEITURA DE CURITIBA

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Curitiba há muito tempo não corresponde à imagem que tem por aí. De cidade do futuro, passou a ser tida como cidade atrasada. De celeiro de idéias e bandas de garagem, passou a ser uma cidade que reprime movimentos culturais autônomos, fechando bares e proibindo apresentações musicais nas praças.

Curitiba, da saudosa Santa Felicidade se transformou num inferno de carros entulhados nas ruas por causa da falta de planejamento urbano. Semáforos pipocam na cidade, atravancando cada uma das quadras, ruas são estreitadas para colocar canteiros inúteis que sequer embelezam, porque nem flores, eles trazem.

O que um dia foi exemplo de transporte coletivo competente, virou um modelo retrógrado de como não fazer, se você pretende o progresso. Discussões vem e vão sobre o tal metrô, uma obra que custaria uma fábula e pouco resolveria. Melhor seria colocar mais coletivos, alargar algumas ruas, retirar canteiros que dividem avenidas de uma mão só e construir trincheiras.

Mas por óbvio, isso não vai acontecer. Curitiba tem no seu comando uma Stasi das idéias. O policiamento sobre o que é novo impera e aparentemente, nada que é progressista consegue brotar nos celeiros municipais.

Curitiba vai para os 3 milhões de pessoas com a mesma cabeça que tinha quando havia 500 mil.

Certa feita, um (hoje) Desembargador me disse. "O último cara a colocar um tijolo nesta cidade, foi o Rafael Greca". Ele falava por volta do ano 2004, com a cidade ainda atordoada pelos 8 anos de Cassio Taniguchi, seus radares e seu grande "nada".  Depois de Cassio, veio Beto Richa, que virou Governador. Na gestão de Beto, muitos tijolos foram assentados, mas carece de comprovação de utilidade a maioria de suas obras. 

A impressão que o curitibano tem é que a cidade virou um grande negócio pra inglês ver.

Quem é da cidade ou quem já está aqui há muito tempo e pode comparar as administrações, tem na boca um gosto de "fui enganado", recoberto de uma calda cremosa de "acho que continuarei sendo".

O "último assentador de tijolos" mencionado pelo Desembargador foi um divisor de águas. Talvez o último dos moicanos, mesmo. Greca era aliado da turma lernista, que destruiu o Estado. Curiosamente, enquanto o Estado ia para trás, Curitiba ia para a frente. Apesar da cabeça ruim de seus antigos aliados, Greca pelo jeito, conseguiu não se contaminar. Mas foi ficando do lado de lá da política. Depois de ser deputado e brigar muito com Requião, teve seu momento diferente e foi para as bandas do PMDB.

Hoje Greca está na dele. Mas se percebe um certo burburinho nos cantos da cidade. Dizem que Greca poderia voltar à Prefeitura. Poderia tentar, pelo menos. 

Aparentemente, se fosse para a corrida, deveria ir por uma via alternativa. Greca penso eu, pela própria sobreviência política, não deveria ser mais confundido com a "turma do Lerner". Porém, também não deveria ser confundido com a "tuma do Requião". Ambos tiveram suas qualidades e seus (muito mais proeminentes) defeitos. Curitiba mereceria algo um pouco mais bem trabalhado. 

Curitiba mereceria poder discutir idéias de verdade, e não fazer isso só de mentirinha, para poder angariar votos. Precisaria construir coisas para os pobres mas também coisas para os não tão pobres, para que todos possam ir tocando suas vidas sem presenciarmos os guetos de exclusão como os de hoje. De um lado, a FIEP, do outro lado da avenida (das Torres), o favelão.

Curitiba precisa de mais cultura porque está virando uma cidade fundamentalista. Só nos falta instalar a burca para as mulheres.

Como o PT pelo jeito nunca ganhará eleição alguma em Curitiba, e olha que a cidade precisava de um governo de esquerda ao menos uma vez na vida; Greca com sua bagagem inconstestável e inegável visão social, poderia (e deveria) ser uma boa alternativa.

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