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Este escriba reconhece que sabe muito pouco sobre a vida. E sabe menos ainda sobre a morte. Então, não vai querer entrar em uma conversa longa a esse respeito com os sapientes. Especialmente se esses sapientes fizerem parte do jornalismo do Globo.
É que eles já descobriram um lugar intermediário entre a vida e a morte.
Eu achava que quem não estava morto, estava vivo. E quem não estivesse vivo, estaria morto. Durante anos fui levado a crer nessa possibilidade. Porém, nesta tarde de domingo descubro que, ou, algumas pessoas na redação do jornaleco são muito ruins de matemática, ou existe um terceiro estágio, um "limbo" ou mesmo, um purgatório.
Porque se 100 pessoas estão no avião, e 70 morrem, significa que os outros 30 não morreram. Não é necessário estampar o número restante na manchete. É como dizer que são 10 para as 6 da tarde. Você sabe automaticamente o outro modo de dizer isso: 17h50.
Ocorre que na escola (da vida) do jornalismo, se ensina que manchete é para resumir, que é para ser óbvio. As explicações e os meandros deverão estar dentro da matéria. Dessa forma, é no corpo da história que se fala que 70 foram encontrados mortos e até agora, somente 30 foram encontrados vivos. Dos outros, não se sabe, podem estar mortos ou vivos, mas estão desaparecidos.
Mas a manchete, como se pode ver, é taxativa. 70 morrem e 30 vivem. Como seria o certo? Algo como "Avião cai com 100 pessoas no Irã. Pelo menos 70 morrem". Fácil e objetivo. E não se corre o risco de ser chamado de estúpido por quem lê o folhetim.
Fora isso convém dizer que o jornalista autor da proeza deve mesmo ser novo no pedaço. Ele deixou escapar na matéria que uma das possibilidades de cairem tantos aviões no Irã, seria em razão do embargo dos EUA que proibem as empresas do mundo (especialmente as estadunidenses) de venderem coisas ao Irã. Nesse caso, peças para reposição, o que levaria as aeronaves a voarem sucateadas.
Quando o chefe da redação souber que alguém alí culpou a adorada América por algo tão odioso, cabeças vão rolar.
Clique aqui para ver que Leitão não desiste.
Clique aqui para ler sobre a extinção do DEMo.
Clique aqui para ver o que é uma nãonotícia.
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Um comentário:
Observe-se ainda que menciona-se "cerca" de 100 passageiros denotando incerteza quanto ao numero de embarcados no dito avião e depois vem a papagaiada que voce destrincha muitissimo bem.
abraços , Jonas
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