quarta-feira, 14 de março de 2012

CURITIBA: TJ MOSTRA QUE POLÍTICO NÃO É TUDO IGUAL

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Veio em boa hora a decisão do Tribunal de Justiça do Paraná, que, em sede de embargos infringentes, decidiu por absolver o ex-Prefeito Rafael Greca (1993-96), por unanimidade, em uma ação de improbidade administrativa, pela construção do Hospital do Bairro Novo, em uma das regiões mais populosas da Capital do Paraná.

O que acontece é que o Ministério Público achou que a obra foi feita rápido demais e com dispensa de licitação. De fato, mas isso não significou improbidade porque em primeiro lugar, a obra caminhou rápido por ter empregado uma nova técnica construtiva até então não existente no Brasil. E dispensou a licitação justamente em razão disso. A lei de licitações, grosso modo, permite a dispensa em determinados casos, onde não se encontra similaridade de produtos e serviços.

Era necessário que a obra caminhasse rápido. Mulheres e bebês morriam em taxas incríveis até então, considerando que os outros hospitais existentes naquele momento deixavam o atendimento às parturientes para o segundo plano, por considerar coisa não urgente. Era situação de terceiro mundo e o dado mais elementar de uma cultura avançada é não deixar morrer suas crianças, quando nascem, ou logo depois de nascer, por causas absolutamente evitáveis.

Veja, leitor, não é que o Ministério Público estivesse errado em questionar. Faz parte de sua obrigação. Só que é preciso bom senso pois há de se verificar que nem tudo o que é feito no mundo político, especialmente as coisas feitas apressadamente, são necessariamente provenientes de tramoia ou desvio de verbas. Interessava a Paulo Maluf dizer que todos os políticos eram iguais, pois assim, ele se beneficiava. "Se são todos iguais, votem em mim, porque pelo menos, eu faço". Não era esse o estilo de frase dele? Só que no mundo real, a vida nos apresenta outro prisma. 

O Hospital do Bairro Novo abrigou um programa premiadíssimo e reconhecido por diversos órgãos internacionais, como sendo de excelência. O programa que na gestão seguinte, teve o nome mudado para Mãe Curitibana. 

Hoje Curitiba está entregue à malversação. Há lixo nas ruas, o centro da cidade cheira mal. Toda vez que chove forte, diversos bairros são alagados e o trânsito virou um inferno. Há pouco menos de duas décadas não era assim. As coisas caminhavam e foi justamente por isso que a Capital do Paraná ficou tão famosa por sua existente qualidade de vida. A construção de um hospital naqueles termos, naquele momento, não era nada diferente do padrão da cidade, então, muito progressista. O curitibano exigia respostas rápidas já que estava habituado a uma cidade um passo na frente.

Por militar na advocacia, este escriba entende que algumas vezes quando um político é absolvido, o povo já imagina ser coisa arranjada. É compreensível porque o cidadão, não sem motivos, está cansado de ver traquinagens darem em nada. Infelizmente as decisões judiciais ficam desacreditadas quando o ladrão de galinha vai em cana mas o político corrupto nunca é punido. 

Só que isso impede que haja uma visão justa, quando um político faz algo certo e é questionado por alguém que está meramente cumprindo seu papel de questionador. Nós, os que nos interessamos pela política pelo simples fato de sabermos que o mundo melhor ou pior, depende dela, não podemos nos furtar a analisar as coisas com isenção.

Vindo para o trabalho nesta manhã, este escriba ouviu o quase sempre xarope Ricardo Boechat, na BandNews Fm dizer que o invés de dizer porque manteve o chefe da Casa da Moeda (acusado de desvios) no cargo, o Ministro Guido Mantega teria apenas justificado que o cara já estava presente nos governos tucanos.

Se Mantega realmente falou isso*, é uma demonstração triste de como nós, povo do Brasil, estamos olhando para a corrupção. Quando tudo parece igual e todo mundo é farinha do mesmo saco, se alguém destoa é logo desacreditado. É por isso que comecei estas linhas dizendo que era em boa hora que vinha a decisão da absolvição. As eleições curitibanas se aproximam e isso seria usado contra Rafael, que será candidato pelo PMDB. Mas seria usado por quem? Justamente pelos Paulos Malufs da cidade, que a colocaram num balcão de negócios, vendendo por quem der a melhor oferta, pouco importando se estamos alagados, presos no tráfego ou se crianças morrem ao nascer.

 *Pra ser sincero, eu não o ouvi dizer isso, neste contexto. Como sempre duvido do que venha da grande imprensa que adora um neoliberal e condena tudo o que seja de esquerda e progressita. É uma imprensa que fala bem de quem paga, e mal de quem não paga.


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