segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O GOLPE EM HONDURAS E LULA

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No Vermelho:

"O Brasil não irá tolerar um ultimato de um governo golpista", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo (27), rechaçando o prazo de dez dias dado pelo regime militar de Honduras para o Brasil definir o status do presidente constitucional hondurenho, Manuel Zelaya (veja)".

A matemática do golpe é a seguinte em relação ao Brasil. Zelaya entrou na embaixada porque quis e foi acolhido. Como pregam as regras internacionais das democracias.

Obviamente o Brasil, país soberano que é, comprou a briga. Ao contrário do que faria em épocas anteriores com certos governos que têm uma ave como emblema. Antigamente o Brasil tiraria a pontapés o exilado. Prova disso aliás, é a declaração de Zé Chirico dizendo que o certo é largar o presidente vítima de golpe, na mão (leia aqui). Ora, ora. Alguém esperava alguma coisa diferente dele?

Os golpistas de Honduras querem jogar pesado. Eles têm o apoio da elite de seu país, dos republicanos americanos que deram o aporte logístico ao golpe e naturalmene, contam com a simpatia da imprensa direitista mundial, sempre favorável a qualquer golpe que preserve os direitos dos de meia dúzia e escorrace o povo.

Como não poderia deixar de ser, no Brasil é a mesma coisa. Globo, Veja e assimilados tratam os golpistas como "governo de fato". Procuram subterfúgios linguísticos para fugir das palavras golpe e ditadura.

A mesma ditadura que a Folha tratou como ditabranda. E a quem o jornal O Globo dedicou um longo editorial em 1964, saudando como "democratas" e apoiando o golpe de estado.

Claro que imaginam que todo mundo é estúpido. Enquanto Demetrio Magnoli, o sociólogo da Band colocou a culpa em Zelaya pelo golpe, por ele ter tentado aprovar uma mudança na constituição que lhe permitisse se candidatar novamente, a mídia brasileira "esqueceu" totalmente que Alvaro Uribe da Colômbia faz a mesma coisa.

Mas o narco Uribe, pode. Um presidente eleito pelas urnas, não pode.

Contra o golpe estão os governos de todos os países do mundo, incluindo o governo "oficial" dos Estados Unidos. Obama não é a favor da tomada de poder, como foi Bush no golpe contra a Venezuela em 2004. Naquela situação, Bush reconheceu os golpistas como governo já no dia seguinte à deposição do presidente democraticamente eleito. Ocorre que o poder paralelo de Washington não deixa que o Obama tome atitudes mais severas. Os republicanos estão ao lado do golpista Michelletti.

E só os EUA com seu poder de pressão efetivo (econômico) poderiam ver resultados mais concretos. Coisa que eu duvido que aconteça. Obama não irá declarar um embargo contra Honduras, como declararam os EUA contra Cuba. Afinal, golpe não é golpe?

Porque só os governos de esquerda estão errados?

Ocorre que pouca gente presta atenção no seguinte: Lula não é burro. Ele sabe muito bem do que está falando quando diz o que o golpista hondurenho irá enfrentar se insistir na permanência no poder.

A ONU deverá tomar providências e os EUA irão a reboque. Do contrário, ficaria muito feio pro Obama, que tenta mudar a imagem que seus antecessores deixaram de seu país. Uma América que ajuda ditadores e expulsa democracias do poder.

E daí, só nesta situação, a nossa imprensa, que SEMPRE apoiou os golpes de estado tanto no Brasil quanto em qualquer outro país da América Latina, começará a tratar Michelletti como ditador e golpista. Só quando a imprensa estadunidense e seu governo, assim permitirem.

Pensam ingenuamente que, agindo como agem agora, desgastarão a imagem de ula. Vão cair do cavalo de novo porque além de tudo, o Presidente brasileiro sairá conhecido mundialmente como um democrata que bateu na mesa e se opôs, dentro das regras internacionais, ao golpe.

E nossa mídia será, de novo, reconhecida como um grupelho de larápios, que detesta a democracia e o povo. Como sempre foi.

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