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Este não é um post para falar de trânsito. É pra falar sobre a psiqué e o estado de espírito das pessoas. É pra falar de alienação intelectual.
É pra falar sobre a facilidade com que um ser humano aceita ser transformado em gado, sendo conduzido pelo curral, de acordo com o que pretende o vaqueiro.
Vamos lá. Quem conhece Curitiba, sabe que uma das principais ruas da cidade é dividida em toda sua extensão por um imenso canteiro. Esta rua é a Visconde de Guarapuava e o canteiro não tem uma seventia maior. Sua única função é "embelezar" e segurar uns postes e canteiros.
Por ser uma rua muito antiga, quando foi inventada, não havia qualquer problema com isso. Curitiba tinha muito poucos carros naquela época as flores que talhavam a avenida não incomodavam.
Mas muita coisa mudou desde então. Curitiba cresceu muito e hoje é a maior cidade do Sul do País. Ela em conjunto com a Região Metropolitana formam um dos grandes emaranhados populacionais do Brasil.
O planejamento urbano da cidade não mudou um centímetro. As mesmas cabeças retrógradas que imaginavam construir uma Suíça brasileira nos anos 70, ainda estão lá. E os novos que entraram, beberam da mesma fonte. Curitiba é uma cidade horizontal, com poucos viadutos e poucas trincheiras. O planejamento urbano providenciado por aqui é um amontoado de semároforos. E como a cidade já está cercada pelas outras da Região Metropolitana, é impossível crescer para os lados. Precisa crescer pra cima. Ou ficar esganiçada.
Trocando em miúdos, Curitiba é uma boa cidade. Mas parou no tempo.
E seu povo também.
E é justamente aí que entramos na questão do trânsito e sua ligação com o estilo "gado" de ser, do curitibano.
Olhando na a foto acima (que foi tirada há muito tempo) para o canteiro que atualmente transforma o trânsito daquela rua em um pequeno inferno, surgiram diversas reclamações de setores especializados. Gente que entende de tráfego urbano dizendo o óbvio: Um canteiro que divide uma mesma rua em duas, e leva para a mesma direção, poderia muito bem ser retirado. As plantas podem ser colocadas em outro lugar, e os postes todos enterrados.
Até porque, espaço para o pedrestre existe suficiente. As calçadas desta rua têm aproximadamente 6 metros cada lado. Grande o suficiente pra transitar um batalhão por alí.
Mas a Prefeitura deu de ombros aos insistentes pedidos de retirar o canteiro. Quando as discussões surgiram, preferiram cortar as vagas de estacionamento de um trecho da rua, acabando impiedosamente com o comércio local que dependia do motorista. E sobre a demora convém notar que segundo uma reportagem da Gazeta do Povo feita algum tempo atrás, no horário de pico se leva aproximadamente 7 minutos pra cruzar de carro cada quarteirão. Como são 10 os quarteirões mais congestionados (talvez uns 20 ano todo), se leva pelo menos uma hora pra cruzar a rua toda.
Infelizmente não foi só a Prefeitura que não viu como poderia ser facilitada a vida do pagador de impostos que precisa atravessar a rua mais central da cidade. O próprio povo não viu. Ao menos, uma parcela substancial, dele.
Em uma calorosa conversa sobre a inutilidade do canteiro no meio da rua*, uma pessoa saiu em sua defesa com o seguinte argumento: Se tirar o canteiro, como faremos pra atravessar de um lado para o outro?
O incauto morador de Curitiba se refere às "janelas" que existem de quando em quando pra permitir que o motorista saia de um lado da rua e vá para o outro, atravessando pelo meio do canteiro.
Eu lhe disse o elementar: Se tirar o canteiro, não precisará das "janelas",. Daí você faz como se faz em qualquer lugar do planeta com uma rua larga. Dá seta no carro e entra.
Mas o complexo de gado dessa parcela da população representada por meu interlocutor não deixa verem o básico. Mudar pode ser pra melhor. Basta usar a cabeça.
Só que é algo que está ficando difícil pedir ao morador de Curitiba. Os cérebros estão vindo de fábrica todos empacotados, e a maioria das pessoas não o tira do plástico, uma só vez na vida.
Em Curitiba, parece que não se pode criticar nada.
Em Curitiba, parece que não se pode criticar nada.
* Pessoas o Planejamento Urbano dizem que o canteiro é uma "ilha de sobrevivência" para o pedestre. Bem, só se for para o pedestre imbecil, porque o canteiro tem grades em quase toda a extensão da rua, o que impede a passagem de pessoas à pé.
Clique aqui para ver o que falou o respeitado Luiz Carlos Prates.
Clique aqui para relembrar o que falou Boris Casoy sobre o mesmo tema.
Clique aqui para ver a Veja entregando o jogo.
2 comentários:
Por que , ao invés de sugerir o fim do canteiro, você não sugere transporte coletivo subterrâneo?
Bom, não moro em Curitiba, mas ao ler as criticas frequentes ao transito dessa cidade nesse blog, noto muita semelhança com as criticas que os motoristas fazem ao transito aqui na minha cidade, Uberlandia: Semaforos, canteiros e radares... eu pergunto: Antes de fazer essas criticas as pessoas se colocam no lugar dos pedestres? Sim, pois num país onde é cultural os motoristas não respeitarem as faixas de pedestres, semáforos e canteiros são de grande valia. Sobre os radares, acho que se todos respeitassem os limites de velocidade, ninguém seria multado correto?? Perdão pelo comentário, mas me parece que o autor das críticas quer mandar asfaltar até as calçadas da sua cidade para permitir o tráfego de automóveis.Não acredito que esse seja o caminho para a construção de cidades mais humanas e civilizadas.
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