.
A lei faz certas restrições quanto a propaganda eleitoral antecipada e em razão disso, os candidatos se movimentam para estarem resguardados de punição. Assim, o que vamos apontar em seguida não é alguma ilegalidade, vamos sim, apenas falar de hipocrisia.
E pra saber ao quê me refiro, vamos situar primeiro o leitor que não é de Curitiba. O adesivo fixado no carro da foto acima é uma alusão clara à junção do Governador do Paraná, o tucano Beto Richa com o Prefeito de Curitiba, o ex-vice Prefeito de Beto, Luciano Ducci. Beto apoia Ducci nas próximas eleições.
Esse padrão de adesivo ficou conhecido há 4 anos, quando Beto era Prefeito da capital (e Ducci, como dito, seu vice). Naquela época, com a mesma padronização de letras, vinha a palavra "fica". Era pra dizer que Beto não devia "ir embora", deveria sim, se reeleger e comandar a cidade por mais uma gestão*.
Foi uma campanha de sucesso inegável, visto que Beto se reelegeu Prefeito com notável facilidade. O poder econômico da candidatura tucana deixou comprovado que aquela não foi uma campanha de amadores.
Na pré-campanha, é proibido esse tipo de coisa. Não dava pra estar dentro da legalidade, fabricando adesivos alusivos ao candidato, e estar a salvo de punição da lei, ao mesmo tempo. Mas era ingenuidade achar que quem pagava os tais adesivinhos que viraram febre na época, fossem os próprios donos dos carros, o eleitor comum. A lei permite a manifestação particular a respeito. Só que isso seria difícil em termos de logística e viabilidade.
E veja, vamos falar apenas dos adesivos, nenhuma palavra sobre a "cachoeira" de outros dinheiros utilizados no certame. Levaria 3 dias de leitura.
Este ano volta o estilo agressivo da massificação da candidatura tucana. A lei não proíbe o cidadão de meter em seu carro uma manifestação de sua preferência. E pra burlar a regra, nada impediria que um laranja bancasse os tais adesivos e os distribuisse por aí, inicialmente, para aqueles que têm cargos comissionados, que se beneficiam de alguma forma com a permanência da atual gestão. Depois, com o passar do tempo, iriam distribuir a qualquer eleitor. É ilegal? Não é. Mas é hipócrita pra caramba.
A lei 9504/07, que disciplina as regras para as eleições fala que os pré-candidatos podem se manifestar, mas não podem pedir votos. Ora, isso não é subjetivo demais? Aliás, a lei eleitoral é uma das mais subjetivas que existem no Brasil. Tudo vai do entendimento do juiz do caso, porque se um adesivo desses não é pedir votos, eu não sei o que seria. Se não é pedir voto o Governador andar de braços com o Prefeito que ele apoia, mesmo em horário de expediente inaugurando obras municipais, eu não sei o que seria.
As eleições se converteram numa fraude descarada em matéria legal, porque, ainda que a lei seja necessária e bem vinda, os subterfúgios que ela obriga, simplesmente chamam o povo de idiota. Ora, alguém duvida que só os muito endinheirados ou cessionários do poder é que terão os benefícios da campanha antecipada bem orquestrada?
Como dito, a lei é necessária e seria muito pior sem ela. Cabe é ao povo ficar de olho nessas manifestações ostensivas de pilantragem eleitoral. Elas procuram passar a impressão de uma hegemonia de pensamento, hegemonia de preferência, que em verdade, não existe. Pergunta se as outras candidaturas podem contar com essa dinheirama pra fabricar penduricalhos propagandísticos que se enquadram à margem da lei?
A tucanagem novamente vai deitar e rolar em Curitiba (e em outros tantos lugares) com o caminhão de verbas de que dispõe. Tudo em tese, dentro da lei e da ordem. E o povo, sendo ludibriado de novo.
* Beto, como Serra, mentiu ao povo. Disse que cmpriria o mandato até o final, mas largou no meio pra sair para o Governo.
Clique aqui para ver o demo falando de moralidade na casa de leis.
Clique aqui para ver a fabriqueta de candidatos do imprensalão paranaense.
Clique aqui para ver a cegueira matinal do Reinaldo Azevedo.
Clique aqui para ver Greca acabando com a boataria da imprensa curitibana.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário