FOIE GRAS

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É preciso deixar uma coisa muito clara no ambiente da blogsfera brasileira. Existe sim uma luta entre "o bem e o mal".

Ingenuidade à parte, quando muitos de nós nos achamos grandes estrategistas políticos e dizemos que o Presidente Lula deveria fazer isso e dizer aquilo, é porque notamos o fato incontestável de que a grande imprensa faz o papel de aríete na defesa dos grandes interesses da oposição. E o faz porque ela é muito bem recompensada para isso.

Quem é do meio televisivo sabe, as televisões não sobrevivem sem as generosas verbas publicitárias dos governos, sejam eles de que instância forem. Se Federal, Estaduais ou Municipais. E daí temos a derivação do seguinte. Se o governo dá dinheiro, a televisão fala bem, se não dá, fala mal.

Em segundo lugar a questão macro. O governo pode até anunciar, como é o caso do Governo Lula. Não sei dizer se anuncia mais ou se anuncia menos do que a gestão de FHC, mas que gasta lá seus trocados em publicidade, gasta... Então por qual razão as tevês não dão folga para o Presidente?

Porque Lula contraria interesses correlatos. São os amigos dos amigos que se sentem vilipendiados. Como falei antes, ingenuidades à parte, nem vamos entrar no mérito da palavrinha corrupção, que a imprensa tentou mas não conseguiu colar exclusivamente nas costas do PT. Pensam que o cidadão mediano é imbecil e que nunca notou que todos os escândalos que essa administração se envolveu não nasceram ontem. Eles já vêm de muito tempo.

Claro que a capa de paladino da honestidade já não serve mais para o Partido dos Trabalhadores. Mas dizer que eles são mais corruptos do que os anteriores é claramente uma bobagem. Dita por quem ou nada entende de política ou é fanaticamente contra qualquer partido de esquerda. Ou mesmo de centro-esquerda. Na pior das hipóteses o PT é corrupto igual. Mas mais corrupto, ele não é.

O terceiro fator é o classismo. Quem ainda não teve um revertério no estômago ao ouvir o sabe-tudo Renato Machado opinar sobre vinhos e Fórmula Um? Sobre o "foie gras da Tailândia" e as luzes de natal da Madison Square? Quem do populacho não vociferou ao ouvir a indiganção ensandecida dos jornalistas com o "caosaéreo", os atrasos nos aviões, e não dizerem uma única palavra sobre as péssimas condições dos ônibus de viagem brasileiros? Eles também atrasam e muito, eles também são desconfortáveis. Eles também fazem overbooking. E as rodoviárias? Sem comentários sobre elas... mas obviamente nenhum bem nascido liga pra uma coisa desas.

Daí a imprensa se distancia do homem e da mulher comuns.

Mesmo os jornalistas mais mal remunerados das repetidoras do agreste nordestino se arvoram na jihad de derrubar o governo porque Lula não "os representa".

Na visão desses senhores, FHC os representava. Pelo menos, representava o que eles gostariam de ser, mas nunca foram e talvez, nunca serão. Bem nascidos, endinheirados, faladores de 3 idiomas e capazes de ganhar milhares de reais por uma palestra insossa que só agrada aos puxa-sacos.

Daí propagam tolices de que Lula é querido porque o povo é ignorante. Se fosse estudado, votaria em algum boa-praça do PSDB.

Como cada dia mais as coisas ficam claras, vão deixando a briga de bastidores para sairem na porrada pública com o Governo.

Foi assim com o fracassado "cansei". Regina Duarte, a eterna garota propaganda de José Serra, que tinha "medo" de Lula em 2002 fez cara de funeral e de nojo na publicidade da campanha do ano passado. "Multidões" de trinta pessoas se amontoaram nas praças de São Paulo ver ouvir... Ivete Sangalo cantar, pois paga com o dinheiro da Philips, que encabeçou o movimento cansado, foi fazer um agá com a elite e desprezou o povo pobre que compra seus CDs. No Piauí centenas foram às ruas quebrar aparelhos da Philips em virtude dos dizeres do presidente da empresa, que em outras palavras, afirmou que aquele Estado não era nada.

Invetam teses e inventam notícias. Perdem o pudor e a vergonha na cara. A campeã da manipulação é claro, é a Revista Veja. O Grupo Abril que é composto de revistas e TVs não suporta viver em um país comandado por um ex-operário. Ainda mais se este país está aos poucos, dando certo. O mundo capitalista se decompondo e eles argumentando sobre besteiras. Sobre se Lula sabe usar o "s" ou não nas frases. O "sífu" do Presidente é um horror!

O mundo mudando de face e eles presos em seus manuais de comportamento elitizado, pequeno burguês.

Dá tristeza ao folhear um exemplar dessas revistas semanais desesperadas. Dá tristeza assistir a um jornalístico na tv. Uma bobagem atrás da outra, uma invenção mais estúpida que a anterior. E cobram um preço razoável por isso. Dez reais por um exemplar de banca, onde se vê desfiado o mais alto grau de raiva que só tem precedentes quando comparado a Jango ou Vargas.

A pessoa paga para ser manipulada.

Esta imprensa odeia tudo o que é povo. Mas é do povo que ela sobrevive.

Ela quer matar a galinha dos ovos de ouro porque quer o pobre sempre pobre. Mesmo que tenha que vender jornais e revistas para meia dúzia. Ela não liga, em verdade. Como disse um antigo presidente da Fiat brasileira lá pelo final dos anos 80, começo dos 90 "pra mim não existe inflação", se referindo ao fato de quem comprava seus produtos era uma classe muito bem definida e endinheirada, ainda que extremamente pouco numerosa. Para ele tanto fazia se o pobre era pobre. Ele achava que estava garantido.

Mas hoje a economia mudou e mudou duas vezes. Primeiro porque os mercados dependem de consumidores e não só de meia dúzia, como essas grandes empresas estavam acostumadas. Segundo porque o capitalismo como nós o conhecemos assinou sua sentença de morte em setembro do ano passado ao ter que engolir tudo o que havia vomitado sobre uma regulação de mercado.

E mesmo assim, deitada em berço esplêndido nossa grande mídia se revigora ao poder dar golpes de taco na administração federal com manchetes como a de hoje na Folha Online: "Emprego na indústria tem maior queda para dezembro desde 2003, diz CNI". Para "nossos" Ali Kamel, Mirian Leitão et caterva, urge o dia em que Lula saia e graças ao bom deus (mercado) José Serra assuma o poder, que é dele por direito.

Sobram os midialivristas, os autores de blogs, os enviadores de e-mails. Sobram as pessoas que pensam, que por sorte, aumentam de número a cada dia. Sobram as pessoas que estão deixando a escuridão da desinformação informada, do excesso de tolices inúteis para prestarem atenção ao mundo real.

Mundo real que de longe, não quer nem saber do foie grás da Tailândia e das luzes da Madison Square.

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