CURITIBA, CIDADE MODELO

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Infelizmente em Curitiba, do mesmo modo que em São Paulo, não adianta falar. Não adianta martelar. Deve ser algo que servem na água desta cidade.

Um novo semáforo pipocando por dia e o trânsito ficando esganiçado. E o povo não vê que o problema não é o excesso de carros e sim, a obrigatoriedade de eles terem que ficar esperando a luz verde abrir. Dois, três, quatro sinaleiros fincados em avenidas pacatas, em bairros distantes, com pouco tráfego já virou coisa de rotina em Curitiba. No entanto, ninguém se pergunta por qual razão.

Rotatórias são eliminadas, lombadas eletrônicas (já que ninguém mais cai nelas, mesmo) vão sendo desativadas. E no lugar deles o quê? Viva! Mais um sinaleiro.

A maravilhosa e cara Linha Verde. Um primor de beleza estética e uma astuta ineficiência. Se tivesse um viaduto ou uma trincheira nos seus entroncamentos, não haveria congestionamento. Mas não, para controlar os carros temos dúzias de luzinhas piscando o dia todo. Piscando para formr filas de automóveis.

Para uma cidade como Curitiba, perder 1 hora para chegar de carro a algum lugar é um sacrilégio. Tudo aqui é muito perto. Raramente o curitibano vai a distâncias maiores do que 20 quilômetros entre um compromisso e outro. Mesmo assim, perde proporcionalmente mais tempo do que o paulistano em seu trajeto.

Vivemos nosso pequeno caos cotidiano, congestionamentos absurdos para o nosso tamanho de cidade e população, ônibus superlotados, violência crescente. Mas o curitibano ainda acredita na ladainha oficial de que isso aqui é cidade do primeiro mundo.

Esse discurso nasceu no final dos anos 70 nas mãos do marqueteiro Jaime Lerner. Lerner foi prefeito da cidade por 3 vezes e elegeu todos os sucessores, com apenas um intervalo. Lerner também foi governador do Paraná por 2 mandatos seguidos (na mesma época que FHC foi presidente) e terminou com o Estado de um jeito, que teve que sumir, literalmente, da vista do povo. Corria o risco de ser apedrejado.

Atualmente estamos na gestão do tucano Beto Richa, que sim, ao bem da verdade, é bem melhor do que a de seu antecessor, Cassio Taniguchi (PFL). Richa era vice de Taniguchi, mas "brigaram" perto do pleito e ele se "descolou" do patrono porque senão, jamais teria sido eleito. O eleitor curitibano, naturalmente, acreditou na história de que um não representava os mesmos interesses do outro. Infelizmente, o curitibano acredita em tudo. Agora Cássio foi fazer das suas bem longe. Está em Brasília sendo secretário de outro tucano, o fraudador de painéis eletrônicos José Roberto Arruda. Cassio deixou Curitiba na mesma situação que Lerner deixou o Paraná. Mas claro, ninguém por aqui consegue se perguntar porquê.

Curitiba é um feudo com muralhas intransponíveis. Pelo jeito jamais sairá das mãos do grupo que a comanda desde sempre.

E a população parece feliz, senão Richa não teria sido reeleito no primeiro turno com quase 85% dos votos.

A democracia tem dessas coisas. O "choque de gestão" dos bicudos.

Quando a temporada de chuvas aparece, é que vemos com qual seriedade somos conduzidos. A periferia mergulha no barro, os buracos do "asfalto"afloram por toda a cidade. Reflexos da política de não fazer calçamento adequado. Senão, se o asfalto não se demanchasse, que desculpa teríamos para pagar as empreiteiras para consertar?

A linha verde, em sua parte não "chic" se esfarela, com muros de viadutos caídos, pontes sem guarnição.

Mas não adianta reclamar. Existe sempre uma boa explicação para tudo.

E a melhor delas, justamente a que desobriga os administradores a fazerem algo realmente sério, que não fique só na imagem, é que mesmo do jeito que está, o povo ainda acha que Curitiba é de primeiro mundo!

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