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O jornalista Ricardo Kotsho, que sempre respeitei mostra uma coisa corriqueira na internet e na imprensa brasileira. O estapafúrdio inconformismo da elite brasileira. Da elite e da pseudo elite. E daqueles que acham que são mais do que os outros mesmo tendo um currículo pouco mais do que medíocre pra mostrar.
Mas ok, cada um luta com as armas que tem. Seria ingenuidade da minha parte esperar que todos que criticam nosso país tenham alguma idéia melhor para ajudar. Falam porque a boca mexe.
Caso me permitam. Essa gente sobre quem Kotscho escreve no texto a seguir, a jornalista Barbara Gancia, é patética. Ela diz que foi para Buenos Aires no carnaval porque na visão dela, gente chique não fica aqui na folia. De lá ela critica o Brasil e os brasileiros. Digamos que seja o roto falando do rasgado. Buenos Aires, sabemos, está desabando; devia então ter ido para Nova Iorque no carnaval. Lá também está desabando, mas pelo menos combinaria mais com o monte de tolices que esta senhora vomita.
Mas sei lá, talvez o bolso dela não permitisse tal loucura, ir daqui pra Big Apple gastar zilhares de dólares só prá não ficar cheirando povo. Mesmo assim, tem um amontoado de gente na imprensa achando que sabe e que vale muito.
Enfim. Vejamos o texto do Balaio do Kotsho, transcrito pelo Vermelho:
"É sempre assim: quando não se tem mais nada para falar contra o presidente Lula, ataca-se a sua família. Colunistas mundanos e seus leitores adoram falar da mulher e dos filhos do presidente, sempre com o nariz empinado, olhando de cima para baixo, como se estivessem dando um pito ou um conselho.
A internet está infestada de injúrias, falsas denuncias e baixarias contra membros da família Silva — pelo simples e bom motivo de que uma pequena parcela de membros da elite brasileira, e alguns pobres coitados de espírito, simplesmente não se conformam com o fato de Lula e Marisa habitarem, faz mais de seis anos, o Palácio da Alvorada.
Desta vez, o gancho para Barbara Gancia liberar seus instintos menos nobres foi a primeira-dama ter se divertido com o marido no Sambódromo do Rio. Qual é o problema? A mulher do presidente da República deveria ter ficado em casa lavando louça e cuidando dos netos?
Sou amigo de Marisa faz mais de 30 anos, desde os tempos em que Lula era apenas um líder sindical despontando na resistência ao regime militar. Ela sempre foi uma pessoa que gosta de Carnaval, festas juninas, reunir os amigos para um churrasco, como qualquer outra mulher de metalúrgico, que dedica sua vida a cuidar da família.
Nunca quis mais do que isso, além de dar conselhos ao hoje presidente da República e acompanhá-lo sempre, nos bons e maus momentos da vida, companheira de todas as horas, sempre preocupada com todos à sua volta.
Depois de um longo trololó sobre o seu “relacionamento assaz conturbado com o Carnaval” e seu “refúgio da folia no campo argentino”, Barbara Gancia pontifica: “Ela não se manifesta sobre qualquer assunto, mesmo quando está escalada para falar a prefeitos (…)”. Escalada por quem? Ela não foi eleita, não ocupa qualquer cargo público, por que tem que se manifestar “sobre qualquer assunto?”
Muito compreensiva, escreve em seguida: “Insisto: não há nada na liturgia do cargo que diga que a mulher do presidente não deva participar do Carnaval. Pode e deve. Uma ‘primeira-família’ que se comporta como gente normal tem mais probabilidade de ser normal, não é mesmo?”
Aí, no antepenúltimo parágrafo, a colunista não se aguenta, e manda ver: “Mas eu não queria ter voltado da Argentina para descobrir que dona Marisa deu ‘um trabalhão’ à sua segurança particular no desfile da Sapucaí. Não queria tomar conhecimento de que ela ‘deu goles em copos de cerveja, cercada por amigos para que não fosse fotografada’. Não queria ter visto as fotos em que ela aparece descabelada e suada. Escracho não tem nada a ver com informalidade”.
É mesmo? Não queria mesmo? Que coisa absurda, não é mesmo, dona Barbara?… Melhor mesmo seria ter ficado na Argentina com seus amigos que não suam nem se descabelam e não tomam cerveja no Carnaval.
E dá a sentença: “Dona Marisa Letícia não foi à Sapucaí na qualidade de cidadã particular e não tem o direito de se esbaldar publicamente como se não ouvesse amanhã numa época em que o brasileiro comum vê seu emprego ameaçado pela crise”. De onde se conclui que, para Barbara, todos deveriam ter ficado em casa ou ido para o campo argentino esperando a crise passar.
A maldade fica para o último parágrafo, em que procura dar conselhos e fazer uma comparação ridícula com outra primeira-dama, de outro tempo e outro perfil, numa época em que os generais mandavam no país.
“Alô, dona Marisa Letícia! A senhora se lembra de Dulce Figueiredo? A ex-primeira dama também gostava de se divertir levando a alegria na base da inconsequência. E olhe só o legado que ela deixou. O de uma figura um tanto patética e deslumbrada que usava a posição do marido para se bacanar”.
Acho que ela queria escrever bacanear, mas não importa. Ainda não tinha lido num grande jornal nada parecido com isso, bem na linha do que ouço bastante nos lugares por onde ando aqui nos Jardins, onde moro, e leio nos lixos da internet. Ainda bem que Lula e Marisa não lêem Barbara Gancia. Fazem muito bem."
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