segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

EGITO À VENDA


Este blog já disse anteriormente que os egípcios sairam da panela, para cair na frigideira, e foi acusado de estar gorando os coitados daquele país, gorando sua luta justa.

Justíssima, aliás.

Mas não é porque é justa, que vai mudar alguma coisa na história. Fosse assim, não teríamos nós mesmos, tido ditadura, nem a Argentina e o Chile (extremamente cruéis), nem o próprio povo americano teria sido obrigado a engolir o canalha chamado Bush filho. Exemplos  de pilhagem injusta temos aos montes em talvez, todos os países do mundo.

Hoje escuto a história de que o exército egípcio, o mesmo que se dividiu em estar do lado do povo contra Mubarak e assessorá-lo na crueldade durante tanto tempo (e ainda atualmente), prendeu dois manifestantes que ainda insistiam em permanecer na praça que serviu de palco para os protestos contra o ditador financiado e apoiado pela grandiosa e democrática América. Não nos esquecendo dos grandiosos e democráticos mandatários de Israel, que reclamam do Irã por ser um estado que confunde religião com governo. E Israel, claro, não faz isso.

Ora, mas se acabou a diatura, duas pessoas não podem permanecer numa praça de seu país? Eu achava que sim. Que era próprio dos regimes democráticos permitirem inclusive, protestos contra o governo, sem ter que prender ou assassinar ninguém.

Parece que não.

Porém, não é o foco do comentário de hoje sobre este ingênuo país, que terá muito o que enfrentar, ainda.

O foco do comentário é a onda de privatizações e assolamentos que o chamado livre-mercado, irá impor ao povo iludido e esperançoso daquela nação tão valorosa.

Primeiro porque sabemos que o Egito não é nenhum lugar rico. E segundo, porque toda democracia que se preze (segundo o entendimento de Washington e também do PSDB) precisa ter um Estado mínimo e praticamente nenhuma regulação. Isso sim é um lugar democrático. Os ricos fazem o que querem, porque a palavra "livre" do livre-mercado só serve a eles, e os pobres que se explodam pagando absurdos por serviços que deveriam estar incluídos nos já caros impostos que são pagos pelos menos afortunados.

O receituário é básico. Como uma boa ditadura depende de um Estado forte e arrecadador, por lá o negócio não parecia ser diferente. Mas agora sim é que a porca vai beber água. Porque o FMI já se escalou dizendo que vai ajudar a reconstruir o país. Nós sabemos como é o tipo de reconstrução apoiado pelos bandidos de Washington. Os juros do empréstimo são sempre, de pai para filho, mas as exigências paralelas são draconianas. Ou seja, o povo que se prepare porque tudo será vendido ou doado graciosamente aos amigos do rei, especialmente os serviços que possam ser cobrados fabulosamente, não importando se haverá fome,  recessão, sede, penúria ou desespero. Não vão nada longe os tempos em que as populações da Rússia, da Polônia, da Tailândia, da América Latina inteira e de tantos outros lugares comeram o pão que o diabo amassou, para tentarem entrar na tão sonhada democracia.

E como o cidadão comum associa sempre democracia com capitalismo, os egípcios também serão obrigados a engolir mais esta. Não que hoje o país seja comunista. Obvio que não é. Mas o que lhes espera é a face mais cruel do capitalismo. O capitalismo "de patota", como bem descreveu Naomi Klein no incrível livro A Doutrina do Choque (assista um vídeo a respeito). Em outras palavras, o "capitalismo de patota" é a permissão para que determinados grupos se utilizem da ladainha do livre-mercado, para esfolarem sem dó  nem piedade o povo do país que é a bola da vez.

Afinal, é necessário haver uam contraprestação para a bondade da América e de Israel em estimular a "democraicia" naquele país. Bem sabemos como é importante para o governo judeu, um contrapeso aos "terroristas" árabes. 

Sendo assim, convém esperar. Além de a tal democracia do Egito não acontecer de jeito nenhum (só se for em outra vida), os militares que herdaram o poder que Mubarak não aguentava mais sustentar, farão os leilões no momento adequado.

Clique aqui para ver o que o Boechat(o) acha da questão egípcia.
Clique aqui para ver sobre Alckmin, que não lembra de ter governado.
Clique aqui para ver que a Veja reconhece seu ódio.
Clique aqui para ver que a mídia esqueceu que apoiou a ditadura.
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