"Liga Jean-Paul Lagarride, bom amigo, pergunta como passamos, o Brasil e eu, em meio à crise financeira que abala o mundo. Esclareço que nunca participei do jogo bursátil e que pouco sei das coisas das finanças. Quanto ao País, estou perplexo. Ouço gente graúda a garantir que não sofreremos tanto assim, mas careço de fé bastante para acreditar em desfechos positivos, ou, pelo menos, não muito negativos. O Brasil não é uma ilha, e muito menos de prosperidade. Jean-Paul filosofa: “Assistimos ao fracasso do capitalismo real”. Observo: “Do neo-liberalismo, ou seja, do ultra-liberalismo”. Ele admite: “Sim, o capitalismo à moda do Adam Smith, do Keynes, este poderia estar vivinho da silva”. Concordamos quanto ao fato de que tudo depende das interpretações. Por exemplo: o socialismo em si é má doutrina? “É uma utopia”, afirma peremptório. “Não sei – digo eu, – a derrota foi a do chamado socialismo real, na prática um regime de extrema direita, embora para os russos tenha alcançado alguns resultados apreciáveis”. “Você sabe que reabilitaram o czar Nicolau e a sua família?” “Não é bem uma reabilitação, trata-se do reconhecimento de que a chacina da família real por parte dos bolcheviques foi crime inútil”. “A revolução francesa guilhotinou soberanos e vassalos”. “Sim, sim, certas violências o tempo as digere e muitas vezes as explica. De todo modo, a monarquia czarista manteve a Rússia atada à Idade Média até o fim”. “E o neo-liberalismo?” “Garantiu a bandalheira, transformou o mundo em um cassino, aprofundou as desigualdades, consagrou a exploração dos pobres pelos ricos, estabeleceu a lei da selva”. “Foi tudo insano”. “É isso, insano, estulto e feroz. Um assalto mafioso à própria razão”."
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