terça-feira, 19 de julho de 2011

PT X PT

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Este modesto escriba sempre achou que o PT do Paraná sempre foi meio avestruz. E o de Curitiba, nunca teve realmente, vontade de ganhar as eleições municipais.

Isso, somado ao pensamento popular, redunda sempre num partido que se mantém longe dos votos nas urnas.

Um amigo "apolítico" (como gosta de se classificar aquele que de modo geral não tem paciência para fiscalizar quem define o seu destino) certa vez me disse. "O PT na Prefeitura, não! Ah, ele serve pra ser Presidente, mas pra cuidar da cidade, de jeito nenhum".

E não podemos dizer que não há nada de lógica nessa sabedoria popular. O povão da capital do Paraná realmente acredita que o PT não tem cacife pra mandar no lugar. Primeiro porque o Sul maravilha se acha mesmo no paraíso. Depois porque na visão do cidadão comum do lugar, o PT ainda é visto como "radical" e que vai barrar os "avanços" que a cidade obteve.

Convém tentar imaginar quais avanços seriam esses, considerando que há mais de uma década Curitiba não tem um "a" de novidade. A verdade é que o curitibano se estagnou e não tem idéia de que sua cidade não é mais o que ele imagina.

O PT de Curitiba se perdeu durante muito tempo em tolas lutas internas, muitas protagonizadas por sindicalistas que se tornaram viúvas da velha esquerda, não sintonizada com os tempos vindouros. Muita gente da estirpe de Heloisa Helena se engalfinhou em tramas internas, tristonhas por perderem das mãos as pedras, e passarem a ser vidraça. Boa parte não aguentou e debandou. HH é o caso mais ilustre, talvez.

E HH morreu sozinha, como merecido.

Mesmo assim, o PT sempre teve candidatura própria para a Prefeitura da cidade. Mas como já dito, boa parte dos interessados, não tinha de verdade, vontade de chegar à Prefeitura. Era visível que muita gente dificultava até mesmo o trabalho da militância, que era, de forma geral, engajada, trabalhava de graça e com ganas.

A militância foi sendo esvaziada e substituida por panfleteiros pagos. O eleitor sentiu isso. Não deixou de votar na sigla, mas passou a considerar que era apenas mais uma entre tantas. No plano federal o PT vai bem, e é até o momento, imbatível. No plano municipal o PT busca urgentemente por uma carteira de identidade com foto.

Na intenção de fazer essa carteira de identidade, as duas únicas personalidades resistentes do PT em Curitiba lançaram a necessidade de candidatura própria. Tadeu Veneri e Dr. Rosinha, que praticamente levam nas costas a sigla usam de seu bom nome e cabedal quase incontestável de votos e seriedade, para tentar dar um rumo ao partido. 

Mas a questão é. Nesse momento, ter candidatura própria vale a pena? Ela provavelmente seria de novo, mais uma figuração só pra "não dizer" que não tentaram. Num momento onde a imprensa (que já escolheu seus candidatos) afirma como se fossem favas contadas que o segundo turno será entre Gustavo Fruet, que sequer tem um partido, e o atual Prefeito, é a visão de uma parcela substancial de quem acompanha política, de que o PT deveria direcionar seus 30% de votos a uma candidatura mais forte, mas legitimamente de esquerda.

Outra vertente, esta dentro de uma ala abertamente entreguista afirma que o PT deveria apoiar Gustavo Fruet só porque ele seria oposição à turma do Governador que é tucano.

Oposição de mentirinha, óbvio. Fruet é tão tucano quanto Beto e Aécio.

Ora, de uma insensatez fabulosa. Ganhar o poder vale qualquer coisa? Vale inclusive jogar no lixo o restolho de ideologia que a sigla no Paraná ainda tem?

Veneri e Rosinha não querem jogar fora seu bom nome. Mas precisam perceber que não há só duas alternativas. A candidatura própria ou apoiar Fruet. O apoio pode sim se dar a alguém que possa efetivamente contribuir com o futuro da cidade, e que ao mesmo tempo, tenha chances concretas de vencer as eleições. Se jogarem fora essa oportunidade e apoiarem Fruet, ainda que em um eventual segundo turno, é de se conclamar as fileiras para atear fogo no Panteão.

Mas com o desenrolar dos fatos, é que veremos o que pensa quem realmente manda nas cabeçoas petistas da cidade.


Clique aqui para ver quem é o queridinho da imprensa curitibana.
Clique aqui para ver a laranjada da mídia na questão do DNIT.
Clique aqui para ver qual a lógica da administração da capital paranaense.
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5 comentários:

Anônimo disse...

Prezado,

Você pode achar que alguns irão aderir a este seu desejo grequista.

Mas acho que os petistas não são tÃo trouxas assim.

anais disse...

Prezado anonimo. Os Anais agradecem sua visita e sua preferência.

O pensamento deste blog é progressista, não se engane. O que se passa é que o PT de Curitiba infelizmente, não tem merecido uma chancela com esse título.

De todo modo, convidamos você a reavaliar seus pensamentos e a quem você deve fidelidade. Se a um partido e umas pessoas, ou a um ideal.

Eu, ainda sou fiel ao meu ideal.

Polaco Doido disse...

É seu anais, tá complicada a coisa.

Se o PT cwb realmente se entregar aos caprichos de Fruet, era uma vez a oposição a oligarquia na cidade de muito pinhão.

Greca até seria um bom contraponto para os debates eleitorais. Infelizmente, com o apoio que tem, não faz nem 15% de votos!

Fazer o quê? Campanha para voto nulo e branco?
Sei lá!

Aproveita e, de vez em quando, dê uma olhada no polaco doido.

Anna Banana disse...

Anais, eu não conheço o PT de Curitiba. Mas, quando vc e outros falam "o sul maravilha", isso me incomoda e muito. Os três estados do sul são COMPLETAMENTE diferentes. O Paraná segue muito SP, que sabemos, é demutucano por natureza. Santa Catarina é uma tucanice demoníaca sem precedentes. E não possui história nem cultura. Copia alguma coisa cultural do RS, mas com a paulistada que baixou ali, a moda é ser igual a SP. Dizendo melhor: um estado sem personalidade. O que grassa em SC é a corrupção - à moda de SP e Minas...
O Rio Grande do Sul é meio discriminado por muita gente do RJ, de SP, do centro do BR. É um estado que se formou diferente pela história e cultura que produziu. Tem personalidade própria, tem história, tem cultura. Isso incomoda muita gente que se "acha" porque mora no centro do país. Nada sabem do que os gaúchos "aguentaram no osso do peito", nos séculos 18 e 19, para que as fronteiras do Brasil fossem onde estão. O governo imperial ficava sentadinho, enquanto os gaúchos lutavam para não entregar aquela parte do território brasileiro.
Por essas e outras é que me incomoda quando falam "do sul maravilha" colocando os três estados num mesmo balaio. Há muitas diferenças. O RS poderia sim ser um país independente. Seu território é maior do que o do Uruguai, sem falar em países europeus. Há mais afinidade de história e cultura com os países do Prata do que com o restante do Brasil. Mas gostamos de ser brasileiros, respeitamos a todos e todas. Nem tudo é para vc. Aqui vai um desabafo e informações para quem lê. Um abraço da Anna

anais disse...

Anna Banana. Você está certíssima na descrição e análise que fez. A expressão "sul maravilha" se refere tão somente ao fato de os sulistas muitas vezes se revestirem de uma soberba incompatível. Mas claro, cada um tem sua história e realmente, o RS é peculiar.