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Este escriba que a vós se direciona é advogado, e se recebesse em seu escritório um cidadão pedindo para entrar com uma ação contra a prova da OAB, a Ordem dos Advogados do Brasil, diria com paciência e educação ao propositor, "Amigo, estude que você passa. Não queira acabar com o exame alegando ser ele reserva de mercado, só porque você não consegue entrar.".
Porque a celeuma em torno da prova existe há "séculos", praticamente desde quando ela foi criada, há menos de vinte anos. O trololó de quem reclama é sempre o mesmo. A prova é difícil e a OAB só quer arrecadar, com esse "vestibular". Curiosamente, sempre quem pede pra acabar com a prova é um estudante não muito esperto, que já tentou um caminhão de vezes, mas não consegue tirar a nota mínima exigida.
Sejamos razoáveis. Alguém aqui que nos lê, se pudesse saber de antecipado, deixaria o filho ser operado por um médico que não consegue passar na prova da residência? Ou voaria em um avião cujo piloto não tem o mínimo de horas necessárias de aprendizado?
O que é preciso para entender que o fato de o cidadão ter frequentado o curso de Direito não o habilita a ser um advogado? Ora, para ser Juiz, também é obrigatório cursar Direito, mas não significa de modo algum que depois dos 5 anos de faculdade, a pessoa possa simplesmente entrar na Magistratura pela porta da frente. Por que haveria de poder entrar para o rol dos advogados?
Ainda mais com essa conhecida qualidade das nossas faculdades.
Verdade. Não se trata de reserva de mercado. Ontem, num naco de racionalidade, o jornalista Boris Casoy ao fazer seus comentários vespertinos na rádio Band News disse ao cientista político Alberto Almeida que a prova era mais do que necessária. Seu interlocutor a combate, pois em sua simplória visão neoliberal, o "mercado" se encarrega de tirar os maus profissionais.
Sempre o Deus Mercado infestando o pensamento de nosos insossos homens da mídia. Sempre o Deus Mercado.
Sim, pode até ser que daqui uns 10 anos o mau profissional desista de ser advogado, por ser medíocre demais. Mas e nesse meio do caminho, quantos coitados ele já lesou? Afinal, por acaso está escrito na testa de alguém que essa pessoa é boa ou má profissional? Quantas guardas de filhos negadas, quantos imóveis perdidos ou quanto tempo passado em uma prisão injustamente seria preciso até que esse incapacitado profissional resolvesse por conta própria pendurar as chuteiras?
A notícia de que o STF considerou constitucional o exame saiu de forma tímida na imprensa. A maioria dos jornalões sequer falou dela. É que muitos no imprensalão NÃO entendem que se o STF disse que não era necessário ter cursado a faculdade de jornalismo para ser considerado jornalista, isso nada tem a ver com a prova da OAB e de sua importância. Talvez a obrigatoriedade de cursar uma faculdade de jornalismo seja até desnecessária, considerando que, em tese, o que o profissional faz, pode ser aprendido na prática sem maiores prejuízos, mas por certo uma boa provinha para saber da capacitação de nossos colegas, seria até muito bem vinda. E muito mais do que isso, a criação de um Conselho Federal de Jornalismo, aos moldes da OAB, deveria estar presente urgentemente na pauta do Congresso Nacional.
Se hoje um advogado lesa centenas de clientes, a OAB pode cassar seu registro. E se um jornalista engana milhões de pessoas, acontece o quê com ele? Rigorosamente nada.
Clique aqui para ver que a Prefeitura de Curitiba quer transformar a cidade em uma São Paulo.
Clique aqui para ver que o Estadão denunciou a pilantragem da Veja.
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3 comentários:
O problema não é a prova, mais precisamente os reprovados; O problema é como existem tantos "advogados" formados que não conseguem passar na prova, quem e como se permitem "faculdades" assim e onde esta a OAB que não enxega o verdadeiro problema?
Post perfeito. O que precisa melhorar no Direito é o nível da grande maioria das faculdades espalhadas pelo Brasil. Alunos formados por boas universidades não têm maiores problemas com a prova da OAB. Quanto ao jornalismo, eu sou favorável a um exame desse tipo para a profissão, mas sei que o problema nesse caso é bem diferente. Não acredito que existam tantos maus jornalistas no Brasil, mas sim que o bom jornalismo não seja valorizado pelos donos dos grandes veículos de comunicação, pois na maioria dos casos, a prática correta de reportagens investigativas vão contra os próprios interesses desses patrões.
A OAB forma, realmente, bons advogados. Basta ver a quantidade de pilantras de colarinho branco que não vai pra cadeia! E tem deles que recebem dois habeas corpus em 48 horas.
Então, pra passar nessa prova, o cara tem de ser muito bom, principalmente, na defesa de criminosos ricos.
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