DILMA E O PASTOR CONDENADO À MORTE

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Este não lido blog sempre analisa as questões políticas com base do que sai publicado na imprensa. Não foram poucas vezes que se utilizou da coluna Caixa Zero do jornalista Rogerio Galindo para mostrar os absurdos de nossos governantes. Sendo assim, este blog respeita Galindo e no dia de hoje divergirá dele. Antes de tudo, convém dizer. De pessoas coerentes nós divergimos com respeito. Já aos incoerentes nós  não devemos respeito. Portanto, de Galindo divergimos com respeito.

Ele pergunta em sua coluna se Dilma não poderia intervir na questão do pastor condenado à morte no Irã por ser cristão. Não, não pode. Pela mais elementar questão de direito internacional e da soberania dos países, o Brasil não deve entrar nesta seara de se meter na vida dos outros. Esse é um papel reservado só aos EUA, pois como se sabe, seu ex-Presidente falava diretamente com Deus. E Deus respondia*!

Ora, nós não gostaríamos de ter aqui palpiteiros sobre a nossa cultura, gostaríamos? Não queremos saber dos liberais americanos vindo aqui pregar o aborto indiscriminado, nem tampouco, a pena de morte a pessoas sabidamente inocentes, como foi o caso do jovem negro executado semana passada em razão da mera burocracia estadunidense

Nós não podemos cometer o erro de achar que nossa cultura é a melhor e que os outros são incivilizados. Como já dito, esse papel já está reservado à América que se considera o umbigo do mundo.

Muitos aqui não gostam do Islã, mas sobre isso convém trazer alguns dados. Os índices de criminalidade besta naquele país, o Irã, são baixissimos. De modo geral, você não vai ver alguém matando outra pessoa pra roubar um tênis, não verá mulheres sendo estupradas, não verá filhos drogados surrando a própria mãe pra tirar-lhe o dinheiro do crack. Será mesmo que só eles são incivilizados?

Dilma até poderia bater um papo com Ahmadinejad. Mas não, não deve se meter oficialmente. Um país que pretende ser líder não tem que empurrar goela abaixo de ninguém suas crenças. A liderança brasileira vem sendo conquistada nos últimos 8 anos através do bom mocismo, da decência e do respeito às leis internacionais. São somos mais vassalos como na época de FHC, mas também não enfiamos o nariz na torta dos outros.

Por esta e outras razões, honorável colega, não, Dilma não poderia intervir. Não é o papel dela e não é o papel que se espera de um país com projeção no cenário internacional.

A lei no Irã pode não ser de nosso agrado, mas só compete aos iranianos discutirem sobre isso.

Ademais, um pouco de história. Alguém se lembra da China se metendo em alguma questão internacional? Da União Soviética? No caso desta última, era um país tido como "mau", mas jamais foi imperialista ou expansionista.  E sobre renegar a fé (o Islã exige conversão para não matar o pastor) convém ler O Mercador de Veneza, de Shakespeare. Tem pouco a ver com a situação no grosso modo, mas engrandece o dia com sua visão pragmática sobre até onde vai a fé de um homem.

* Para quem não lembra, o insano George Bush disse, no discurso de justificativa para matar milhões de inocentes no Iraque, que Deus (em pessoa) tinha falado com ele, que era o certo a fazer. Sim, os americanos são mesmo, muito civilizados...

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