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Não podia falhar, era certo como questão matemática. Tão previsível quanto uma tempestade após um dia de intenso calor em Curitiba. Você sabia que ía ocorrer, mas não tinha certeza da hora, apenas.
A chantagem da FIESP, como cansamos de dizer aqui, já começou, tentando "flexibilizar" os direitos dos trabalhadores por causa da "crise".
Paulo Skaf, aquele que defende a queda dos juros para poder reajustar preços e trazer de volta a inflação para o país, disse que sua sugestão é a redução de jornada com redução de salários, suspensão temporária do contrato de trabalho e banco de horas" (leia aqui).
Se esses abutres defendessem isso para os pequenos empresários eu, apesar de não concordar (porque sei exatamente do que se trata), poderia até imaginar que ele de fato se preocupa com alguma coisa em relação ao social. Tipo, vão-se alguns direitos por um lapso de momento, mas ficam os empregos tão importantes.
Mas não, é óbvio que não. Skaf defende tudo isso para ser usufruído em larga escala pelos gigantes, pelas grandes montadoras, pela grande indústria. Justamente essa, que tem margem e gordura (dos acionistas e presidentes com seus gordos bônus) para cortar.
Também não demorará muito para pilares da economia liberal (justamente eles que jogaram o mundo na lata de lixo) começarem a se manifestar no Jornal Nacional (como já têm feito, naturalmente) dizendo que o sr. Skaf está coberto de razão.
José Serra, com aquela cara de "santo-iluminado-pelo-eterno-saber-técnico-coisa-que-nenhum-petista-tem" aparecerá ao final de algum fórum organizado por senhores sapientes em busca do melhor para o país, dando seu aval ao escancarado golpe a ser dado em cima, claro, do trabalhador brasileiro. Esse que ganha pouco, pega ônibus e metrô para ir ao trabalho e que mantém ativo o consumo na base da sociedade.
Tudo isso acompanhado de algum "especialista" entrevistado pelo jornalismo da Globo, devidamente posicionado em uma sala cheia de livros (para lhe conferir sabedoria e credibilidade) dizendo que, ou isso acontece, ou o mundo acaba.
Estou para ver quando alguém, algum dia, chegará dizendo que é preciso que os patrões "vistam a camisa dos empregados" ao invés de sempre ter escutado o contrário. Esta tarefa sempre foi do proletário. Se estropiar para que o patrão não diminua a margem de lucro.
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