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Nossa democracia é maravilhosa. Todos temos direito a ter uma opinião desde que a reservemos para nós. Especialmente quando se trata da imprensa, que convém dizer, se comporta como alguns israelenses: não aceitam críticas e se houver alguma, são taxadas automaticamente de anti-semitismo. Neste caso, de cerceamento da liberdade de imprensa. Ditadura.
E quando a opinião do profissional da imprensa não coincide com a dos patrões da mídia? O que ocorre?
Rua!
De maneira geral, respeito os jornalistas. Dividimos os corredores de uma emissora de TV por 17 anos e reconheço que tem muita gente séria no meio. Os "Reinaldos", "Diogos" e as "Mirians" são a minoria em termos de remuneração mas infelizmente não são a minoria em termos de ideologia. De toda forma, estou satisfeito com minha experiência midiática. Conheço muita gente que tem cérebro e faz questão de usá-lo. Sem se vender.
Foi com certa chateação mas nenhuma surpresa que soube que Luis Nassif foi rifado da Cultura, televisão sabidamente (até pelo mundo mineral, como diria Mino Carta) controlada por José Serra.
Sou franco em dizer que já tive sérias restrições ao pensamento de Nassif em anos anteriores. Acho que ele já disse muita "coisa" em cadeia nacional ou nos jornais. Especialmente na época onde as privatizações comiam soltas. Penso que no cômputo geral, ele já chegou a fazer parte de uma gleba da imprensa que hoje nós criticamos tanto. De toda forma, ele deve ter tido lá os motivos ou as crenças dele. Não merecia ser rifado como foi. Também já fui muito crítico de Paulo Henrique Amorim (e ainda sou) mas acho que ele deve ter o direito de ter lugar para expressar seus pensamentos.
Essa ladainha de liberdade de expressão só existe mesmo se convier com os interesses da gente da grana, qualquer outra cosia é tolice e mentira. Se a opinião tender para o lado da esquerda, esqueça, é taxada de engajada. Quando ela descaradamente pende para a direita nada é dito. É como se não fosse mais do que a obrigação.
Lembremos que no Brasil (e na maioria do mundo) a direita é quem controla a mídia. E faz questão de não perder um milímetro de seu poder de influência.
Acho uma pena que a imprensa tenha se tornado esse lixo que presenciamos nos últimos 20 anos. Sempre teve gente vendida na mídia, mas ela nunca antes chegou a ser assim, tão corporativa. Hoje em dia, ela perdeu definitivamete o contato com o cidadão comum. Aquele que deveria ser, em última análise, sua razão de existência.
Além de Nassif, outras pessoas deixaram a "grande"imprensa. Alguns já saíram atirando. Foi assim com Luiz Carlos Azenha que conta hoje com uma influência fantástica na blogsfera, foi com Rodrigo Vianna, com PHA que mais tarde irritou muitos de seus leitores contumazes por criticar Deus e o mundo aparentemente sem critérios objetivos (ou objetivos demais dependendo de quem olha; porém, inauditos).
Franklin Martins, um dos poucos que conseguia ser isento na Globo foi tirado do ar sem desculpa prévia. Elegante que é, disse "tirem vocês mesmos suas conclusões (do porquê foi demitido)"(leia aqui sua ótima entrevista na revista Caros Amigos). Marcos Uchoa que dava ótimos panoramas internacionais, não saiu mas voltou ao Brasil (disse que por motivos pessoais) e não faz mais reportagens nas quais caibam alguma visão maniqueísta. Bem diferente por exemplo de Marcos Losekann ou Tonico Ferreira.
Aliás, cabe lembrar. Alguém se recorda da patética e absurdamente ideologizada cobertura de Tonico Ferreira ao golpe de estado na Venezuela que tirou Chávez do poder?
Assim vai nossa mídia. O próprio Nassif disse em seu blog certa vez que tinha ouvido de "fonte segura" que os Civita já estavam fartos da barbaridade que Diogo Mainardi, Reinaldo Azevedo et caterva vinham fazendo em sua publicação. Causando a perda da credibilidade e queda nas vendas e na publicidade ano a ano já que muita gente não quer ver sua marca associada a uma revista com opiniões tão notadamente facistas (opinião minha).
Discordo. Não só não é verdade como essa trupe só fala o que fala porque é orientada e bem paga para isso. Estão ao serviço de interesses maiores. Muito maiores. Veja pode perder na publicidade e nas vendas mas a Abril (julga que) ganha em outros setores.
Ainda bem que estamos na era da internet e mais, na era do Google e outros gigantes que nos permitem emitir opiniões quais sejam, e ainda sermos vistos, sem passar pelo filtro ideológico do UOL, do IG, do Globo.com, etcetera.
Isso se a "lei" do Senador Eduardo Azeredo (PSDB, claro) não passar. Do contrário, podemos começar a ter motivos sérios para nos preocupar.
E nesse meio tempo vamos assistindo a mídia tradicional cambaleando a cada dia, se esforçando para trazer de volta os espectadores e os leitores que debandaram, cansados de tanta manipulação.
Uma vez uma pessoa amiga afirmou que para ela, sem sombra de dúvida, 100% do que ela assistia na televisão era verdade. Sei que ela falava sério pois a conheço muito bem.
Felizmente pessoas com esse pensamento estão se tornando uma comunidade menor pois a cada anoitecer, menos e menos gente se deixa levar por tanta canalhice.
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