quinta-feira, 7 de maio de 2009

DEFLAÇÃO

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Existe no horizonte americano, algo com o qual todos nós devemos nos preocupar. É a deflação. Ao contrário do que aparenta, ela é tão nociva quanto a inflação pois a base de uma economia capitalista é justamente, a inflação, o "crescimento" da economia. Se todos os preços recuam, a menos que seja por um curtíssimo período de tempo, o dinheiro vai se desintegrando pelo simples fato de que sua empresa pagou "x" para produzir algo hoje, amanhã só poderá vender este produto por "menos x". 

Quer dizer, estará pagando para trabalhar. O resultado naturalmente, são as demissões avantajadas. Na inflação, que normalmente não combina com recessão, uma parcela da economia fica alijada do consumo abastado, contudo, o desemprego costuma ser muito baixo já que os reajustes de preços mascaram o valor real da moeda e a impressão de dinheiro se encarrega de sustentar o eixo principal da roda da economia.

Há outras variantes, naturalmente, que são complexas e nelas não convém nos adentrarmos. Mas como disse um comediante trazido pelo Economist sobre a deflação nos EUA: "Nós nos tornaremos o Zimbabwe ou ou Japão?".

O Zimbabwe como se pode imaginar, mergulha na inflação e o Japão, o contrário.

Decerto que entre uma escolha dessas você diria, ora, que virem o Japão. Mas infelizmente não é assim tão simples. A economia japonesa tem uma dinâmica substancialmente diferente da economia estadunidense. Além do mais, os EUA são os maiores compradores de produtos do mundo e são eles que ajudam a segurar a deflação do Japão adquirindo seus bens produzidos. Mas quem consumirá toda a tralha produzida pelos Estados Unidos no caso de eles mesmos entrarem nesse cenário sombrio?

A China sozinha não daria conta. E a Europa está tão quebrada quanto o Tio Sam.

Este sim é um cenário que eu não gostaria de ter no meu horizonte. Se isso acontecer, definitivamente a crise de 2009 superará a de 1929 em 30 vezes, dadas as fantásticas diferenças na dinamicidade das economias de hoje em dia, e a brutal interdependência do mundo capitalista atual. Coisa que há 100 anos era bem diferente.

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