segunda-feira, 11 de maio de 2009

QUEM É FILÓSOFO E QUEM NÃO É

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Reconheço que sempre zombo do "filósofo" Olavo de Carvalho. É que ele escreve opiniões valiosas em seu site e eu, naturalmente, sei que não estou à altura de seus dizeres. Por isso sigo falando tolices e tentando desqualificar este senhor.

Que me perdôe. Mea culpa.

De toda forma, lendo um de seus últimos escritos, que se encontra pelo título "Quem é filósofo e quem não é" tentei vislumbrar se ele, ao escrever tal artigo, estaria se olhando no espelho ou se em verdade, ele não percebe que faz tudo aquilo que está criticando.

Veja o trecho mais importante 

"1. Quando você se defrontar com um filósofo, em pessoa ou por escrito, verifique se ele se sente à vontade para raciocinar junto com os filósofos do passado, mesmo aqueles dos quais “discorda”. A flexibilidade para incorporar mentalmente os capítulos anteriores da evolução filosófica é a marca do filósofo genuíno, herdeiro de Sócrates, Platão e Aristóteles. Quem não tem isso, mesmo que emita aqui e ali uma opinião valiosa, não é um membro do grêmio: é um amador, na melhor das hipóteses um palpiteiro de talento. Muitos se deixam aprisionar nesse estado atrofiado da inteligência por preguiça de estudar. Outros, porque na juventude aderiram a tal ou qual corrente de pensamento e se tornaram incapazes de absorver em profundidade todas as outras, até o ponto em que já nada podem compreender nem mesmo da sua própria. Uma dessas doenças, ou ambas, eis tudo o que você pode adquirir numa universidade brasileira.

2. Não estude filosofia por autores, mas por problemas. Escolha os problemas que verdadeiramente lhe interessam, que lhe parecem vitais para a sua orientação na vida, e vasculhe os dicionários e guias bibliográficos de filosofia em busca dos textos clássicos que trataram do assunto. A formulação do problema vai mudar muitas vezes no curso da pesquisa, mas isso é bom. Quando tiver selecionado uma quantidade razoável de textos pertinentes, leia-os em ordem cronológica, buscando reconstituir mentalmente a história das discussões a respeito. Se houver lacunas, volte à pesquisa e acrescente novos títulos à sua lista, até compor um desenvolvimento histórico suficientemente contínuo. Depois classifique as várias opiniões segundo seus pontos de concordância e discordância, procurando sempre averiguar onde uma discordância aparente esconde um acordo profundo quanto às categorias essenciais em discussão. Feito isso, monte tudo de novo, já não em ordem histórica, mas lógica, como se fosse uma hipótese filosófica única, ainda que insatisfatória e repleta de contradições internas. Então você estará equipado para examinar o problema tal como ele aparece na sua experiência pessoal e, confrontando-o com o legado da tradição, dar, se possível, sua própria contribuição original ao debate.

É assim que se faz, é assim que se estuda filosofia. O mais é amadorismo, beletrismo, propaganda política, vaidade organizada, exploração do consumidor ou gasto ilícito de verbas públicas." ( leia aqui a íntegra)


Eu particularmente, ainda não me dei por satisfeito. Continuo achando que Olavo é "filósofo" (com aspas) e não Filósofo, com F maíusculo.

Talvez no dia em que ele se desfiliar do PFL e das teorias de pensamento atrofiadas e jurássicas, ainda que esta desfiliação seja apenas de alma (não sei se é filiado de carteirinha);  talvez quando parar de achar que Lula é igual a Stalin e que Bornhausen é igual à Madre Teresa, talvez no dia em que perceber que estamos em 2010 e não em 1962, creio que conseguirá emitir opiniões e ensinamentos com alguma validade.

Até lá, continuo achando que a melhor filósofa que conheci foi a professora Iglair, que me deu aulas de filosofia jurídica no início da faculdade. A Igla sim, era dez.

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