sexta-feira, 29 de maio de 2009

VALE TUDO

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Existe uma característica presente em boa parte dos jornalistas brasileiros da atualidade, que nos chama muito a atenção. O nome dela é PREGUIÇA.

De forma geral essa preguiça é mental. Os jornalistas não se dão mais ao trabalho de apurar nada. Pegam as versões de grandes agências de notícias e repassam sem a menor filtragem ao público final. Porém, a parte mais perversa nem é pegar a notícia de uma agência e vender igualzinha como a comprou. A parte mais perversa é acolher na íntegra a versão de uma das partes envolvidas no caso específico, e sem a menor cerimônia, estampá-la nas manchetes como se fosse a verdade verdadeira.

Nos meus 17 anos de televisão, via isso quase todo dia.

E hoje, lendo o site UOL, vejo a seguinte patranhada do repórter Marcelo Teixeira, em reportagem da Reuters:

"Vale demite mais 300 funcionários por causa da crise global" (leia aqui a historinha)

Bem, vamos por partes. A Vale é aquela mesma empresa que foi doada por valores módicos pelo governo de Fernando Henrique, o Caridoso aos amigos do rei. Para saber o tamanho do golpe no bolso do pagador de impostos brasileiro (que por coincidência, é o mesmo trouxa que paga o salário do Presidente da República e de todos os congressistas), a empresa foi vendida por 3 bilhões de dólares, mas mesmo na época, entidades especializadas davam conta do absurdo porque o valor do minério detido pela então Vale do Rio Doce, era de 3 trilhões de dólares.

Ou seja, o Caridoso fez um negocião para o povo brasileiro. Vendeu a empresa por um valor MIL vezes menor do que o real.

Continuando o raciocínio a respeito da notícia do UOL, vemos que ao longo de toda a reportagem sobre as demissões que "a crise obrigou a Vale a fazer", não encontramos sequer uma manifestação da parte contrária, quer dizer, do coitado do trabalhador demitido. Nada vindo dele, nem de seu sindicato. Nada do Ministério do Trabalho ou sequer de algum funcionário mixuruco de algum escritório de advocacia especializado em Direito Trabalhista que defenda a causa dos funcionários.

Assim, somos capazes de concluir com margem de erro próxima de zero, que se a notícia não é um press release devidamente remunerado, é pelo menos, um exercício fantástico de alienação do tal jornalista.

Ou ele realmente acha que os dois mil e tantos funcionários demitidos "desde o início da crise" fariam um peso tão grande assim na contabilidade da empresa?

E se pensassem em diminuir 5% da margem de lucro dos acionistas? Será que não dava pra segurar toda essa gente empregada por mais uns meses até passar o pior da crise? Isso só viria a contribuir com a economia nacional e mundia. Afinal de contas, sabemos que um cidadão empregado, é um cidadão consumindo.

Porém, a Vale como a maioria das grandes empresas mundiais tem o pensamento imediatista. Como o empregado dela não é o mesmo cara que compra os produtos que ela produz, passa a imaginar que tanto faz. Portanto, se o funcionário da Vale não vai importar nenhuma grama de minério para fundí-lo no quintal de sua casa, dane-se se ele será demitido. Num primeiro momento, ele não trará nenhum peso para as contas do faturamento da empresa.

Mas se fossem analisar melhor, saberiam que o funcionário da Vale é o cara que compra um carro, e um carro pode muito bem ser produzido com algum minério extraído pela empresa.

Desse raciocínio lógico temos que se o cara não comprar o carro, a montadora de automóveis não produzirá o veículo. E se não produzí-lo, não terá porque comprar o minério da Vale.

Assim, se todos as grandes, imensas, fabulosas empresas do planeta todo concordassem em segurar as pontas das demissões somente por um instante, a crise se dissiparia em brevíssimo lapso temporal.

Mas pedir uma coisa dessas a um capitalista fanático é tolice. Ele não abre mão, nem que seja momentaneamente, de seu lucrinho por nada desse mundo.

Do mesmo modo que é perda de tempo pedir bom senso de um jornalista ao veicular uma reportagem safada como esta. Bom senso não é matéria ensinada nas faculdades de comunicação e os alunos de jornalismo não têm muita vontade de se aplicarem a falar a verdade para o bobo que assina o jornal ou liga a televisão.

Preferem ficar com a versão oficial. No caso do Brasil, muito infelizmente, com a visão oficial dos AMIGOS do PATRÃO.

Uma pena, até porque, o tolinho do jornalista pau mandado não leva pra casa um só tostão da empresa que ele está defendendo.

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