terça-feira, 23 de setembro de 2008

O DIPLOMA PARA JORNALISTAS



Vejam esta reportagem publicada no Vermelho:

"Uma pesquisa de opinião nacional realizada pela Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas)/Sensus divulgou um dado alentador para a maioria dos jornalistas que defendem o diploma e a regulamentação da profissão: dos dois mil entrevistados, 74,3% se disseram a favor do certificado."

Tenho cá comigo que pouco importa o diploma de jornalista. Em tese, seria assim: você vai falar de economia num jornal, sendo jornalista você estaria habilitado. Pra fazer matérias sobre saúde, sendo jornalista, ok. Falar de leis, sendo jornalista, beleza...

Digo com tranquilidade pelos 17 anos em que dividi minha atividade profissional com jornalistas. A faculdade de jornalismo não te habilita a praticamente nada.

Triste esta conclusão, mas verdadeira. Você passa 4 anos da sua vida aprendendo a fazer coisa nenhuma. Todas as matérias nos bancos escolares são superficiais e prá piorar, a qualidade das faculdades piora a cada dia. E mais, ninguém impede a abertura de novas vagas.

Tomo como base a ótima decisão da OAB Nacional em parceria com o MEC. Metade das vagas em faculdades de Direito do país foi cortada. E sumiram por um simples motivo: tem advogado demais e conhecimento de menos. As faculdades cada vez piores, o mercado cada vez mais abarrotado e o mundo indo pro brejo.

Daí você pega uma cidade grande (fora Rio ou São Paulo), onde circulam quem sabe 2 jornais ditos "bons". Que tenha pelo menos 3 emissoras de TV com capacidade de gerar conteúdo jornalístico e quem sabe 2 rádios de notícias.

Pense que esta cidade a cada ano, recebe pelo menos 200 novos jornalistas. Isso pra falar pouco. Contar por baixo.

Onde essa gente toda vai trabalhar? Bem, vai fazer bico de assessoria de imprensa, vai se matar em época de campanha política para assessorar candidatos. Vai servir de "interface" entre uma empresa e o mercado tanto de mídia quanto de consumo.

De jornalismo mesmo, não vai fazer uma patavina.

Isso significa necessariamente, baixos salários, péssimas condições de empregabilidade e rotatividade absurda. O profissional passa a ser descartável. Como é hoje em dia.

Para o cidadão comum, existe aquela noção romantizada do jornalista. Porém os que descobrem "furos", os que investigam mesmo, são poucos. Pouquíssimos, aliás. E não quero nem mencionar a crise de facismo instalada em quase todas as redações do país. Você é praticamente obrigado a pensar como pensa o patrão, mesmo que lá no seu íntimo você tenha suas dúvidas.

Ter o diploma de jornalismo de nada resolve.

Outras coisas precisam ser vistas e a maior delas é sem dúvida, a capacitação do indivíduo para exercer efetivamente sua profissão. O jornalista especializado infelizmente, costuma não corresponder ao que se espera dele. Urge capacitá-los.

Depois a classe deveria se unir. Deveria antes de tudo, EXIGIR um CONSELHO FEDERAL DE JORNALISMO, onde os pouca-prática ou os irresponsáveis pudessem ser punidos pelas barbaridades que não raramente falam em público.

A existência de um Conselho, serviria para diminuir o ímpeto dos patrões de usarem seus jornalistas como aríetes políticos. Haveria responsabilização tanto do profissional quanto do veículo, coisa que hoje, só mesmo acionando a Justiça. E isso, sabemos, leva anos.

Não foram poucos os meus colegas que ficaram estigmatizados pela opinião política que proferiam no ar, somente ao mando dos patrões. Se forem mandados embora daquele veículo (o que acontece cedo ou tarde afinal, quanto mais velho você fica, mais caro custa), não conseguem outro emprego já que ficaram marcados por apoiarem esta ou aquela figura política.

Isenção, ética? Bobagem, isso não existe em imprensa atualmente. Ou se existe, é muito pouco.

O povo apóia a necessidade do diploma. Os jornalistas, para se defenderem (de maneira justa, inclusive) também. Acham que isso basta. Mal sabem eles que estão cavando a própria cova. Definitivamente, não é isso que os salvará.


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