sexta-feira, 12 de setembro de 2008
O MEA CULPA QUE A IMPRENSA NÃO FAZ
No Observatório de Imprensa (reproduzido pelo Vermelho) Marcus Miranda comenta acerca do jornalismo de ocasião, adesista e que só fala bem de quem paga. Deu o exemplo dos Estados Unidos onde a imprensa é transparente e assume seus candidatos (leia aqui).
Não é novidade que nas terras brasileiras o adesismo da imprensa nos causa náuseas. No entanto, faço reparos ao Observatório (não especificamente a Miranda). Quem o lê com frequência - e eu confesso que não o leio mais - sabe das maneiras e os métodos de Alberto Dines. Perca 5 minutos navegando por seus artigos, olhando de soslaio (já que verdadeiramente não vale o esforço de se concentrar nos textos), e verá do que eu estou falando.
O Observatório é um veículo tão preconceituoso quanto aqueles que costuma criticar. Tem adesismo em seu DNA e é elistista. Odeia pobre (como diz PHA sobre São Paulo), odeia o que um país pobre representa; odeia ser de terceiro mundo. Pena que muitos desses que odeiam pobres, não façam muita coisa concreta para acabar com a pobreza. Se pudessem, aplicariam a filosofia de Justo Veríssimo (personagem de Chico Anysio) e aniquilariam a todos.
O ponto onde quero chegar é que a imprensa está mesmo infestada de ideologia.
Não que seja possível a um ser humano não ter ideologia. Qualquer que seja a sua, ela nasce com você, vai se formando na medida em que você envelhece, vai se moldando. Afinal, somos produtos do meio. Para o bem ou para o mal.
O Observatório revela em suas leituras a eterna "tendência Higienópolis", com cães andando no shopping center (Higienópolis) de sapatinho e coisas desta natureza. Shoppings onde se encontra carregadoras de sacolas para dondocas entediadas pipocam em todo o país. Pipocam em todo o mundo, aliás. Isso porque existe um horror não disfarçado àquele que lhe é diferente. É natural do ser humano.
Até aí, o Observatório não inventou a roda. Faz o que todo mundo faz. É classista.
Mas eu confesso que me incomodo até com o nome do veículo: "Observatório". Passa a impressão que a imprensa deve ser vigiada por um ente maior. Não sei, me soa meio como presunção. Não que a imprensa não deva ser vigiada, ela deve. Mas pelo "Observatório"?
Me lembro que quando surgiu a idéia de se criar o Conselho Nacional de Jornalismo - ou um nome que o valha -, as páginas do Observatório ficaram repletas de reclamantes, de que isso era ditadura. Que a imprensa é livre e pode se regular sozinha.
Nós sabemos o quanto ela é livre e pode se regular. Basta ler a Veja. Basta ler qualquer porcaria vendida nas bancas de jornais para vermos como nossa imprensa é séria, comprometida, "essencial" e que "não dá prá não ler".
Sei que possivelmente ninguém do Observatório vai ler estas linhas. Mas no caso de lerem, eu gostaria de sugerir que fizessem um mea culpa. Saiam do Higienópolis e comecem a ver o Brasil como ele realmente é. Comecem a ver o mundo isentos da lente da CNN ou Fox News. Estudem um pouco mais de sociologia e filosofia. Aliás, estudem um pouco mais, de qualquer coisa, já que as faculdades de jornalismo não ensinam a pensar já faz tempo.
Se quisermos um país de primeiro mundo vamos ter que construí-lo. Não adianta pensar que estamos na Champs Élysées fazendo compras o dia todo. Somos um país pobre e que precisa trabalhar duro. Não dá pra perder tempo olhando o mundo pelos olhos de jornalistas de uma classe média decadente, que pensam que são o que não são.
Minha opinião, naturalmente...
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Um comentário:
A imprensa caolha de nosso brasilzão não precisa declarar qual seu candidato ou seu partido político, visto que os meios de comunicação são adesistas do capitalismo sem fronteiras, o qual come criancinha e trabalhadores, verdadeiro canibal. Esse capitalismo não tem pátria, bandeira, brasão e hino, eles gostam é de dinheiro não importando qual o país que irá forrar seu estômago de avestruz de verdinhas. Essa é a imprensa que enaltece o capitalismo na sua conduta bandida e, faz criticas contundentes contra a classe trabalhadora.
Abraços, Marco Leite
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