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O tucano Álvaro Dias é um caso curioso de política que se faz com o fígado. Ouví-lo falar no dia de hoje na rádio BandNews em Curitiba foi um exercício de paciência.
Quando FHC deu uma entrevista à BBC inglesa, pegou pela frente um jornalista independente. Naquela situação, quando ele desandava a falar suas tonterías dizendo que era santo e Lula era o próprio capeta, não raramente o entrevistador lhe interrompia e falava "ok, mas não tinha corrupção no governo do senhor? O senhor também não foi tolerante com a corrupção?". O jornalista dava até detalhes aqueles cujos quais, a mídia brasileira jamais levantava. Tivemos que ouvir uma entrevista feita na Europa pra saber o que aconteceu no Brasil na época de "ouro" da privataria e da corrupção tucana.
Mas isso é coisa de jornalismo inglês. Aqui no Brasil e notadamente em Curitiba a imprensa não se presta a colocar contra a parede um modelo que por ela é apoioado. A imprensa da suporte à direita e aos políticos da direita. A imprensa exige e dá resguardo a quem vende o país, especialmente se esta venda foi lesiva ao povo, porque assim é sabido, que ela e seus comparsas e amigos ganham muito mais. O motivo é o óbvio. O dinheiro no Brasil é um só. Se ele está na mão de uns, não poderá estar na mão de outros. Um corpo não ocupa dois lugares ao mesmo tempo é a lógica inamovível da física.
Então Álvaro usou o microfone da rádio para ripar impiedosamente o governo Federal. Trabalho dele, ok. É pra isso que ele é eleito pelos que o apoiam, para ser oposição. Interessante era ouvir a entrevistadora não o enfrentando e fazendo com que ele tivesse que explicar a corrupção do governo que ele apoiou e a as CPIs que seu partido impedia, dando gordas somas de dinheiro aos parlamentares. Na pior das hipóteses, do mesmo jeito que é feito atualmente. Mas nossa mídia não quer informar, ela quer conduzir.
Em uma coisa porém, Álvaro foi coerente. Disse que seu partido no Paraná é uma desgraça, que suborna (não usou essas palavras) políticos para obter apoio. Deixou muito subentendido que Beto Richa é seu inimigo e que se ele puder, não o apóia. Daí abriu uma dissidência no pensamento midiático porque é sabido até pelas "pedras do centro cívico" (como fala a entrevistadora) que a mídia é tucana e falar mal do PSDB, mesmo por um tucano, não é uma boa idéia.
O resumo da ópera é que Álvaro, claro, apesar de dizer o contrário, foi parcial. Defende CPI nacional pra investigar a corrupção, mas nem a menciona quando o assunto é o desvio grosseiro de dinheiro público em Curitiba pelo seu próprio partido. Aqui,ele diz que o Ministério Público é suficiente pra investigar. No plano federal, o MP não serve pra nada porque ora bolas, nada como uma boa CPI pra fazer carnaval.
É que Álvaro tem uma certa fidelidade partidária. Ele não quer comprometer a tucanagem mesmo dizendo nas entrelinhas que o governo de Beto Richa e da Prefeitura de Curitiba (atrelada a Beto) são corruptos até os ossos.
Falta coerência ao querido Senador pelo Paraná, mesmo ele dizendo que é coerente. Em política, sabemos que falar não basta, tem que fazer. Seu partido e o modelo de governo que ele apóia venderam o Brasil de uma forma grosseira e irresponsável, mas Álvaro assume um quê de PSTU e vem na imprensa dizendo que é preciso "mudar tudo o que está aí". Diz que o país está na "m", mas "esquece" curiosamente como estava quando ele era governo. É uma "m" onde há pleno emprego e ocupa o posto de sétima economia mundial. Bem diferente dos 25% de desempregados nas regiões metropolitanas na época de seu governo, e de ser um país cujo Ministro das Relações Exteriores tinha que tirar o sapato para entrar nos EUA, tamanha a submissão daqueles mandatários.
Se embananou também quando falou sobre sua aposentadoria como ex-governador que Beto, seu inimigo, cancelou. Álvaro incrivelmente disse que devia continuar recebendo para "doar" o dinheiro. Como ele é bonzinho! Ora, Senador, a moralidade serve, como bem notamos, só para alguns, para outros, não, não é mesmo?
Patética a visão tucana do planeta num momento onde até mesmo os liberais do mundo estão revendo suas crenças. Álvaro é mesmo um dinossauro e está em extinção. Não pelo que ele prega e garganteia, que é a tal moralidade e decência, mas sim pelo fato de ter cada vez menos gente disposta a votar em políticos que enfiam o pé na jaca enquanto estão mamando nas tetas, mas ocupam as tribunas com revistas na mão para vociferar denúncias, muitas delas, jamais provadas, quando estão fora da mamata.
Corrupção é um câncer no Brasil mas nunca foi diferente. Cabe ao eleitor exigir que seus políticos tenham vergonha na cara, independente de qual partido esteja ocupando o poder. Álvaro, a maioria da mídia e boa parte dos polítcos insistem em dizer que não.
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