domingo, 19 de abril de 2009

O LIVRO DE CHÁVEZ A OBAMA

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O gesto de Chávez ao presentear Obama com o livro As Veias Abertas da América Latina* foi interessante e poucos na imprensa exploraram o real conteúdo do ato. Existem aí dois lados, o primeiro é claro, é uma provocação de Chávez. Afinal, o maior explorador de nosso continente é de longe, os EUA. Porém, Obama está longe de ser um imbecil como Bush e se ele já não leu o livro, acredito verdadeiramente que o lerá. 

Eduardo Galeano mostra muito bem como se deu o processo depredatório de nossa região em nome das necessidades norte-americanas e européias.

O outro lado é que o livro se transformou instantâneamente em um best-seller. Passou da posição 60.280 na lista de vendidos da Amazon.com, para o número 11. Não é pouca coisa (aqui). 

Se no mínimo sessenta mil americanos lessem seu conteúdo, poderíamos estar começando um novo tempo de relações entre o pensamento alienado do americano do norte e um sul que já desponta como imperioso para a manutenção da economia mundial. Afinal, os EUA já se deram conta da dura realidade. Eles não mandam mais no mundo como gostariam.

Creiam que não foi fácil para um presidente estadunidense ter que chegar à uma cúpula (a do G20) e dizer que está lá pra aprender. 

Fantástica é a declaração do porta-voz da Casa Branca, ao ser perguntado pelo repórter se ele leria o livro. "Eu acho que é em espanhol, e eu teria dificuldades". Na cabecinha insossa de Robert Gibbs, provavelmente só os títulos americanos são traduzidos para outras línguas.

Na outra ponta, o Conselheiro da Casa Branca, Jeffrey Davidow já se apressou em dizer que um aperto de mãos não significa uma melhora nas relações (veja, na CNN).

Diz a lenda que Davidow, quando era observador político dos Estados Unidos, no Chile em 1973, ajudou a encobrir as atrocidades da ditadura pró-américa de Augusto Pinhochet. Também trabalhou ao lado do governo pró-americano do México enquanto lá esteve lotado.

São todas boas companhias para Obama. Seus conselheiros são um primor, a começar por Hillary Clinton. Se ele colocar esse livro em sua cabeceira para uma breve lidinha à noite, não faltarão mãos para jogá-lo fora. 


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