O RÁBULA DA VEJA

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Em minha ingenuidade infantil, imaginava que jornalista era uma pessoa que sabia de tudo um pouco. Afinal, como justificar que aquele cara  viesse na televisão ou no jornal falar de tantas coisas?

O tempo foi passando e eu cresci. Muitas tristezas pelo caminho e uma das maiores dela foi descobrir que jornalista era uma pessoa que sabia muito pouco sobre quase tudo. Mas mesmo assim, ousava ir na televisão ou no jornal, falar de tudo o que lhe mandassem.

E a última parte do raciocínio foi a que pegou mais. "Falar tudo o que lhe MANDASSEM".

Porque na convivência jornalística, ví centenas de pessoas detentoras do tal diplominha, dando a cara pra bater porque os patrões mandavam. E como era de praxe, boa parte ia para o sacrifício (ou de entrevistar um político articulado ou fazer matérias sobre assuntos complexos) sem estudar suficientemente o caso concreto.

Em outras palavras. Apanhavam feio e pior do que isso. Davam a informação errada para a audiência.

Vale ressaltar que uns não estudavam a fundo porque não daria tempo. Outros, porque achavam que já era o bastante ter frequentado a faculdade de Jornalismo. Isso já os tornava melhores e mais inteligentes que a plebe.

Hoje em dia, não há outra forma de descrever o jornalismo reinante no Brasil, que não seja dizendo que é vira-latas. Aliás, essa comparação com o cachorro de rua é humilhante. O vira-latas revira o lixo e se esbalda na carniça porque tem fome.  Não creio que seja o caso dos colegas do jornalismo.

Pelo menos, não acho que seja o caso da maioria. 

O Reizinho Azevedo é um tipo curioso. Une esplendorosamente os instintos de um vira-latas faminto com a falta de escrúpulos de um jagunço que é pago para meter a peixeira no desafeto do patrão. Reizinho como se pode notar, fala de tudo, e óbvio, sabe de tudo. Deve ser o homem mais bem informado e sapiente da face desse moribundo planeta.

Em seu editorial publicado na galeria pluvial urbana chamada Veja, ele se mete a criticar uma decisão judicial. Entre tudo o que está escrito (acusações de que o juiz vende sentenças, etc), aflora seu profundo desconhecimento do Direito. Se não o desconhecimento (já que Reizinho sabe tudo), ao menos, a má-fé.

Ele diz que o Judiciário não deveria proibir uma revista de publicar dados que correm sob segredo de Justiça.

Reizinho não entra no mérito de como essa publicação obteve os dados. E ele acha (pelo menos leva a crer que ache) que o argumento do "segredo de justiça" é só uma lorota para o juiz não fazer o que ele quer que faça.*

Mas não é só isso. Pra colocoar a cereja sobre o bolo fecal de sua lavra, Reizinho ainda pergunta o que Lula acha disso. Reizinho também pensa que Lula é culpado por todas as decisões judiciais que mandam a imprensa parar de mentir.

Ora bolas, que petulância do Judiciário! Sabemos que a liberdade de expressão só vale para o Estadinho e para a Veja. Só eles podem falar o que querem de quem bem entendem.

Ademais, como até o mundo mineral sabe, Lula é culpado de tudo no país. 

Reizinho, o rábula da Veja, faltou na faculdade de Direito que pelo jeito não cursou (e se não cursou, deveria) na aula que mostrava que uma República é composta de instituições independentes e harmônicas.

Mas tolice a minha achar que os integrantes da Gestapo saibam o que é independência e harmonia.


* Apenas asseverando. Este blog não está discutindo se a decisão do Juiz em proibir a veiculação dos dados é certa ou errada. Não conheço o processo. Está discutindo a falta de decência por parte de certos sabichões.

Clique aqui para rever as capas de Veja.

Clique aqui para ver o escorregão de Mitre e Casoy.

Clique aqui para ver Lula falando o óbvio. Que a imprensa tem partido.

Clique aqui para ver programetes que a tucanolândia tem soltado, por aí.

Clique aqui para assistir ao vídeo onde Dilma esculacha a Folha de S. Paulo.

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