sábado, 17 de outubro de 2009

BOLSA FAMÍLIA E A ESMOLA

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 Eu sempre falei e sempre falo pra aqueles que não conseguem fazer o cálculo básico de que 1+1=2, que, não importa se o bolsa-família é esmola. Se é assistencialismo. Ele em primeiro lugar, dá de comer a quem tem fome e em segundo lugar, movimenta o PIB para cima. Com isso, ganhamos todos. Os pobres, os ricos, os pretos e os brancos. Ganham inclusive os Kamels que acham que a única função do pobre é morrer de fome e servir de bibelô para Ana Maria Braga colocar em seu programa matinal, com os dizeres "olha que bonitinho o coitadinho. Trabalha como um cavalo para ter um prato de comida. Não é lindo?"

Mas é  claro que eu falando, isso pouco ajuda.

Neste texto que segue (veja), o jornalista Zé Paulo Kupfer, ex-companheiro de João Dória Jr. e Rosana Hermann  (clique para saber quem é esta formosura de intelecto), esses últimos, os crème de la crème do neonazismo brasileiro; explica os motivos pelos quais minha afirmação está certa. Seja você capistalista ou comunista, distribuir dinheiro é a melhor prática que pode haver. Obrigatoriamente o bolo é dividido enquanto cresce, e não é preciso esperar a eternidade para que o faminto possa ter um prato de comida em sua mesa.

Leia o texto. Os grifos são meus:

"O jornalista Fernando Dantas publicou no Estado de S. Paulo desta sexta-feira uma reportagem com os resultados de um estudo recente sobre os impactos do programa Bolsa Família na economia. A conclusão do trabalho é que, o acréscimo no valor dos benefícios pagos, entre 2005 e 2006, de RS 1,8 bilhão, resultou num crescimento adicional do PIB, no período, de R$ 43,1 bilhões. Resultou também em receitas tributárias adicionais de R$ 12,6 bilhões. “O ganho tributário”, escreveu Dantas, “é 70% maior do que o total de benefícios pagos pelo Bolsa Família em 2006, que foi de R$ 7,5 bilhões.

Esses cálculos foram feitos pelo economista Naercio Aquino Menezes Filho, coordenador do Centro de Políticas Públicas, do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), o antigo Ibmec-São Paulo, que também é professor na Faculdade de Economia da USP, e  por seu aluno na graduação do Insper, Paulo Henrique Landim Júnior. É de se notar que o Insper e Naercio filiam-se a correntes do pensamento econômico situadas a anos-luz de distância das teorias heterodoxas ou mais à esquerda e não têm nada de lulistas.

Não é novidade que programas bem focados de transferência de renda, como é o caso do Bolsa Família, produzem relevantes efeitos multiplicadores no conjunto da economia. Isso só não é verdade para os que não conseguem levantar o véu ideológico que tolda a visão sobre os programas de inclusão social, para os que resistem a repartir melhor a renda produzida ou para os cegos pelas paixões partidárias. Faltava, porém, uma medição quantitativa da dimensão do impacto econômico específico do programa Bolsa Família. 


(...)Fica assim provado, com números, que o “assistencialismo” do Bolsa Família move profundamente a economia. Com a vantagem de que, como indicaram os cálculos de Menezes e Landim, o setor mais positivamente impactado é o da indústria – aquele em que os empregos são de mais qualidade. Enquanto no PIB agrícola cada 10% a mais nos repasses do Bolsa Família não apresenta impactos significativos, o efeito nos serviços é de 0,19% no PIB setorial. No PIB industrial, onde o impacto é maior, efeito multiplicador de cada 10% adicionais nos repasses do programa atinge expressivos 0,81%.

Uma tentativa leviana, mais ou menos recente, de confundir o Bolsa Família com programas de distribuição de cestas básicas, a partir de uma declaração crítica de um Lula ainda na Oposição, em relação à distribuição pontual de comida, tem sido largamente disseminada pela internet, via YouTube. Intelectuais de viés conservador utilizam o vídeo como gancho para sustentar suas retorcidas teorias anti-inclusão social e de preservação da renda em mãos de poucos. Com os dados agora disponíveis, o falatório reacionário fica apenas lamentavelmente ridículo."


Trocando em miúdos para quem ainda não entendeu. Um real a mais na mão do pobre é um sabonete a mais sendo produzido na indústria. Quanto mais sabonetes, pacotes de arroz, de feijão, etc foram produzidos e beneficiados, maior a riqueza do país. Foi assim que os EUA saíram da crise de 29 e a Europa enfrentou o pós-guerra e se tornaram ricos.

Então, das duas uma. Ou quem não entendeu é muito ruim de matemática e precisa urgentemente voltar para o ensino fundamental em uma classe para alunos especiais, ou simplesmente, não acha certo que o pobre tenha o direito a uma vida digna e considere que o bom mesmo é ele continuar sendo capacho da elite e da classe-média brasileira. Afinal, quem vai cortar a grama ou lavar a louça da madame?

Clique aqui para ler uma palavrinha sobre o bolsa família da Alemanha.

Clique aqui para ver porque tem gente interessada em que sejamos terceiro mundo para sempre.
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2 comentários:

Anônimo disse...

Eu tenho uma crítca séria ao Bolsa Família : o valor é irrisório , deveria ser pelo menos tres vezes maior !!!
Tercio Rangel

Anônimo disse...

Graças aos seus artigos sobre o bolsa família, fui visitar o portal http://www.mds.gov.br/bolsafamilia/
e me desasnei um pouco. Realmente, é preciso má fé pra chamar esse programa de esmola.