quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

OS GARÍS DO HAITI

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O que aconteceu no Haiti é horrível. Deve nos fazer pensar em muitas cosias. Mas não nos fará, pelo menos, não para a maioria dos seres comuns.

Esta manchete do UOL é característica. Vemos outras como ela a cada vez que existe uma tragédia humana. Os EUA sempre se comprometem a mandar ajuda, o FMI faz o perdão da dívida, o Papa reza uma missa e pede paz ao mundo.

Em breve veremos jogos da seleção brasileira com não sei quem pra arrecadar fundos pros desabrigados, a NBA fará apresentações na Europa a peso de euro, e por aí vai.

Na prática o que acontecerá? Metade do dinheiro se perde no caminho. Dessa metade, boa parte por causa da burocracia humana e a outra por causa da corrupção humana (não se engane, o Brasil não é o único país com gente corrupta no mundo).

Da parcelinha mirrada que chegará ao Haiti, um pedaço vai para as gangues que tomaram conta do país faz tempo. Que traficam drogas e armas sob os olhos e os auspícios do governo. Do governo haitiano e do estadunidense, que é o que mais se beneficia das ilegalidades daquele país. Muita gente graúda com pés e mãos no congresso americano estava bem contente com o nível de miserabilidade do Haiti. É lá que eles vão fazer suas transações milionárias de dinheiro de drogas e armas.

Muita gente no próprio Haiti estava super feliz com o tamanho da miséria e da escuridão a que estão submetidos seus cidadãos. Tal qual no Brasil. Sempre tem alguém ganhando com a fome do outro. Sempre tem alguém fazendo questão de que o pobre seja sempre pobre pra lhe ser servil eternamente. Sempre tem um político que faz um poço artesiano em sua propriedade, com dinheiro público, e vende a água para os sedentos da região. E são eleitos e reeleitos porque nem todo mundo se deu conta do que significa cabresto eleitoral.

No Haiti é um pouco diferente. As eleições em sí, servem pra muito pouco. O Haiti é uma extensão da África. Do Congo, da Tanzânia, do Zaire. Países com imensos recursos naturais, explorados sem dó ou piedade pela comunidade rica internacional, extraindo seus diamantes e outros bens, condenando a população ao calabouço e se fartando nos fabulosos restaurantes e meretrícios da Europa.

Mas nada disso ocorre sem a devida concordância do poder local. Ou mesmo de uma parcela da população. A África, com todas as suas mazelas, vendeu ela mesma os escravos séculos atrás. Eram negros vendendo negros para que brancos os explorassem.  O Brasil foi servil para a comunidade rica internacional porque seus próprios políticos e comandantes locais permitiram. Brasileiro vendendo brasileiro para que estrangeiros se refestelassem. A América Latina toda fez o mesmo.

A vassalagem, a canalha, não tem fronteiras, não tem raça, não tem ideologia.  A canalha sequer é humana.

Ou talvez seja. E justamente aí esteja o problema. Os humanos talvez não sejam tão interessantes assim enquanto criaturas.

O Haiti sairá das manchetes em 5 dias. Em menos de 10, ninguém mais se lembrará do que aconteceu. Se Obama enviar tropas, vão acabar fazendo o que não deveriam por lá, como fizeram no Iraque e Afeganistão. Se não mandar, as gangues continuarão agindo impunemente porque a própria missão da ONU, da qual o Brasil é parte importante, é insuficiente.

A miséria humana não tem mesmo, limites.

E da miséria nascerão diversos contratos para reconstruir o Haiti. assim como sairam diversos para "reconstruir" o Iraque. O jogo de interesses já começou. Vê? É pra tudo isso que vai o dinheiro que deveria ajudar os pobres coitados. Ajudará mesmo, muito poucos. E nem todos haitianos.




Clique aqui para ver o motivo da revolta da população no Haiti.
Clique aqui para ver que uma publicação brasileira que nos ver sempre como haitianos.
Clique aqui para rever o que Casoy fez. A que a grande parte dos haitianos ganha menos que um gari.
Clique aqui para ler sobre o discurso de posse de Obama, e o motivo de que nada mudará pra ninguém.
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