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Com todo o respeito que tenho pela cultura anglo-saxã (pois se enganam os que acham que ela não tem nada de bom pra nos oferecer), o que é esse trololó de halloween?
Esta charge publicada no Vermelho, mostrando o Sací comendo a abóbora é emblemática. Tirando uma classe-média tola do Higienópolis (o de São Paulo e os "higienópolis" espalhados pelo país), quem é que sabe alguma coisa dessa festa "pagã"?
Ela não serve aos nossos propósitos, não tem nada a ver com nossa cultura e é um subproduto mal enviesado do comércio mundial, onde se tenta empurrar goela abaixo do cidadão comum, o que quer que seja. E nesse caso, já conta com meio caminho andado já que os filmes americanos lhe emprestam o ar "chique" da coisa.
Outro dia, no barbeiro um senhor que aguardava me perguntou "é hoje que é ralouín?"
"O senhor me desculpe, mas eu não faço a menor idéia. Até onde sei, isso nem existe por aqui. O máximo que eu engulo é uma festinha à fantasia, que no final das contas é divertido. Mas colocar as crianças por aí dizendo "doces ou travessuras" na porta dos vizinhos é demais pra mim."
Além do mais, onde essas crianças iriam agir? Nos vizinhos do condomínio? Iriam pegar o elevador e atasanar todo mundo no prédio? Então haveria um intercâmbio de crianças transitando pelas escadas, ou será que elas se reuniriam no salão de festas para se servirem dos doces colocados sobre a bancada?
A vida real é chata demais pra fazer essas coisas. Nós, o povo, não moramos em imensas residencias suburbanas como aquelas que vemos em filmes de Hollywood. Daí fica tudo meio sem graça.
No Higienópolis e no Alphaville, claro, seria diferente. Longe da vidinha ordinária do cidadão comum, decerto as crianças poderiam colocar suas roupinhas de monstro e, sob o olhar atento das câmeras de segurança, bater na entrada do vizinho pra fazer o teatrinho ensaiado dos parlantes do inglês.
Eu, do meu lado, estou torcendo que os jornais e as colunas sociais parem de dar destaque a essa bobeira. Não tem nada menos produtivo do que isso. Nada mais vassalo que comemorar uma festa que não é nossa.
Se bem que esse povinho é capaz de comemorar o 4 de julho ao invés do 7 de setembro. E fazer isso sem nenhum constrangimento.
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