segunda-feira, 4 de outubro de 2010

MARINA TRANSGÊNICA

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Algumas coisas se filtram do resultado das eleições presidenciais. O único a perder foi a maioria do povo brasileiro.

Serra continuou no mesmíssimo lugar de onde não saiu desde 2002. Teve seus pouco mais de 30% de votos, que é a massa liberal da nação. O PT teve seus trinta e tantos porcento que é a histórica massa de esquerda.  O restante trinta e poucos porcento dança de acordo com a música. que lhe parece mais agradável no momento.

Dessa parcela mutante, uma coisa merece ser observada. Os vinte e poucos porcento de Marina que levaram Serra ao segundo turno, foram fruto de alienação intelectual e política dos eleitores.

Não há que se falar em contrário. Não foram poucas as vezes em que ouvi "eu não gosto da Dilma". Ao que eu perguntava, "por quê, ela te fez alguma coisa?". Não fez, claro. Não gostam de Dilma porque não gostavam de Lula antigamente. É o ódio não analítico, burro. Só mudou de endereço.

Mas também sabem que seria estupidez votar em Serra. Sabem porque muitos já eram adultos no tempo em que FHC comandava o Brasil e sentiram na pele o estrago que o tão sapiente sociólogo fez a todos nós (a nós, deixe-se claro. Ele não fez mal aos amigos). Votar em Serra seia trazer tudo aquilo de volta.

Sendo assim, esse eleitor "intelectualizado", chique, discursa longamente sobre os motivos pelos quais votará em Marina. Esse cidadão vai aos restaurantes medianos e gasta seus cobres em um vinho que ele realmente não conhece, mas reputa como bom em razão de seu preço moderado (ele não poderia pagar um realmente caro, e se pudesse, seria um daqueles que orgulhosamente já teria declarado seu voto em Serra e na direita). Esse eleitor "privilegiado" foi sumariamente enganado primeiro por Serra, depois pela imprensa e por último, pela própria Marina.

Marina tinha o direito de disputar a Presidência. Não há o que dizer a respeito. Serra sabia desde o início que teria que inflá-la, como inflaram Heloisa Helena em 2006 para levar a disputa pro segundo tempo. Serra em seu íntimo, sempre soube do seu teto de votos. Seria preciso algo artificial. E a imprensa, aliada tucana de todas as horas, de propósito fazia que não via as irregularidades da campanha da "verde" e a tratava como uma alternativa a "tudo o que está aí". E olha que o Plínio avisou.

Mas os bastidores da campanha verde são bem mais sórdidos do que o eleitor comum pode supor. E nem vamos entrar no mérito de quem pagava suas zilionárias despesas, nem de quem era o avião de 50 milhões de verdinhas que ela usou pra cima e para baixo. Vamos apenas conjecturar sobre de onde vinham seus apoios políticos. Quem estava com Marina? Jesus Cristo e um monte de abnegados franciscanos que apenas se interessam em salvar o planeta ou pessoas similares àquelas que compreendem a base de apoio do PT e do PSDB?

Os incautos eleitores de Marina tinham noção de que iriam levar Serra e somente Serra para o segundo turno? E para quê, para ter agora que declarar seu voto nulo ou em Dilma?

Sim, muitos eleitores sabiam disso. Mesmo assim, insistiram. Insistiram para ter que ler nos jornais hoje e durante toda a semana que Serra vai comprar o apoio do partido de Marina.  O mesmo PV que na verdade desde sempre aluga seu apoio a legendas de direita endinheiradas. Basta ver como sempre votou a bancada "verde" no Congresso e nas Assembléias Estaduais. De esquerda, os verdes não têm nem a raiz.

O PV é um partido de aluguel. Marina sabia disso quando saiu do PT e foi pra lá. Se ela tivesse fundado uma nova legenda como fez HH criando o PSOL, seria até mais aceitável. Mas Marina não tinha cacife político pra isso e além do mais, a lei de fidelidade partidária já estava valendo. Em outras palavras, não encontraria ninguém disposto a largar o mandato ou ter que sair da disputa de ontem, simplesmente para criar uma agremiação de "notáveis". Marina por algum motivo do além, caiu e se embriagou no canto da sereia. Coisa que qualquer analista sério já tinha detectado lá atrás. Mas ela prosseguiu captando votos que iriam beneficiar a mesma direita que ela tanto condena.

Será que condena apenas da boca pra fora? O tempo dirá.

E se em política "tudo é a mesma coisa", porque então sair atirando? Ora, se Marina sabia que iria para um pequeno covil de lobos, que além de tudo, era inexpressivo, porque não foi mais para a esquerda? Porque não ficou no PT e tentou se firmar mais ainda na legenda ganhando apoios internos?

Porque no mínimo, Marina é hipócrita. Igual foi hipócrita boa parte de seus eleitores. Agora, o que encontramos? Novamente uma disputa onde a direita suja usará fartamente seu arsenal de falsidades para tentar desqualificar o trabalho do Governo. Capas da Veja falando de uma corrupção, senão inverídica, pelo menos idêntica à da tucanolândia, e editoriais proferidos por jornalistas enojados e subservientes. Corremos o risco concreto de ter que regredir a economia em 10 anos se por ventura Serra ganhar as eleições. 

Marina sabia disso, mas não deu bola. Seu eleitor foi vítima ele sim, de um estelionato eleitoral. Votou naquilo que não existia. Se votasse em Dilma ou mesmo em Serra, saberia o produto que estava exposto na prateleira. Votando em Marina, achou que levava alguém sério mas em verdade, estava comprando somente mais um produto trangênico em embalagem bonita.

Exatamente o contrário que a ex-seringueira dizia ser.

Como já dito em algum lugar na blogsfera, foi a segunda morte de Chico Mendes.

Clique aqui para ver Dilma esculachando a Folha.
Clique aqui para ver que como FHC, Serra também foi professor de Deus.
Clique aqui para ver que FHC surrupiou obra de um colega e disse que era dele.
Clique aqui para ver que Serra inaugurou até maquete!
Clique aqui para relembrar do filho de FHC que a Globo escondeu.
Clique aqui para relembrar que FHC disse que Serra era o pai das privatizações.
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4 comentários:

Anônimo disse...

Apesar de ser eleitor do Serra, te dou os parabéns pelo seu comentário e por sua visão a respeito da Marina.

Anna K. disse...

Acompanho seu blog e admiro muito cada uma das análises. Sou Dilma, mas também sou o retrato dessa classe média que compra o vinho que desconhece e que foi enganada pelo Serra e pela Imprensa.
Penso que o que me diferencia é não temer a onda humana que o Lula está empurrando para a minha praia. A velha classe média quer se diferenciar dos novos vizinhos e, ao mesmo tempo, sabe que serão "engolidos" pela força da onda. Então, vivem entre a negação do Serra do velho Brasil e o desejo de atenuar a força deste novo país. A Marina foi uma resposta para esse paradoxo. E a velha classe média, que padece para poder tomar seu vinhozinho meio azedo, depende desse diferencial para afirmar seu vazio, o fato de não ser nada, nem senhor e nem povão. Então, como disse a Dilma, o amor precisará vencer o medo daqueles que temem a inclusão de mais brasileiros na escadaria da ascensão social.
Forte abraço. E, sem temor, com Dilma até a Vitória!

Carla disse...

Muito bom, elucidador para quem ainda não tinha aberto os olhos!

(Tu podes, por favor, inserir aqueles links de compartilhamento no final das tuas postagens?
Facilita bastante na hora de espalhar teu conteúdo, que considero relevante de excelente qualidade ;)

Um grande abraço!

Anônimo disse...

Votei em Marina porque odeio pesquisas! Aliena o povo! E eu voto em quem eu acredito! Nao preciso de pesquisas pra orientar o meu voto. E tem mais..Ué..vcs nao diziam que iriam lavar a egua no primeiro turno? Desprezaram os eleitores de Marina..agora guenta! O Ze pedagio vem ae! Pra mim tanto faz quem vai ganhar agora. A terrorista ou o Ze pedagio!