terça-feira, 16 de dezembro de 2008

A TV CULTURA E A SUÁSTICA

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Essas palavras a seguir não são do ombudsman da TV Cultura, o jornalista Ernesto Rodrigues (são de um telespectador), mas ele disse textualmente que elas sintetizam não somente sua intenção, mas seu dever na qualidade do cargo que ocupa. Vejamos:

“Estou escrevendo porque me senti obrigado a "reforçar" um movimento de contra-patrulha. Meio estranho, sei, este termo, mas a idéia é simples: algumas pessoas têm usado este tipo de contato direto (uma espécie de democracia participativa) para defender causas, para patrulhar idéias, para pautar os meios de comunicação e, tenho certeza, não é diferente com a Cultura. O universo abrangido pela Cultura é de milhões de pessoas, mas poucas são as que, como eu agora, se manifestam sobre o conteúdo exibido. Isso permite que poucas pessoas, mal intencionadas e com bastante tempo livre se transvistam de "massa", se organizem e aparentem falar por toda a sociedade. Isso é abominável e peço (encarecidamente!) que não permita que a Cultura seja pautada por guerrinhas ideológicas, nem causas, nem nada parecido. A Cultura é um dos maiores patrimônios de São Paulo (e também do Brasil). Eu, paulista que sou, tenho imenso orgulho pela Cultura e pela excelência e "produtividade" de sua programação. A Cultura melhora a vida das pessoas e espero que continue assim, sem se deixar encabrestar por "politicamente corretos", "tiranias das maiorias", ou "minorias barulhentas". Que a Cultura seja sempre respeitosa, plural e eficiente. Obrigado”

Bem, eu quero crer que nem todos os paulistas sejam alienados como estes dois senhores. Nem que tenham esse gosto indisfarçado pela ausência de democracia.

Ele não quer que a Cultura seja pautada por ideologia nem causas.

Eu achava que um dos deveres de uma TV pública era ser a voz do povo. Era fazer valer para toda a coletividade, e não somente para o grupo de apadrinhados do governador, o significado da democracia, onde todos têm o direito de se manifestar. Ele não quer se deixar encabrestar pelas tiranias das maiorias. Talvez isso lhe remete à ditadura do proletariado, esse termo mitificado de Karl Marx que povoa e aterroriza os pensamentos da elite paulistana. Tirania da maioria não significa voz da maioria? Voz da maioria não significa democracia?

E as minorias barulhentas? Elas também são um problema? Ora, o que querem estes senhores, que ninguém se manifeste, absolutamente? A maioria não pode se movimentar porque é tirana. A minoria porque é estridente.

Alguém que não seja do grupelho ensandecido pode dizer alguma coisa na televisão comandada por José Serra?

Eu sim, acho que isso é perigoso. Perigoso é você ter na mídia gente que prefere não ser atazanada pela opinião daqueles de cujos bolsos, sai inclusive, parte do dinheiro que ajuda a manutenção do canal de televisão. Ou alguém imagina que ela sobreviva sem verbas de anunciantes governamentais? Ou alguém imagina que ALGUMA televisão se mantenha sem elas?

Penso mesmo é que temos que tomar cuidado. A tentação do príncipe é manter à força a subserviência do súdito. Quando isso acontece, como acontecido tem na "grande" imprensa brasileira, podemos esperar o pior.

Não se iluda achando que a democracia e a liberdade são bens inexpropriáveis. Não pense você que ela não acaba nunca.

Basta aparecer alguém com a coragem e o pouco zelo pelo cheiro do povo, que logo estaremos vendo o sol nascer quadrado como fizemos por 21 anos.

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