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Alguns anos atrás no Fórum Social Mundial (talvez na última edição no Brasil, mas não estou certo), Lula foi vaiado. A esquerda radical impulsionada por acéfalos do PSOL e do PSTU gritava contra o Presidente do Brasil, chamando-o de tudo, inclusive de vendido ao capital internacional.
A verdade é que esses gritões queriam apenas aparecer, e levavam com eles uma pequena multidão de descerebrados. Afinal, sabemos todos que sempre tem alguém disposto a seguir a manada, e não precisa necessariamente saber a razão. Basta seguir, pensam eles.
Os movimentos "fora Collor" e "fora Sarney" dão boas mostras disso. Uma parcela do povão vai impulsionada pela mídia e pelos interesses dela. Se Collor e Sarney mereciam ser destituídos (e isso eu nem questiono), certamente não era pelos motivos apresentados pela imprensa. Afinal, a intenção era tirar o ocupante do cargo pra colocar outro que melhor lhe sirva aos interesses.
De toda forma, não é o caso de Lula. Mas a esquerda xiita serviu como uma luva para os interesses da direita. o PSOL se transformou no porta-voz do PFL, votando com ele em muita matéria importante para o povo brasileiro. Só pra ver o circo pegar fogo.
E isso tinha a ver com os interesses de popularidade de pessoas como Heloisa Helena e o deputado Babá. E outros saídos do PT.
O PSOL é hoje uma versão piorada do que o PT foi no seu início. A diferença é que não havia governo de esquerda no poder. O PT lutava contra a ditadura e o final dos anos 70 era substancialmente diferente de nossa época. Hoje os valores são outros, as necessidades são outras. Se tiver sorte, o PSOL evoluirá (pois com certeza tem quadros competentes pra isso), expurgando de seus intestinos aquelas figurinhas carimbadas que só querem fazer fusquinha e se projetar. Dane-se o povo brasileiro.
Disse tudo isso pra contar que depois de levar uma vaia, Lula foi sucedido por Chávez no palanque. E Chávez foi largamente aplaudido e ovacionado. O que os radicais queriam com aquilo? Dizer que Chávez estava certo na política de confrontamento que vinha adotando, e que Lula era um pamonha.
Porém, para a surpresa de todos, Chávez lhes deu um cala-boca geral. E eu ouvi muito bem o discurso do venezuelano. Ele começou mais ou menos assim: "vou falar uma coisa que muitos de vocês não vão gostar, mas (...) Lula, eu te amo". E continuou defenestrando os agitadores. "Vocês precisam entender que o Brasil não é a Venezuela. Não é um país de 20 milhões de pessoas. Os interesses aqui são muito maiores e muito mais difíceis de serem enfrentados".
De modo geral, Chávez, sem os freios na língua como lhe é peculiar, detonou a rapaziada alienada pseudo-marxista. São pseudos porque a maioria (e eu conheço muitos deles) jamais teve nas mãos um livro ou algum escrito de Karl Marx ou Engels. Conhecem de terem ouvido falar e dos resumos impressos em papel jornal para serem distribuídos antes dos comícios em praça pública. Têm tanta noção de macroeconomia quanto uma criança de 4 anos.
Chávez disse que Lula estava certo porque sabia jogar o xadrez da política. Os xiitas não gostaram. Mas engoliram em seco e ficaram quietos afinal, era o seu "ídolo" quem estava falando.
O tempo passou e ficou comprovado que tanto Chávez quanto Lula estavam certos. Lula porque fez a coisa da maneira correta, sem precisar dar porrada em ninguém, seguindo os ensinamentos do jurista romano Cícero*. E Chávez porque sabia que Lula estava com a razão.
A Venezuela é uma coisa, e o Brasil é outra coisa. Cada um, dentro de sua realidade, faz o combate que mais vier a ser adequado.
O mundo continuou girando e no dia de hoje, o PSOL praticamente sumiu do mapa. Resolveu maneirar nas críticas (normalmente infundadas) e apoiar o Governo em algumas matérias. Afinal, estava pegando mal votar junto com o PFL (que insiste em se chamar Democratas) contra o povo do Brasil. Era uma estratégia burra e que por ser burra, não conseguiu adeptos na massa populacional que os seguia. O povo via que por mais que as coisas não fossem na velocidade que queriam, tudo estava caminhando.
E Chávez voltou a pedir votos para Lula, desta vez na figura de Dilma Roussef. A direita, através do seu braço armado (a imprensa) vai gritar, dizer que há ingerência, pedir CPI. A esquerda talvez note que, se o seu o seu ídolo mór está novamente dizendo pra segurarem a onda, é porque existe a grande possibilidade de ele saber o que está falando.
* O jurista romano Cícero dizia que não se deve governar somente para os ricos ou somente para os pobres. Se o fizer, sempre haverá confusão já que as classes vão querer defender seus interesses. por se sentirem desprestigiadas. Especialmente os ricos, que detém mais poder e conseguem sabotar o que bem entenderem.
Clique aqui para ler sobre a neo-marxista Heloisa Helena.
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